sexta-feira, 12 de novembro de 2010

UBATUBA 1960....."LIRA PADRE ANCHIETA" - 50 ANOS DE MÚSICA NA PRAÇA...


EIS O CORETO DAPRAÇA DA MATRIZ, ONDE A  " LIRA PADRE ANCHIETA" SE APRESENTA HÁ 50 ANOS...

50 anos de música na praça

A Lira Padre Anchieta  completou 50 anos na quinta-feira, dia 11. Foi  neste dia, no ano de 1960, que um pessoal  reuniu-se para criar a primeira diretoria da Lira Padre Anchieta transformando em realidade o sonho do oficial de justiça João Clemente Barbosa e do maestro Herculano de Barros Pinto. Barbosa ouvia as audições solitárias de Herculano e seu trombone e os dois mineiros projetaram uma banda musical para alegrar e movimentar a pacata cidade. 




Contando com apoio do prefeito Wilson Abirached e seu vice, Altivo Simonetti, a banda adquiriu os instrumentos graças a arrecadação de campanha coordenada pelo empresário Lycurgo Barbosa Querido e iniciou os ensaios, primeiro na casa do maestro Herculano e mais tarde no Club Beira Mar, então conhecido como Risca Faca, um salão localizado na entrada do Grupo Escolar Dr. Esteves da Silva. No início eram poucos integrantes para o ensaio,três a quatro pessoas,  até que se completou o mínimo necessário para a execução dos dobrados. Foi bastante valiosa nesse período a colaboração do músico Manoel da Cruz Barbosa, o Zé Barbeiro.
Vinte e dois músicos trajando terno branco e sapatos pretos sob a regência do maestro Herculano despertaram Ubatuba com  os acorde de seus alegres dobrados naquela manhã de 11 de novembro de 1960 e, após discursos e saudações , em um palanque montado na Praça Nóbrega, receberam as bênçãos do pároco local, Frei Vitório Valentini que nominou  a banda Lira Padre Anchieta. A grande festa foi encerrada com queima de fogos e a população dançou e comemorou a conquista da sua banda musical.
Formou-se então, naquele mesmo ano , uma diretoria para coordenar a nova corporação que era assim constituída: Presidente: João Clemente Barbosa; Vice-presidente: José Moreno; 1º secretário: Benedito dos Santos; 2º Secretário: João Coutinho; 1º tesoureiro: Renê Vigneron (Quinito); 2º tesoureiro: Silvino Teixeira Leite; Maestro: Herculano Barros Pinto e Patrono: Licurgo Barbosa Querido.
O maestro Herculano permaneceu à frente da banda até 1967 e  substituído por João Batista de Moura e Alexandre Marques do Valle sendo que, a partir de 1970, a diretoria foi dissolvida e  a corporação  assumida pela  Prefeitura Municipal.  A partir dessa  fase,deram continuidade na direção da Lira, Antonio Maximiniano, Lourival Pereira de Albuquerque e Pedro Alves de Souza, o maestro  Pedrinho.
Desde os tempos da “ furiosa” muita coisa mudou. A banda ficou com ares  de sinfônica com direito a especialização de seus músicos na Universidade Livre de Música de São Paulo e no Conservatório de Tatuí, cidades que , juntamente com Campos de Jordão, contaram com a Lira em seus festivais.

 Pedrinho e seu trompete
“É um registro da nossa história de vida compartilhada durante 40 anos”, diz Wanda Belo Barbosa de Sousa, professora e esposa de  Pedro Alves de Sousa, o maestro Pedrinho, ao relembrar a trajetória musical do profissional  que durante décadas comandou  a nossa lira junto com seu inseparável trompete . Sua  performance permitia formar  músicos também  em Caraguatatuba e criar grupos como “Pedrinho e seu ritmo” ou “ Peter’s  Boys” , presenças obrigatórias nas noitadas dançantes. O traço mais forte, entretanto, era a sua disponibilidade para as pessoas que pediam apoio, não se omitia e isto lhe rende até hoje a imagem de um bom homem que deixou saudades. O coreto da Praça da Matriz e a escola no Horto Florestal receberam seu nome como patrono.
O presidente da Associação Lira Padre Anchieta, Julio Cesar da Rocha, natural de Lagoinha e que integra a corporação com sua tuba, diz que o grande salto de qualidade do pessoal veio com as aulas no Centro de Estudos Musicais Tom Jobim, do Governo do Estado, a partir do final da década de 90. A associação é responsável  atualmente pela banda Lira Padre Anchieta, Retreta Maestro Pedrinho, Sexteto Caiçara, Grupo “ Na quebrada do Pandeiro”, Grupo Free Son, Coro da Lira Adulto e Lira do Amanhã, mais conhecida como Lirinha.São cerca de 85 pessoas apresentando suas vocações para diferentes públicos e, na maioria das vezes, agradando. A associação conta com repasse de cerca de  20 mil reais mensais da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba – Fundart. “A maior alegria é estar tocando, gosto do que estou fazendo e alivia qualquer stress. É um tipo de cura”, afirma Julio.
O trompetista Carlos Eduardo Quirino, o Dudu, já  apresentou-se no festival de jazz de New Orleans, considerado o mais importante do mundo e atualmente cumpre um circuito europeu a bordo de  transatlântico. Já o trombonista Eduardo Machado integra a famosa Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. São apenas dois exemplos da qualidade dos nossos músicos , diz Júlio.

Vocação
Valdeci dos Santos, regente da Lira ,  natural do Ubatumirim, vem de uma família de 7 irmãos, cujo pai conhecido por Trajano, sanfoneiro, despertou no garoto o gosto pela música. Mais exatamente por fanfarra na infância, fazendo com que ele e sua turma usassem latas de Leite Ninho como tambores  cujo barulho  lembrasse, só lembrasse,  instrumento de percussão. As primeiras aulas foram com o professor Mauro Carneiro Bastos, percussionista, o músico mais antigo em atividade na banda.
Frequentou cursos como regência universal na Universidade Livre de Música –ULM e aulas com os maestros  Roberto Farias e Luiz Marchetti, fundador da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. A CESP, antiga concessionária de energia elétrica, não conseguiu segurar o funcionário leiturista que atendeu o chamado da vocação. Mais tarde, já como bolsista da Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, foi convidado pela Fundart para assumir como maestro. “ Foi uma decisão difícil, mas acho que acertei”, diz Valdeci.  Sobre a importância da música: “ Música tem papel social, elimina caminhos perigosos”, diz. Após concluir a Faculdade  de História, Amarildo está fazendo pós-graduação em Educação Musical no Instituto Pró-Minas.

Nova geração
A “Lira do Amanhã”, carinhosamente apelidada de Lirinha, é constituída por um grupo de 25 jovens de 9 até 17 anos que ensaiam música sob a regência de Amarildo da Hora. Vale a pena ver as apresentações desses jovens que precisam ter boas notas na escola para entrar no mundo da família dos sopros – flautas até tuba – e participar do entusiasmo geral, principalmente dos pais que acompanham os ensaios. Estiveram em Caraguatatuba freqüentando  curso com professores de Tatuí  visando aperfeiçoamento. Amarildo, um entusiasta do projeto,  responsável pelos ensaios em grupo e aulas individuais, quer que a comunidade conheça este trabalho  e mostra-se ambicioso: “ É um projeto que pode comportar até 50 instrumentos”. Sobre o porquê dessa vocação: “ A música conquista a gente, começou não há como largar”.

Texto: Celso Teixeira Leite
Fotos: Paulo Zumbi/ Allan Ricardo
  
As gerações se encontram: Maurinho, o músico mais antigo até hoje dando seu recado na percussão ao lado dos dois trompetistas Igor e Samuel e da clarinetista Emily Praxedes.

 
Maestro Pedrinho à frente da Lira Padre Anchieta durante cerimônia no Estádio Municipal por ocasião do aniversário da cidade em 28 de outubro de 1990.

 
Lira marca presença na vida cultural de Ubatuba e tem seu valor reconhecido.

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