quinta-feira, 28 de abril de 2022

Fundart inicia processo de restauração de todo o acervo da Fundação

 

Para manter a preservação do acervo histórico da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba – Fundart – um minucioso trabalho de restauração está sendo realizado em mais de 900 obras entre quadros, esculturas, documentos e objetos diversos do acervo municipal. A previsão é que o projeto de restauração dure cerca de quatro anos para ser concluído.

Executado pela restauradora Vitória Borsatto, além da recuperação das obras, o trabalho inclui ainda pesquisas e catalogação de todo o material da Fundart e do Museu Histórico Washington de Oliveira. No total, serão restaurados 130 quadros, 200 esculturas, 305 documentos, como antigos jornais e premiações, e cerca de 300 objetos entre utilitários indígenas, máquinas de escrever, lanças, etc.

“O projeto começou em janeiro deste ano. O acervo inteiro foi analisado e catalogado conforme a necessidade de restauração. O que precisa ser apenas conservado, será limpo e guardado adequadamente, e o que precisa de restauro faremos o trabalho por etapas. Mais pra frente será feita uma mostra para que o público possa conferir todo o material”, explicou Vitória.

De acordo com a restauradora, o acervo da Fundação pode ser considerado até em bom estado de conservação, mas a umidade da cidade é um fator que exige atenção redobrada com as obras. “O lema da minha profissão é ‘conservar para não restaurar’. Mesmo enfrentando o problema da grande umidade do município, por ficarmos entre a serra e o mar, e também as altas temperaturas durante o verão, é possível realizar um trabalho eficiente de conservação nas obras atuais que amenizará a necessidade de restauração futura”.

Com o trabalho realizado atualmente no acervo, a expectativa da Fundart é de que as obras, documentos e objetos resistam por mais de 100 anos sem retoques. “Os materiais de restauração são mais meticulosos e duráveis, com alta modernização e verniz especial que garante mais durabilidade. As obras dos novos artistas também serão o futuro e precisam ser preservadas desde agora, com o processo de conservação do que temos aqui e restauração do que temos desde as décadas passadas”, ressaltou a profissional.

O trabalho é detalhista, sempre respeitando a estética e o artista, e ainda exige uma infinidade de pesquisas para conhecimento mais profundo sobre as obras. Entre os trabalhos mais antigos, a restauradora destaca um quadro de 1940, de autoria de J.B Tobias, que contém uma índia que chegou a ser apagada da obra por estar nua e que será restaurada para sua versão original. “É um quadro histórico retratando o dia da Paz de Iperoig, com o padre José de Anchieta escrevendo na praia ao redor dos índios e com uma índia apagada ao fundo. Este é o documento ocular mais antigo que temos desse acontecimento”, explicou Vitória, que também trabalha para restaurar a moldura original do quadro, que receberá detalhes em ouro.

Ao ser perguntada sobre o material do acervo que ela classifica como o mais impressionante, Vitória destaca um crânio pré-histórico, masculino, de cerca de uns 30 anos de idade, que foi encontrado no município. “Esse crânio me impressiona. Foi achado no município e feito análises arqueológicas, documentado e se encontra guardado aqui no acervo do museu. Acredita-se que foi um nativo que habitou a cidade antes dos portugueses chegarem. Foi encontrado com ele estacas, lanças de rocha e outros objetos que foram catalogados e estão aqui para serem restaurados”.

Mais do que um trabalho de restauração das obras, o projeto contribui com a valorização da história da cidade e manutenção da cultura local. “Este é um importante projeto da Fundart que visa recuperar e preservar o patrimônio histórico e cultural dos moradores de Ubatuba. Não é só o visual ou a estética das obras que restauramos, é também a história. Um povo sem história é um povo sem memória, e o trabalho do restaurador é preservar essa história para ser contada aos nossos filhos, sobrinhos e netos futuramente. Todo o acervo da Fundação é a própria identidade do público da cidade, e que também pode ajudar na valorização do turismo municipal”, disse a restauradora, que falou ainda sobre a importância do projeto.

“Este é um trabalho gratificante, porque cientificamente falando, o acervo de Ubatuba é muito rico para estudo. É uma riqueza cultural que abrange comunidades caiçaras, indígenas e quilombolas. É muita cultura dentro de um só lugar e que merece ser preservada, restaurada e entregue ao público para que todos possam saber o que se passa na cidade”, finalizou Vitória.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

UM ANJO CHAMADO RAYMUNDA BORGES

 


Vamos falar um pouco hoje sobre Pediatria.

Pediatria é o local que recebe crianças,de até doze anos com alguma patologia e que precise ser acompanhada pelo médico e a Equipe de enfermagem.
Na nossa Pediatria sempre tiveram dois médicos, Dr Juscelino e Dr Amaury que trabalhava com a também equipe fixa da Pediatria, que além da icônica Eloísa Giraud, pessoa que sempre acompanhou cada profissional com sua orientação.
A nossa personagem de hoje é Raymunda Borges, que também começou como Atendente após ter feito o curso com a Enf. Elizabet Prado; Fez ambulatório indo logo depois para a Pediatria onde parecia que tinha achado seu lugar; difícil não ver Raymunda sem uma criança do lado, no braço, fazendo medicação ou alimentação, também era conselheira do pessoal mais jovem ou com problemas que a procuravam para uma conversinha rápida.
Fez o técnico de enfermagem e tanto gostou da Pediatria que procurou aprender para ensinar tudo sobre a importância do Aleitamento Materno. Disse que o mudou com Hospital Amigo da Criança na Pediatria, foi o fato de que as mães passaram a poder ficar ao lado de seus filhos, e evitar o trauma da separação e sobretudo amamentar evitando mamadeiras.
Agradece imensamente à Equipe e que tem muitas saudades da Pediatria e das amigas.
Ficou na Pediatria desde 1980, até o ano 2000 quando se aposentou.
Sua figura materna faz falta quem conviveu com ela. Raymunda receba aqui o abraço das Pioneiras.

Fonte......Hospital Amigo da Criança via Facebook
Texto de Ana Maria Fernandes

sexta-feira, 22 de abril de 2022

CULTURAS E CAMINHOS


Festa para Tobias e Carminha (Arquivo JRS)



     Eu digo que trabalho, devoção e festa sempre estiveram em igual proporção na vida do povo caiçara. O trabalho era questão de resistência, criatividade e sobrevivência. A devoção sustentava a esperança e era alento nos temores. A festa sempre foi manifestação da alegria, agrado a alguém e agradecimento pela vida. "Não havia preguiça para festa alguma. Nem que fosse depois da derradeira serra ninguém esmorecia quando a festa era anunciada", me contou um dia o Dito Neves, marido da Joaninha, em cujo terreiro chupei muitos cajus  no tempo de criança.
    
     De vez em quando acontecia de alguém ter motivo para falar mal de alguma festa. O "velho" França, depois que passou um tempo em Santos, servindo em quartel, voltou para Ubatuba recebendo um salário sem precisar trabalhar. Era como se fosse uma aposentadoria de militar. Não sei o porquê, nem quem arranjou isso para ele. Só me lembro dele dizer que o nosso povo era muito folgado, fazia muitas festas etc. Alguém, já naquele tempo, me fez ver o seguinte: tem gente que vive às custas de quem trabalha, mas fala mal dos trabalhadores. Notei isso quando o saudoso Herondino esculachou o "velho" França: "Alguém como você é gente sem vergonha na cara. Bastou alguns anos vivendo entre os soldados para poder viver o resto da vida recebendo sem trabalhar. Eu, no seu lugar, me retiraria numa dessas grotas para deixar de inticar com os outros que seguem no suor pelo pão de cada dia". 

    Eu confesso que, nas poucas oportunidades em que avistei o "intiqueiro" em momentos de festa do nosso povo, ele estava sempre de lado, sem ninguém nem para prosear. Nem sei como conseguiu se casar. Resumindo, no dizer do tio Francolino: "O França cutuca mais que ispim de brejaúba. Vivendo sem esforço, só mamando, agora não para de inchar. Está quase um baiacu de ispim, sem ninguém fazendo questão de ficar do lado dele".

    Hoje, depois de tanto tempo, consigo identificar a condição do pensamento do "velho" França: ele foi envolvido por uma ideologia, por ideias de gente rica que tem a necessidade de desmerecer os mais pobres. Causando o rebaixamento de muitos, alguns poucos se dão bem. É assim que essa moral é cultivada para oprimir e extinguir formas culturais diversas, tal como a nossa. O Dito França e tantos outros servem como exemplos de aliados dos ricos, de gente que precisa oprimir para existir. Se vivemos situações de miséria cultural e material, se não valorizamos devidamente a nossa cultura hoje, é porque não fizemos as leituras necessárias em outros temposBasta! Vou parando de inticar por aqui!

(Em tempo: a filha do França vive ainda nos dias atuais recebendo o salário que era do finado pai. Pode isso?).

domingo, 17 de abril de 2022

Dª Maria Aparecida dos Santos ou Dª Mariazinha da Consertada


 


A nossa Ubatuba tem preciosidades guardadas na memória dos antigos caiçaras. São verdadeiros tesouros vivos, desinteressados. Fatos que caíram no esquecimento, que não se encontram em livros para consulta, mas que estão ao nosso alcance...

sexta-feira, 15 de abril de 2022

quinta-feira, 14 de abril de 2022

DIRETO DA REDAÇÃO

 


SILVIO CESAR FONSECA   EDITO DO BLOG UBATUBENSE

ÁUREA MESQUITA, UMA GRANDE MULHER UBATUBENSE

 

Áurea Mesquita ou para muitos Áurea cabeleireira, com muito orgulho minha avó!
Moradora de Ubatuba desde sempre, nascida no Bonete e quando adulta morou por muito tempo na Rua Amaral Viana,no centro,onde tinha seu salão.
Casada por muitos anos com Sr. Pedro Lucindo do Horto (muitas saudades também). Com quem teve seus três filhos: Pedrinho, Marquinho e Fernando.

sábado, 9 de abril de 2022

E POR FALAR EM LETRAS.........

 

Arte do Estevan, meu filho (Arquivo JRS)

            Ao relatar que o Antônio de Puruba aprendeu de uma forma bem peculiar (“Pegava um pedaço de jornal e perguntava pra  quem soubesse: Que letra é essa? A pessoa dizia e eu escrevia no chão. Daí em diante escrevi largamente...”), agora digo aqui uma experiência pessoal, o meu princípio de alfabetização: tudo começou no lagamar, na areia molhada da praia. 

UBATUBA E O TURISMO VALEPARAIBANO

 




Antiga rua do Comércio, hoje  Calçadão da Maria Alves, tendo a esquerda a Praça Nobrega - Foto ano desconhecido

    Paulo Florençano, no livro da Idalina Graça, há quase meio século, escreveu:

    Foi somente a partir de 1933, após a adaptação da antiga estrada tropeira precária, porém útil e oportuníssima estrada de rodagem [Rodovia Oswaldo Cruz], que permitiu ainda que difícil e incertamente, o movimento de veículos motorizados entre Taubaté e Ubatuba, assim interligando esta última com as demais cidades brasileiras, é que um promissor surto de progresso começou, embora timidamente  a princípio, a impulsionar o velho burgo que modorrava, semi-esquecido. 

PALMITEIROS

 

Tiribas na palmeira, no quintal  de casa (Arquivo JRS)


                À mesa de todos deste chão caiçara, em outros tempos, o palmito estava sempre presente na alimentação. Mamãe refogava com uns temperos e estava pronto. Eu não sei dizer se havia quem não gostasse dessa delícia das nossas matas. Era palmito da jiçara, a mesma palmeira que fornecia ripas para a construção de casas.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Fundart inaugura pintura e homenageia Dona Maria da Caçandoca nesta sexta-feira em Ubatuba

 


Nesta sexta-feira, dia 8, a Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba – Fundart – fará a inauguração oficial da pintura realizada na parede externa do prédio do Sobradão do Porto em homenagem à Dona Maria da Caçandoca.
O evento terá início às 18h, em frente ao Sobradão, localizado na Praça Anchieta perto do Mercado de Peixe. No local haverá a entrega de homenagens à Dona Maria e também à artista plástica, Sonia Maria Rebelo Nogueira, responsável pela criação da obra.
O Maracatu Itaomi se apresentará no evento, com a participação da Dona Maria, e conduzirá um cortejo que será finalizado em frente à sede da Fundart, na Praça Nóbrega. O evento é aberto à população.