sábado, 26 de dezembro de 2020

MADRE GLORIA MEDIADORA DA ARTE EM UBATUBA

 

            Imagem de Madre Gloria, pertence compartilhada da internet

, aqui para ilustrar essa matéria.

Encontrar um significado para a palavra Arte é quase impossível de colocar em palavras, pois não é só uma teoria e sim um universo de vivências. Isso é só uma prova do quão incrível é a arte.  O objetivo deste estudo de caso exploratório é deixar registrada toda a passagem da Irmã Maria da Glória por Ubatuba, de forma a registrar sua contribuição educacional na vida de muitas pessoas que tiveram seu contato. Foram utilizadas com bases de dados artigos científicos, pesquisas publicadas em jornais impressos, cartas, documentos e coleta de dados mediante a conversa face a face com pessoas que tiveram contato direto com a Irmã. Madre Maria da Glória se dedicou intensamente à educação e a melhoria de vida das pessoas. Foi uma personalidade marcante em toda a sua história de vida. Conclui-se que Madre Maria da Glória colaborou para o desenvolvimento da arte na vida do ser humano, pois, trabalhava diretamente com a arte em todas as suas atividades. Amante do mundo artístico, amor incondicional ao próximo, total dedicação à educação ela foi um exemplo de vida que ficará marcado na história de muitos Ubatubenses e da própria história de Ubatuba.

References

COSTA, A. C. G. Educação Artística, trabalho e Vida. Arte na Escola. Disponível em: . Acesso em: 25 mar. 2017.
FREITAS, J. B. F. Arte é conhecimento, é Construção, é Expressão. Conteúdo da Escola. Disponível em: . Acesso em: 09 jan. 2017.
FUNDAÇÃO DE ARTE DE UBATUBA (FundArt). Madre Glória 84 anos de luz: Jubileu de Diamante. G. S. de História e Geografia de Ubatuba. Ubatuba, abr. 1991.
GOTTSFRITZ, G. Garota Sapeca. Jornal Correio Caiçara. Publicado em 23 ago. 1995.
JORNAL A CIDADE. III Concurso Madre Glória de Escultura na Areia. 20 jul. 1997.
______. Madre Glória morre aos 91 anos. Publicado em 03 maio 1998.
______. Parque dos Ministérios ganha escola. Publicado em 15 nov. 1998.
______. Zizinho e Alckmin entregam escola. Publicado em 29 nov. 1998.
JORNAL CORREIO CAIÇARA. Escultura de Areia: Concurso Homenageia Madre Glória. Publicado em 19 jul. 1995.
NOTÍCIA NA HORA. Escola de Ubatuba tem prêmio de educação ambiental. Publicado em 27 nov. 2008. Disponível em: http://am.noticianahora.com.br. Acesso em: 13 nov. 2016.
ROLIM, L. C. Semeadoras da Esperança: ALA: uma forma de educar. Santos: Loyola, jan. 1998.
UBATUBA. Câmara Municipal. Decreto Legislativo n° 2/1980: concede o Título de “Cidadã Ubatubense”, de19 de agosto de 1980. Ubatuba,1980.
______. Madre Glória: Compilado de Depoimento de 1992 e outros textos do arquivo da FundArt. Fundação de Arte de Ubatuba. Prefeitura Municipal de Ubatuba. Ubatuba, 1992.
______. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Educação. Lei Municipal nº 1782: histórico da escola EMEF “Madre Maria de Glória”: organização da escola, 21 dez. 1998.




sábado, 19 de dezembro de 2020

PROJETO ACERVO CAIÇARA GANHA NOVO SITE.........

 


Por: Redação    Jornal   A CIDADE  UBATUBA E REGIAO
18 de Dezembro de 2020 às 07:00

 

A Prefeitura de Ubatuba, por meio da FundArt acaba de lançar ao ar o novo site do Projeto Acervo Memória Caiçara, com um layout atualizado e responsivo.
O Projeto Acervo Memória Caiçara é resultado do trabalho de pesquisa da Profa. Dra. Kilza Setti realizado com as populações litorâneas desde meados dos anos 60. O acervo apresenta registros sonoros – depoimentos, festas e peças musicais que foram digitalizados na íntegra, além do registro de imagem fixa (fotos, mapa da região estudada) e em movimento (filmes em DVD), manuscritos, impressos e publicações.
Tanto a consulta presencial ao acervo quanto a CONSULTA ONLINE da base de dados permitem conhecer trechos musicais, fotos e depoimentos sobre a vida e a cultura caiçara, que  envolvem temas relacionados à visão de mundo, consciência de preservação ambiental e cultural, consciência das perdas de espaço e território, acesso aos bens naturais, questões religiosas, repertórios e atividade musical, mudanças na vida caiçara e outros assuntos de interesse geral.
Para Valdecy dos Santos, Maestro do Coro da Lira e integrante do Projeto Acervo Memória Caiçara, o legado desta pesquisa é de valor inestimável para a cultura brasileira.
“O projeto permitiu aos descendentes dessa terra um fortalecimento  do viver  caiçara e de sua cultura, que através do  acervo e sua legitimidade passaram a  valorizar  suas origens. Hoje observamos o crescimento de grupos tradicionais como Fandangos, Folias do Divino, grupos de Xiba, entre outras manifestações caiçaras,  tendo como   líderes os familiares  dos mestres antigos, que estão eternizados  no Acervo Memória  Caiçara. Além disso, temos a participação em  festas tradicionais desses grupos com um aumento considerável de crianças e jovens, compondo sua  estrutura, retratando o orgulho da cultura caiçara, mostrando o fomento  da preservação dos saberes” conclui Valdecy.
O acervo completo, bem como os equipamentos adquiridos para o projeto estão sob a guarda da FundArt desde 2008, e se encontram disponíveis para consulta presencialmente na sede administrativa da FundArt – Praça Nóbrega, 54, Centro (atualmente de segunda a sexta-feira das 9h às 15h) – ou online pelo site www.memoriacaicara.com.br

Fonte: Fundart

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Museu Histórico "Washington de Oliveira"

 

"Construídas a Câmara, a Cadeia e a Igreja, elementos básicos para a instituição de uma vila, feito o recenseamento para confirmar o mínimo populacional necessário a tal providência, por Provisão de 28 de outubro de 1637, do então Governador Geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, a antiga aldeia de Iperoig foi elevada à categoria de Vila sob o pomposo nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba".





Oliveira, Washington de. Ubatuba Documentário (Coleção Depoimento - v. 11).

São Paulo, Editora do Escritor, 1977. p. 43, 44.



Assim, surgiu a 1.ª cadeia em Ubatuba: um edifício público para aprisionar suspeitos e transgressores das leis, que tira ou restringe a liberdade do indivíduo segundo normas, ética e moral impostos e seguidos pela sociedade que vem progredindo e evoluindo através dos tempos.

No Século XIX, até 1833, a Prisão compartilhou com a Câmara o mesmo endereço. Depois, com o edifício ruindo, passaram a ocupar casas alugadas sem infra-estrutura (como celas sem grades) até a Câmara finalmente conseguir uma sede própria: o casarão do Dr. José Paulo do Bonsucesso Galhardo na atual Avenida Iperoig. Este casarão, que também foi sede do Fórum e do primeiro museu de Ubatuba, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo - CONDEPHAAT. Porém, as inúmeras reclamações e pedidos efetuados pela Câmara, durante o Império, para construção de uma sede apropriada para a cadeia somente foram atendidos pelo Governo Estadual Republicano no início do Século XX.

Hoje, objeto de recordação para alguns e instrumento de informação e educação para outros, a Cadeia Velha, *antiga estação ferroviária (nunca utilizada) reformada entre 1901 e 1902 foi o primeiro prédio construído em "linhas modernas" em Ubatuba. O projeto de reforma foi efetuado por Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (Euclides da Cunha 1866-1908), engenheiro, militar, jornalista, escritor e autor da famosa obra literária: "Os Sertões", quando funcionário da Secretaria da Agricultura "Indústria" Comércio, Viação e Obras Públicas do Governo do Estado de São Paulo. A reforma foi executada pelo construtor português Silva (primeiro nome desconhecido) e pelo mestre pedreiro Manuel Sapão.

Nas primeiras décadas do Século XX, situada na antiga Praça do Programa, atual Praça Nóbrega, a Cadeia alojou os poucos caiçaras que transgrediam as "leis e a ordem" como: bêbados, brigões, presos e carcereiros a caminho da Colônia Correcional do Porto das Palmas (na Ilha dos Porcos, posteriormente Presídio da Ilha Anchieta - projeto de Ramos de Azevedo, atualmente parte do Parque Estadual da Ilha Anchieta PEIA) e, hospedaria para viajantes.

Em 1972, a Cadeia foi transferida para uma nova e ampla sede na Rua Thomaz Galhardo, mais adequada ao aumento da população carcerária. Reformado, o antigo edifício passou a sediar diferentes órgãos e instituições: o Centro Municipal de Cultura, a Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo, de 1977 a 1982, e a Companhia Estadual de Tratamento de Esgoto e Saneamento Básico - CETESB, de 1984 a 2000.

No início do Século XXI, reconhecida como patrimônio histórico municipal a ser preservado, a Cadeia Velha passou a ser o espaço da História... O primeiro museu fundado na gestão do prefeito Francisco Matarazzo Sobrinho, pelo Decreto 25 de 23/11/1966, sob a denominação de Museu Regional de Ubatuba, foi montado nos porões da Câmara em 1968 pelo historiador Paulo Camilier florençano; Nello Garcia Miglioni; Alcir José Guaglio, Luiz Ernesto Kawall, jornalista, e pelo artista plástico José Vicente Dória da Morta Macedo. Mas, devido ao excesso de umidade, que gerou mofo e bolor, e o ataque de pragas, como cupim e broca, a conservação do acervo museológico ficou comprometida.

O Museu, com o nome modificado para Museu Histórico Pedagógico de Ubatuba em 1970, por Decreto do Governador Abreu Sodré, teve seu acervo transferido em 1987 para o andar térreo do Sobradão do Porto/Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba - Fundart, patrimônio histórico tombado pela antiga Superintendência do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN (atual IPHAN) e pelo CONDEPHAAT. No Sobradão do Porto, o Museu ganhou o apelido de "Museu Hans Staden" (não houve uma mudança oficial do nome). Um ano depois, a visitação foi suspensa por problemas técnicos e estruturais do acervo museológico e do edificio (processos de restauro paralisados no Governo Collor), além da falta de mão-de-obra especializada, ficando a Cidade sem o museu histórico. Mas em 24 de julho de 2001, o Museu novamente montado e reestruturado foi aberto ao público em nova sede: a Cadeia Velha.

O Museu teve seu nome modificado para Museu Histórico "Washington de Oliveira", pela Lei 2092 de 16/10/2001, gestão do prefeito Paulo Ramos, em homenagem ao ubatubense farmacêutico, ex-prefeito, pesquisador e escritor Washington de Oliveira, o "filhinho da farmácia" ou, simplesmente, "filhinho", falecido em 19 de janeiro de 2001, aos 93 anos de idade filhinho escreveu três livros publicados: Ubatuba - Documentário, Lendas e Outras Histórias e a Farmácia do Filhinho. Dedicou sua vida à valorização da História e da Cultura de sua terra e a preservação da saúde e da "memória" do caiçara de Ubatuba.



*Segundo depoimentos de antigos moradores como o do pesquisador e escritor Washington de Oliveira (Filhinho da Farmácia) e pesquisa efetuada pelo jornalista Gama Rodrigues (textos diversos de Gama Rodrigues e outros organizados pelo historiador José Luiz Pasin: "O Outro Euclides - O Engenheiro Euclides da Cunha no Vale do Paraiba 1902-1903, UNISAL - Núcleo de Pesquisa Regional, Lorena, 2002.)".



O Museu hoje



O Museu Histórico já passou e ainda passa por muitos problemas, ainda lutamos para a sua sobrevivência. A Cadeia Velha, sua atual sede, é um prédio antigo, de grande importância histórica e arquitetônica para Ubatuba. Mas mal conservado por décadas, acabou com muitas infiltrações internas e externas que destruíram parte dos painéis e que prejudicaram o acervo museológico e arqueológico entre 2001 e 2002. Trabalhos morosos de reformas e consertos levaram a descoberta de um passado de remendos no encanamento antigo de ferro e no escoamento das águas das chuvas. Mesmo assim, são mais de 100 anos de História! Esse importante patrimônio histórico ainda precisa de restauro e precisará sempre de manutenção, ou seja, de atenção!

O acervo museológico em madeira e metal (ferro) também precisa de cuidados, cuidados eternos...contra cupim, broca, umidade, etc. Precisará sempre ser estudado, revisto, reestruturado, reorganizado e ampliado. Um museu não é uma instituição estática, não é um objeto pronto, será sempre uma obra inacabada para que possa ser atualizada e modernizada. Acima de tudo, os materiais expostos representam a vida caiçara através dos tempos. Somos nós através de nossas ações, boas ou ruins...




Endereço

Praça Nóbrega, nº 08 - Centro



Agendamento de Visitas

Escolas e hotéis devem agendar as visitas com antecedência e através de ofício com os seguintes dados: nome da instituição, telefone para contato, nome dos responsáveis acompanhantes (guias de turismo, professores, etc.), total de alunos ou turistas, faixa etária, origem (cidade/estado no caso de turistas, bairro no caso dos estudantes) e data e horário da visita. Os dados solicitados são importantes para os trabalhos de estatística, relatórios e levantamento histórico do Museu e da Fundart.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Iperoig (Ubatuba) e a Confederação dos tamoios

 

A PEÇA " GUERRA EM IPEROIG" SERÁ TRANSMITIDA GRATUITAMNENTE VIA YOU TUBE

 


A peça "Guerra em Iperoig" abre a nova temporada do teatro online do Centro Cultural Oi Futuro. O espetáculo, ao vivo e gratuito, acontece entre esta segunda e quinta-feira, às 20h, no Youtube. Com roteiro adaptado à linguagem digital com cenas pré-gravadas e ao vivo, esta é a estreia nacional do espetáculo dirigido pela Mundana Companhia, com Aury Porto, Érika Puga, Zahy Guajajara e Silvero Pereira. A peça também tem participações de Mariana Ximenes, Anderson Kary Báya, Gui Calzavara, Igor Pedroso, Lian Gaia e Raquel Kubeo.

A história parte de uma pesquisa sobre a Confederação dos Tamoios e faz uma reflexão sobre como a guerra travada entre portugueses e tupinambás em meados do século XVI na região de Iperoig, hoje Ubatuba (SP), se reflete nas relações de exploração dos povos indígenas até hoje. É um olhar que inspira uma interpretação do Brasil através dos séculos.

A montagem propõe uma reflexão, à luz do nosso passado histórico, sobre nossa sociedade", diz o ator Aury Porto.


FONTE..........https://www.ofluminense.com.br/

sábado, 21 de novembro de 2020

UBATUBA E O TURISMO VALE PARAIBANO

 



O turismo chegou (Arquivo Ubatuba de outros tempos)

    Paulo Florençano, no livro da Idalina Graça, há quase meio século, escreveu:

    Foi somente a partir de 1933, após a adaptação da antiga estrada tropeira precária, porém útil e oportuníssima estrada de rodagem [Rodovia Oswaldo Cruz], que permitiu ainda que difícil e incertamente, o movimento de veículos motorizados entre Taubaté e Ubatuba, assim interligando esta última com as demais cidades brasileiras, é que um promissor surto de progresso começou, embora timidamente  a princípio, a impulsionar o velho burgo que modorrava, semi-esquecido. 

    Processava-se a redescoberta de Ubatuba! Nova gente, novas iniciativas começaram a surgir. Os visitantes eram pessoas que, entusiasmadas pelas espetaculares belezas naturais do lugar, previam-lhe promissor futuro como estância balneária importante, centro de turismo afamado...

    Reformaram-se alguns sobrados que, assim, puderam ser salvos do desaparecimento; construíram-se as primeiras casas para temporadas de férias; reabriram-se alguns estabelecimentos comerciais, e, dois de seus acolhedores hotéis - o "Felippe" e o "Ubatuba" - os principais então existentes, ambos instalados em bonitos sobrados que datavam dos tempos áureos do apogeu econômico da cidade, em junho, dezembro e janeiro ficavam lotados de turistas que acorriam de Taubaté, Pindamonhangaba, Caçapava e outras cidades valeparaibanas, ávidos de sol, praia, ar puro e suave, temperatura amena, paz e belezas naturais em profusão.

    Aí, pois, Ubatuba, exercendo todo o seu fascínio mágico, irresistível, se impôs de vez a todos aqueles que nela aportavam. E, o progresso aos poucos, porém sempre em ritmo de constante animação, finalmente retornou, motivado então  - já não mais pelo interesse financeiro, pela importância comercial do lugar, mas sim em razão de suas excepcionais atrações que a mãe natureza aqui, dadivamente apresentava: as alvinitentes praias de areias finas, a riqueza de suas florestas intactas, o encanto particular das suas ruas e praças ainda ostentando casario do passado, e, também, de modo muito especial, a tão cordial acolhida que os seus moradores, desde o simples praiano da zona rural, até a gente letrada da cidade, espontaneamente ofereciam aos visitantes.

DONA RITA

 

        Chico Cruz era irmão do Antônio Julião e da Chica, gente nativa da praia da Santa Rita. Rita Maria da Cruz, natural da praia das Toninhas, irmã do Argemiro, foi casada com Chico Cruz, funcionário do presídio da Ilha Anchieta, onde passaram os piores momentos em 1952, por ocasião do levante. Argemiro terminou seus dias casado com a Chica, no Perequê-mirim. Nilséa e Nilson amavam seus pais (Argemiro e Chica, que tanta estima tinham por mim).  Segundo os depoimentos deles e de tantos outros, junto com a Revolução de 32 e a Guerra dos Tamoios, foram os únicos momentos  sangrentos da nossa terra. “Ninguém dormia sossegado de tanto medo”. Dona Rita disse um dia que, “quando estourou a revolta dos presos, na parte da manhã, as minhas duas filhas mais velhas estavam na escola, ao lado do presídio”.

                Rita Maria da Cruz tinha 80 anos. Acho que era o ano de 2003 quando, bem próximo ao portão da casa dela, debaixo de uma pequena sombra de um pé de lichia, no centro da cidade, a viúva me concedeu um dedo de prosa. Não me demorei muito para não cansá-la demais. Mas valeu a pena! O comentário que faço questão de transcrever hoje é a respeito do turismo na nossa cidade.

                “No meu tempo de menina a gente vivia isolada. Só as canoas se teciam por esse mar de Deus. As  grandes canoas [de voga] faziam as viagens mais longas. Só depois começaram a vir os barcos de Santos. Levavam e traziam de tudo. Acho que era uma vez por mês que eles apareciam. Ainda não tinha estrada de carro por aqui. A gente, que morava nas Toninhas, saía logo depois da grande cantoria dos galos [por volta das três horas] na madrugada para vir estudar na cidade, na escola Doutor Esteves da Silva. Só quando era quase serão a gente chegava de volta lá em casa. Todo mundo andava pelos jundus e praias; sempre tinha alguém indo ou vindo pelo trajeto”.

                Pois é. É notório que a cidade de Ubatuba vivia praticamente isolada do resto do mundo. A estrada para Taubaté é do começo da década de 1930. A ligação rodoviária para Caraguatatuba se completou em 1957. Justo Arouca escreveu a respeito dela: 

                “A picareta que em 1948, rompeu o chão para robustecer aquele fio de sonho, abriu a marcha incessante em busca das lendárias praias de Iperoig, 54 quilômetros depois [...] Fatigado de desilusões  e de tanto esperar, o novo dia chegou, finalmente. Chegou ao Acaraú, sem pedra fundamental, sem foguetório, sem discurso, sem feriado escolar. Era o ano da graça de 1957, setembro [...] O sonho, agora, passa para a realidade. A nova estrada rompe o silêncio de mais de meio século, abrindo as portas da cidade para um novo tempo de reconstrução”.

             Vinte anos depois, em 1977, a última via de acesso (BR-101) nos liga, ao norte, à cidade de Paraty. O turismo é a principal atividade econômica. O Sol é para todos. O desafio maior hoje é saber amar toda essa natureza exuberante que temos, vencer a poluição que avança sobre tudo e derrubar as barreiras do ódio que tenta prevalecer sobre todos.

             Como eu gostaria de ter chances de outras tantas boas prosas!

Frangose Frios do Gerson.....década de 70

 

QUEM NÃO COMPROU UM FRANGUINHO ASSADO NESTE LUGAR NO PAI DO GERSON HOJE ´É A LANCHONETE DO CHINA.

Esquina da Rua Hans Staden coma Rua Maria Alves........( Calçadão da Maria Alves)

Foto de Marino da Fonseca Fonseca via Facebook

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Pela Restauração e Tombamento do Caisão de Ubatuba

 

Abaixo-Assinado (#52015):


Destinatário: gabinete@ubatuba.sp.gov.br


O governador Adhemar Pereira de Barros Interventor em São Paulo, em seu primeiro mandato, em 1941, construiu os Portos de Ubatuba e São Sebastião e iniciou a construção de um grande entreposto de Pesca em Santos.





O cais de Ubatuba teve dois projetos para a construção um de H.G.Penteado em 1940 e o segundo feito por Ciro Falcão projetado em 17/10/1940, e escolhido em 1941, Suas pilastras foram confeccionadas no Rio de Janeiro, na gestão do Prefeito Henrique Dodsworth. Antigamente a ilha dos pescadores era considerada como porto de abastecimento. O Caisão faz parte da história da cidade, pois no passado, neste local era escoada grande parte das mercadorias vindas do Vale do Paraíba e Norte de Minas, que desciam a Serra do Mar em lombo de burro. Outro fato marcante na história foi o projeto de uma ferrovia interligando o Cais do Porto ao Vale do Paraíba, foi a grande repercussão no início do século XX, mas questões políticas faliram o empreendimento, porém o Caisão fora construído e desde então foi utilizado (e muito) pelas embarcações que por ali navegavam. Tornou-se também ponto de visitação para os habitantes e visitantes para a pesca, mergulho, turismo ou apenas apreciar a vista, que é magnífica.





Além de toda essa participação importante na história de Ubatuba, o Caisão está presente na história de todos os que em Ubatuba moram, já moraram, vão morar... Quem nunca mergulhou de sua plataforma ? Quem nunca foi lá pescar, passear ou até mesmo namorar ? Todos que amam Ubatuba, têm uma história no Caisão, ele já está gravado pra sempre em nossas memórias, e merece esse respeito. Duvido você não olhar essas fotos do Caisão, e não lhe arremeter para um momento bom de sua vida. Com certeza surgirá um sorriso.
O fato é que desde sua construção, nunca ocorreu uma reforma ou restauração, apenas algumas manutenções. Hoje encontra-se em elevado estado de degradação. Um local que já foi lindo e que poderia ser facilmente transformado em um ponto turístico e trazendo retorno financeiro para o Município.
Para que essa memória linda, desse local maravilhoso, que nós e nossas gerações anteriores puderam desfrutar, e para que nosso descendentes também venham a cunhar recordações tão ou mais deliciosas que as nossas, peço que assinem este documento para pedir PELA RESTAURAÇÃO E TOMBAMENTO COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E MUNICIPAL DO CAÍS DE UBATUBA, e por sua eternização.





Assine este abaixo-assinado

Dados adicionais:

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LINK PARA ACESSAR   O ABIXO ASSINADO VIRTUAL



    UBATUBA E SEUS QUILOMBOS E QUILOMBOLAS....

     

    Você sabe o que é um Quilombo?
    Em Ubatuba existem 4, na Caçandoca, Fazenda, Camburi e Sertão do Itamambuca.
    Quilombos eram comunidades formadas por pessoas que foram escravizadas, fugidos das fazendas.
    Esses lugares se transformaram em centros de resistências dos escravos negros que escapavam do trabalho forçado no Brasil.
    Origem
    A palavra quilombo vem do idioma banto, sendo uma referência a "guerreiro da floresta".
    A primeira definição de quilombo na administração colonial ocorreu em 1740. Quem a fez foi o Conselho Ultramarino Português. Para esta instituição, o quilombo era:
    "toda a habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte desprovida, ainda que não tenham ranchos levantados nem achem pilões neles".
    Como era a Vida no Quilombo?
    O funcionamento dos quilombos considerava a tradição dos escravos fugidos que neles habitavam. Nessas comunidades, se realizavam atividades diversas como agricultura, extrativismo, criação de animais, exploração de minério e atividades mercantis.
    Nesses locais, os negros tratavam de reviver suas tradições africanas. O melhor de tudo era que podiam voltar a ser livres, cultuar seus deuses e praticar suas danças e músicas.
    No entanto, não se esqueciam dos companheiros que ficaram escravizados. Era comum ajudarem a organizar fugas nas fazendas ou economizar o dinheiro que obtinham da venda dos seus produtos para comprar a liberdade daqueles escravos.
    A existência de quilombos era tamanha que se criou no Brasil uma profissão específica denominada "capitães do mato". Eram homens conhecedores das florestas contratados para recapturar os escravos fugidos.
    O processo de resistência era permanente. Mesmo quando destruídos, os quilombos ressurgiam em outros locais e eram mais uma peculiaridade da sociedade escravocrata brasileira.
    @escolakids
    Em Ubatuba.
    A região de Ubatuba, até as primeiras décadas do século XIX, contava com pequenas propriedades agrícolas de subsistência, havendo poucos escravos por propriedade, devido ao pequeno poderio financeiro de seus proprietários.
    A paisagem fundiária mudou com vinda de colonos estrangeiros para a região, os quais investiram na compra de grandes lotes de terra. Trouxeram, para trabalhar nessas terras, um enorme contingente de população de origem africana.
    Com o declínio da produção cafeeira, a partir da segunda metade do século XIX, muitas fazendas foram abandonadas, loteadas e vendidas. Porções de terra das fazendas foram ocupadas, ou até mesmo doadas a ex-escravos.
    O litoral norte permaneceu como uma região quase isolada até a construção da rodovia BR 101 (Rio-Santos), na década de 1970. A partir daí, a situação fundiária de Ubatuba alterou-se mais uma vez, então com a entrada de grileiros e especuladores imobiliários movidos pela facilidade de acesso à região que a rodovia propiciou.
    Muitas das comunidades quilombolas e caiçaras, que até então viviam com relativa autonomia, foram expulsas de suas posses ou se viram obrigadas a vendê-las.
    A luta das comunidades quilombolas do litoral norte pela reconquista de suas terras esbarra numa situação fundiária bastante complexa, envolvendo disputas com grandes empresas imobiliárias.
    📸 Lunara, Luis do Nascimento Ramos.
    No domingo 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que aboliu formalmente a escravatura no Brasil. Este retrato foi feito após a abolição. Na imagem vemos um casal de escravizados libertos. mais de 130 anos depois, ainda vivemos num país racista e preconceituoso...

    quarta-feira, 4 de novembro de 2020

    SIMPLESMENTE AMARO......

     


    Há muitos anos atrás, o amigo Amaro Ricardo Assunção, que vivia bêbado pelas ruas, mas era gente fina, encontrou a mim - que era vereador à época - e ao Pedro Paulo Teixeira Pinto - então Secretário de Educação - num desses bares ou restaurantes da vida. Amaro tirou de dentro de sua calça alguma coisa, que estava embrulhada em papel de jornal, desembrulhou e entregou ao Pedro Paulo. Era sua Carteira de Trabalho. E disse, então, a ele: - Por favor, Pedro, guarde com você este meu documento, porque, se ficar comigo, eu vou acabar perdendo; assim como já aconteceu com outros. E, justificou: - É que, quando eu morrer, não quero ser enterrado como indigente... Obviamente, ante tal justificativa, Pedro Paulo guardou consigo a Carteira de Trabalho do Amaro. Alguns anos depois, o Pedro Paulo era prefeito de Ubatuba, quando ouvi dizer que o Amaro havia morrido, em Caraguá. Lembrei-me do episódio - de sua paúra e seu pedido - e procurei pelo Pedro para avisá-lo. O Pedro me esclareceu: - Já me disseram mesmo, Gilmar! Mas eu mandei verificar, e é boato. Ufa!... Nesse caso, foi como diz meu pai, um momento de felicidade. Depois, voltamos a encontrar, por diversas vezes, o Amaro em Ubatuba, com seu modo típico de se juntar às pessoas, geralmente com uma flor na mão e muita humildade: "- Licência..."... Anos depois, ele sumiu. Nunca mais o vi. A última vez que soube dele, me disseram que estava morando em Taubaté, com uma filha. Se ainda vive, não sei, acho que já passou para o outro lado do caminho... Seja como for e onde for, que esteja envolto na Paz, na Luz e no Amor de Deus! Aliás, que estejam! Com certeza estão!


    GILMAR ROCHA via pagina pessoal no Facebook

    terça-feira, 3 de novembro de 2020

    MONUMENTO AO GRANITO VERDE UBATUBA

     

    Esta é mais uma das curiosidades de Ubatuba: Muitos moradores e turistas passam em frente a este bloco de granito, na rotatória em frente ao aeroporto e nem imaginam a história que está por trás. No início da década de 70 o Granito Verde-Ubatuba tornou-se economicamente um dos grandes poderes de nossa cidade, entrando no comércio internacional com exportações através do Porto de Santos. O minério tem grande valor pois é um produto raro encontrado apenas em Ubatuba e na África.
    Esta peça de granito cortado caiu de um caminhão, no meio da rua, atrapalhando o translado de automóveis e de pessoas. A pedra então foi retirada por integrantes da Maçonaria, que colocaram-na nesta praça, registraram seu símbolo, e assim tornou-a monumento. Uma das Curiosidades de Ubatuba é a teoria do supercontinente: Pelo fato de ter jazidas deste minério específico, somente em Ubatuba e na Costa do Marfim, constata-se uma forte evidência de que a América e a África estiveram unidas em épocas passadas, formando um supercontinente.
    Leiam mais sobre as curiosidades e história de Ubatuba, acessem: www.curiosidadesdeubatuba.com.br.

    domingo, 1 de novembro de 2020

    MANÉ MANCEDO , VIOLEIRO CAICARA..........

     

    O primo Elias (Arquivo JRS)

                   Em 1980 eu conheci, morando na subida do Morro da Torre (Praia do Cedro, caminho da Ponta Grossa, no centro do município), Mané Mancedo, um violeiro do Ubatumirim. Estranhei estar tão longe do seu lugar querido, lá da região norte. Agora era caseiro, cuidava da terra de gente rica. Já estava em idade que não podia sr chamado mais de jovem, morando naquela lonjura, tendo de enfrentar uma subida brava e uma estrada de terra bem extensa quando precisava de alguma coisa (mantimentos, remédios...). O seu abrigo era muito pobre. Ficava bem longe o vizinho mais perto, a gente do Paru, no Cedro. Passamos umas horas em prosa. Apesar de estar num lugar lindo, de onde tinha uma visão privilegiada do mar, ele aparentava desanimado. Também pudera, né? Quem viveu sempre entre gente conhecida, brincando nas funções (bailes), agora estar tão isolado, não devia ser fácil mesmo! Quando avistei na parede a viola ensacada, perguntei se ele podia tocar algo para mim. Na hora ele brilhou os olhos e se levantou do banco. E foi puxando um calango, cujas letras estavam muito próximas da que transcrevo agora, escritas pelo Agenor, também morador do Ubatumirim:


    Tô aqui porque cheguei,

    mais não posso demorá,

    que casa pra mim é festa

    e festa se torna em casa,

    na batida do calango

    se livre de eu me enfezá,

    visto carça pra cabeça

    e paletó pro carcanhá.


    Nunca vi porta sem régua,

    nem gruta sem boquerão;

    difunto depois que morre

    não pode injeitá caxão;

    olho no chão é buraco,

    olho no buraco é chão

    que eu sô ruim, sô bão, sô mau

    e sô mau, sô ruim, sô bão.


    Escorregá não é caí,

    é o jeito que o corpo dá.

    Nunca vi caí curisco 

    antes de relampejá;

    carne seca não me ingasga,

    chuva fina não me molha,

    sereno qué me molhá.


    Saracura não tem dente

    chupô meu canaviá.

    Minha barba pegô fogo,

    meu bigode qué queimá;

    arranco pau com raiz,

    no chão não dexo siná,

    qu'eu sô mesmo desse jeito,

    qu'eu tenho por quem puxá.


    sexta-feira, 30 de outubro de 2020

    O Jovem Marinheiro e a providência Divina.

     


    Certo dia um jovem de Ubatuba tentou a vida na cidade de Santos. O jovem Caiçara queria ser Pescador Profissional como fora vosso pai, e assim desbravar os mares como um dia seu pai o fizera.
    Foi a Paraty e tirou sua Carteira de Pesca, por lá era mais rápido e ganhava-se tempo, era só dizer que era filho de pescador e de tarde já tava de volta com a carteirinha no bolso. Juntou suas tralhas e partiu pra cidade de Santos a fim de encarar o desconhecido.
    O barco chamava Soares 1º e tinha lugar para 11 tripulantes, só que apareceram 18 pessoas e uma parte já de inicio teria que voltar para casa, o jovem marinheiro sabia das consequências da falta de conhecimento, sabia que ali a disputa seria com "gente grande", e passou a olhar as ações dos mais “velhos” seguir seus passos e tentar executar o que eles faziam.
    Ele ficou, venceu o primeiro desafio e foi encarar os desafios do mar.
    Tudo era novo, desafiador e a falta do conhecimento não lhe permitia ter o devido medo da responsabilidade assumida.
    Na disputa por espaço, todos fugiam da Carregadeira, pois era o local que corria o cabo da rede, e passava por uma anilha de metal, temida pelos pescadores, pois muita gente já tinha perdido a mão ou até o braço quando se enrolava o cabo nas mãos.
    A operação da carregadeira na pesca era executada no escuro, para não afastar os peixes, o cabo corria pelas mãos e era conduzido pelo tato, tinha que estar tudo certinho, colocado de forma tal que você só poderia senti-lo e conduzi-lo, porém tudo no escuro.
    Certo dia, ou melhor, noite, próximo de sua casa, porém longe de seu lar, o jovem marinheiro escutou o "grito " do Mestre Proeiro “prepara” e ai e um corre/corre onde cada um sabe a sua função e se distribui dentro do barco.
    O jovem marinheiro foi pegar seu par de luvas, algo de estrema importância na proteção, pois o cabo passa quente pelas mãos e o náilon machuca só que as luvas haviam “sumido” alguém as havia surrupiado, o jovem marinheiro dirigiu-se ao Mestre e contou o fato, a resposta foi ríspida ‘si vira”.
    Embora estivesse a poucos dias no mar, o instinto do perigo já se fazia presente, a razão se estabelecera, e os riscos já si percebera. Ele foi pro posto, sabia do perigo, tudo feito no escuro e pediu que Deus o protegesse, que o livrasse do perigo, suplicou ajuda divina. Aquela noite era pra ser como as demais, onde tudo ocorria como o desejado, cada um fazia a sua função de forma correta, porém naquela NOITE, a rede não saiu.
    Um marinheiro “esquecera” de desamarra-la na popa do barco, o jovem marinheiro agradeceu em silencio a providencia divina.
    A Fé ta dentro da gente, mas nós não a vemos. Deus esta do lado, mas não o enxergamos.
    Esta história é real, aconteceu a aproximadamente 40 anos próximo da Ilha das Couves em Ubatuba.
    O Marinheiro chamava-se Charles Medeiros, que na embarcação era carinhosamente chamado de "Ubatuba".

    Texto e foto de Charles Medeiros via Pagina Pessoal no facebook