Criador do termo CAIÇAPIRA, Luiz Ballio - ator, contador de histórias e causos, é um artista brincante - e um incansável preservador da cultura caiçara.
Iniciou suas atividades teatrais em 2001, para tentar curar uma crônica timidez, Ballio conta hoje em seu currículo, com montagens de drama, cenas de cunho regionalista e comédia – já completamente despido da antiga timidez!
Um dia, ao ser visto interpretando uma cena, no evento “Pirão Geral”, foi convidado a ingressar no grupo O Guaruçá, onde estreitou seus laços estéticos com a arte caiçara.
Com o andamento desse trabalho, percebeu proximidades entre elementos da cultura Caiçara e da cultura Caipira. Deu-se conta de sua ligação, também, com a caipirice, já que seus avós maternos eram roceiros do bairro Bela Vista.
Criou, em 2007, os personagens Cumpadre Ballio (Caiçara) e Zé Hernales (Caipira), com os quais se apresenta em eventos importantes de Ubatuba, como a Caiçarada e a Festa de São Pedro Pescador e, principalmente, em escolas infantis, levando à platéia a riqueza artística de nossas raízes.
Em seu show para as crianças, procura falar de animais próprios da fauna local, adaptando fábulas (brasileiras ou não) a esses bichos, para que haja maior identificação do público com as histórias contadas.
A partir de sua pesquisa constante, percebeu que o Caiçara e o Caipira são como irmãos gêmeos, ou primos muito próximos, que moram vizinhos um do outro. É bem apropriada essa leitura, a julgar por exemplo, a concepção espacial que ambos têm, na construção de suas casas e se lembrarmos de fatos históricos que comprovam esse estreito contato, como a constante vinda da tropa de Cipriano, trazendo, do interior paulista, bois para o abate no antigo matadouro de Ubatuba.
Fatos, histórias e proximidades culturais que hoje estão expressas na arte do nosso CAIÇAPIRA.
Escrito por Heyttor Barsalini
FONTE : www.ubatubaemrevista.com.br
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
domingo, 1 de novembro de 2009
MAZZAROPI, um visitante assíduo de Ubatuba
Escrito por Heyttor Barsalini | ||
Sex, 30 de Outubro de 2009 19:11 | ||
Muitos artistas de projeção nacional visitaram e ainda visitam nossa cidade, por sua beleza natural e hospitalidade do caiçara. Músicos, poetas, atores, cantores, cineastas, ao longo dos anos, somam-se aos ilustres ou anônimos artistas que aqui aportam. Um dos mais famosos deles, foi o cineasta e grande cômico caipira, Amácio Mazzaropi. Proprietário de um estúdio em Taubaté, onde rodava suas película, Mazzaropi com frequência descia a serra para ter um fim de semana na praia, geralmente acompanhado por atores colegas de trabalho. Um de seus filmes, como muitos sabem, teve cenas externas rodadas aqui na cidade – “A banda das Velhas Virgens”, com tomadas no histórico coreto (onde, duas décadas antes do filme, João Alegre se apresentava, encantando, entro outros, o menino Renato Teixeira), tomadas no interior da igreja matriz e na praia do Prumirim. Esses fatos são conhecidos, mas vale ressaltar aqui, aspectos da personalidade desse nosso ilustre visitante. Poucos sabem que Mazzaropi, tendo iniciado suas atividades artísticas no ambiente circense, mesmo depois de já muito famoso, sempre esteve ao lado dos circos pequenos, a quem considerava como seus pares em mesmo grau de importância, na cultura popular. Seus números cômicos lotavam as platéias das lonas onde eram anunciados; o sucesso era certo e garantido. Por isso, muitos proprietários de pequenos circos (geralmente tocados por uma única família), especialmente quando em momentos de crise financeira, convidavam Mazzaropi a se apresentar, com o objetivo de reerguer as finanças. Há inúmeros relatos desses circenses revelando que o mais famoso caipira do Brasil fazia questão de não cobrar, nessas situações, generosamente doando seu trabalho, os efeitos de sua fama e a renda da casa, integralmente, àquela família em cujo circo se apresentara. O sociólogo Glauco Barsalini, em sua pesquisa, mostra a coerência profissional de Mazzaropi, em seu respeito às origens do povo brasileiro trabalhador, nesses casos, simbolizado nos artistas circenses “A personagem de Mazzaropi repercutia o próprio desenvolvimento da civilização brasileira, (...) ganhava novos invólucros com o passar do tempo, mas não perdia a memória do que efetivamente é: a síntese das origens do povo que retratava, a partir da síntese do trabalhador brasileiro” . Numa entrevista, Mazzaropi disse: “Eu não tenho pretensão de ser diretor. Estou procurando um, inteligente e razoável, e se encontrar contrato. Mas não tenho paciência para suportar barbudinhos geniais, com livrinho embaixo do braço e mil exigências. Cinema é ação, compadre, não é meditação não.” Da mesma forma e sempre levando bom humor às pessoas, tratou os problemas financeiros dos colegas: ajuda é ação, meu compadre, não é meditação não! Atitudes são exemplos e exemplos são lições. FONTE : www.ubatubaemrevista.com.br |
Assinar:
Postagens (Atom)