Colheita e Preparo da Mandioca: A mandioca (mais rica em amido, ideal para farinha) é colhida e levada para a casa de farinha, onde é descascada e limpa manualmente.
Ralagem/Trituração: A raiz limpa é então triturada ou ralada, tradicionalmente em um ralador (chamado de "caititu") ou pilão, transformando-a em uma massa úmida.
Prensagem (Tipiti): A massa ralada é colocada em um tipiti, um cesto cilíndrico feito de taquaraçu, que é espremido para extrair o excesso de líquido (o manipueira, que contém ácido cianídrico e deve ser manuseado com cuidado). A prensagem pode levar horas ou até o dia seguinte, resultando em blocos de massa semi-seca.
Descompactação e Peneiramento: Após a prensagem, os blocos de massa são desfeitos e peneirados (pelo menos duas vezes) para reduzir o tamanho dos grumos e uniformizar a farinha. O tipo de peneira utilizada define se a farinha será fina, média ou grossa.
Torrefação (Encalada): A massa peneirada é levada a um grande tacho de ferro ou cobre, aquecido com lenha (madeiras fortes como goiabeira são preferidas). A primeira torra, chamada de "encalada", começa o processo de secagem, mexendo constantemente com pás de madeira. O ponto da farinha é identificado pelo cheiro e pelo barulho que faz no tacho.
Torra Final e Resfriamento: A farinha encalada passa por uma torra final mais lenta até atingir o ponto ideal: seca, crocante e com o aroma característico. Depois, é retirada do tacho e deixada para esfriar completamente antes de ser embalada.
Tradição e Comunidade
Esse processo é um importante evento social e cultural nas comunidades caiçaras, muitas vezes envolvendo várias gerações da mesma família ou vizinhos, que se reúnem nas casas de farinha para trabalhar coletivamente, mantendo viva uma tradição ancestral de origem indígena. A farinha resultante, muitas vezes chamada de "farinha da terra", é um alimento base da culinária local, consumida com peixe e banana, no pirão, ou em receitas como o pé de moleque caiçara.
GUINHO CAIÇARA
via facebook

Comentários