Fundart inaugura exposição do escultor Bigode, o “Aleijadinho Caiçara”

 


 

Esculturas que chegaram ao Vaticano e a diversos locais do Brasil e do mundo nasceram das mãos de Antônio Theodoro de Souza, o Bigode, reconhecido como o “Aleijadinho Caiçara”. A história e a produção desse artista, referência da escultura popular, agora pode ser conhecida de perto na exposição “Bigode – Mestre da Madeira”, aberta nesta quarta-feira, 10 de setembro, na sede da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (Fundart), na Praça Nóbrega, 54.





A mostra, organizada pela Gerência de Patrimônio da Fundart, reúne esculturas do acervo da instituição e peças cedidas por familiares e amigos, além de fotografias e medalhas conquistadas pelo artista em corridas de rua, esporte do qual participou em diversas provas regionais e em edições da São Silvestre. A proposta é apresentar ao público tanto a obra quanto a vida de Bigode, que conciliou a produção artística com a paixão pela corrida.

A visitação é gratuita e pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, diretamente na sede da Fundart, até 10 de outubro.


Nascido em Ubatuba e morador por muitos anos do Perequê-Açu, Bigode foi santeiro — artesão dedicado a esculpir imagens religiosas — e produziu mais de 5 mil peças em madeira, utilizando espécies típicas da Mata Atlântica, como caixeta, guairana, urucurana e cedro. Sua fama se ampliou ao ponto de ter uma escultura do rosto de Cristo exposta no Vaticano, levada por seu amigo Frei Pio.


“Como Fundação, ficamos felizes de poder mais uma vez homenagear esse artista caiçara, apresentar as suas obras para o público e mostrar a grandiosidade do seu talento, agradeço muito todos que cederam esses itens para que possamos abrir essa exposição’”, comentou Thaila Brito, diretora-presidente da Fundart, lembrando que em 2023 já havia sido promovida uma mostra no Teatro Municipal e destacou que, desta vez, a escolha pelo saguão da sede busca aproximar a história do escultor do cotidiano da cidade.

A trajetória de Bigode

Antônio Theodoro de Souza (1932-2015) começou a esculpir ainda criança, assinando suas primeiras peças com uma estrela e, mais tarde, com as iniciais BAT. Autodidata, iniciou produzindo objetos utilitários caiçaras e imagens religiosas para festas do Divino, capelas e oratórios, expandindo o repertório para santos de diferentes tamanhos e personagens do cotidiano local.

Ao longo de mais de dez anos atuou também como professor de oficina cultural da Fundart.

Mesmo após perder a visão, já na velhice, Bigode seguiu esculpindo e transmitindo seu ofício. Faleceu em junho de 2015, aos 82 anos, deixando um legado reconhecido em igrejas, coleções particulares e instituições no Brasil e no exterior, consolidando-se como um dos grandes santeiros do país.


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