O Avistamento de Tio Neco — Maranduba, Anos 70

 


 


Era final de tarde na Praia da Maranduba, lá pelos idos da década de 70, quando o céu começava a ganhar tons alaranjados e o cheiro de maresia se misturava ao da lenha que queimava nos fogões dos casebres espalhados pelo sertão. Tio Neco vinha voltando da casa do vô Estevan , onde tinha ido pegar um pouco de mandioca para seu sustento pois tinha atrasado o pagamento .



Carregava o bornal no ombro e seguia pela estradinha de terra batida que passava rente à rodovia, atravessando uma gamboa rasa que se formava entre a maré e os mangues baixos.
Foi ali, naquele trecho meio escondido entre a mata e a estrada, que ele viu. Primeiro, achou que era farol de carro ou clarão de relâmpago, mas logo percebeu que o brilho vinha de cima. Um objeto arredondado, prateado e silencioso pairava imóvel sobre a gamboa, como se observasse alguma coisa. Não fazia barulho de motor, nem tinha hélice — apenas flutuava, com uma luz forte que pulsava de dentro para fora, iluminando a água rasa e fazendo os passaros levantarem voo em alvoroço.
Tio Neco, homem matuto e sem medo de assombração, chegou mais perto, botando a mão na aba do chapéu para enxergar melhor. Foi quando o disco — ou ovni, como o pessoal mais estudado chamava — acendeu-se todo num clarão azulado e, num só movimento, disparou na direção da Serra , sumindo por trás das árvores como um risco de luz no céu.
Correu pra casa espantado, tropeçando nos tocos do caminho, jurando pela sua alma o que tinha visto. No outro dia, espalhou-se a notícia. Uns riram, outros disseram que ele viu era balão, mas quem conhecia Tio Neco sabia: aquele homem não inventava coisa à toa. E até hoje, quando o céu de Maranduba fica limpo e as estrelas aparecem com força, tem quem diga que aquele ovni pode voltar... ou que talvez nunca tenha ido embora de verdade.
Texto baseado na história do Tio Manoel Félix ( tio Neco ).


GUINHO CAIÇARA VIA
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