Jean de Léry, o primeiro etnógrafo, pastor no Brasil durante a era do Renascimento.
“Os índios Tupinambá vistos por Staden, Thevet e Léry:
Três histórias, três aspectos.
Se, do lado alemão, o testemunho de Hans Staden, o "Warhaftige Historia und Beschreibung" publicado em Marburg em 1557, é único, do lado francês temos um duplo testemunho, o testemunho de dois irmãos inimigos, o católico André Thevet (1516 -1592), autor em 1557 da Singularitez da França Antártida, e do protestante Jean de Léry (1534-1613), que publicou vinte e um anos depois "a História de uma viagem feita às terras do Brasil". Tão bom que na França, desde muito cedo, o Brasil foi alvo de uma polêmica cujos ecos se estenderiam até o Iluminismo.
Esta controvérsia tem três aspectos: político, religioso e antropológico. O aspecto político é o mais imediato: envolve estabelecer responsabilidades pela perda do Brasil francês. O aspecto religioso parece muito mais fundamental: o da presença real e substancial de Cristo na Eucaristia. Esse aspecto está tematicamente ligado à descrição do canibalismo ritual dos Tupinambás. Em terceiro lugar, esta polêmica tem base antropológica: é com a descrição dos Tupinambás por Jean de Léry que começa na França esta longa tradição de exaltação do homem da natureza que culmina com o mito do Bom Selvagem no Iluminismo, a partir de Abbé Prévost para Abbé Raynal via Rousseau e Diderot. Contra Léry e Montaigne, Thevet rebelou-se e denunciou aqueles que se indignavam com as crueldades alegadamente cometidas pelos espanhóis no Novo Mundo e que consequentemente idealizavam a figura do selvagem livre e nu. Ao ouvi-los falar, exclama Thevet, “diríamos que eles têm toda a humanidade e reforma que é necessária nas suas canoas”. O debate entre os defensores da colonização excessiva e os defensores do índio tem um futuro brilhante, como sabemos.”
Frank Lestringant
E assim nasceu o Brasil!
A obra baseia-se em fatos históricos reais e fatos novos, o autor Detlef Günter Thiel realizou uma pesquisa completa sobre Hans Staden, um lansquenete espingadeiro alemão, em todo lugar onde esteve: no Norte de Hessen/Alemanha, em Portugal e no Brasil. Ele conhece a época das descobertas e utiliza os eventos históricos relevantes como fundo para uma descrição meticulosamente detalhada de todas as ocorrências. Deste romance histórico e seu tempo, poderão entender os hábitos das pessoas, e também o seu sofrimento naquela época, no Renascimento.
"Hans Staden Sua Alma, Minha Alma?" da Edição FLOR Do TEMPO
FONTE :
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