Os Tamoios, “os avós”, eram tupinambás que se espraiaram pelo litoral do Rio de Janeiro. Em meados do século XVI, seus limites meridionais iam até Iperoig, a atual Ubatuba, na costa de São Paulo, chegando, ao norte, à região de Campos dos Goitacazes, no atual estado do Rio de Janeiro, e entrando pelo vale do Paraíba do Sul.
Os #goitacazes, seus vizinhos ao norte, eram do tronco Macro-Jê, índios aguerridos e inimigos, Os goitacazes de “língua travada” eram uma intermitência num litoral dominado por indígenas falantes do #Tupi antigo.
Já a nordeste do território dos goitacazes estendia-se o território dos #temiminós, “os netos”, uma cisão dos tamoios do sul.
Os tamoios tornaram-se, desde cedo, a grande #ameaça para a #colonização portuguesa no Brasil meridional, que naquela época correspondia à capitania de São Vicente.
Com a invasão dos franceses na Baía da Guanabara, em 1555, os tamoios tornam-se seus grandes aliados.
Sete anos depois, instigados por aqueles, estavam todos confederados contra os portugueses numa aliança conhecida como #Confederação dos Tamoios, que deveria destruir o que havia de civilização lusitana na porção sul do Brasil quinhentista, agrupando índios desde Cabo Frio até Bertioga e também incluindo os índios do Vale do Paraíba.
A colonização portuguesa no Sudeste corria sério risco. Se os tamoios fossem bem sucedidos, os #franceses tomariam conta de uma vasta área do Brasil, que passaria a ser colônia francesa.
Além das constantes ameaças dos franceses e dos índios seus aliados, havia também as ameaças dos chefes e feiticeiros indígenas tamoios que combatiam a catequese.
Em 1562 São Paulo sofre um ataque de índios, instigados por seus caraíbas, que viam nos padres uma ameaça a sua estabilidade.
O ataque aconteceu em 9 de julho de 1562. Milhares de homens, todos pintados, aparecem em torno da vila, fazendo um barulho infernal. Contudo, a vila foi defendida por #Tibiriçá, com apoio das aldeias próximas e com reforços vindos do litoral e, apesar das muitas mortes, a vila não foi destruída e os atacantes retiraram-se.
#Anchieta e Nóbrega, ainda em 1562, com o fito de evitar a guerra iminente, oferecem-se como #reféns dos tamoios em Iperoig, para que eles enviassem seus emissários a São Vicente para entabular negociações com os portugueses e, assim, encontrar diplomaticamente uma solução para a animosidade minaz que preocupava os portugueses.
O acordo de paz demoraria meses para ser conseguido. Nóbrega volta para São Vicente, deixando #JosédeAnchieta sozinho no meio dos índios inimigos, que em todo momento falavam em matá-lo e em devorá-lo.
Além disso, muitos o ridicularizavam por não aceitar as mulheres que eles lhe ofereciam, procedimento comum entre os primitivos habitantes da costa do Brasil. Os índios dividiam-se, uns a favor, outros contra os missionários.
Contudo, um dos caciques tamoios, o famoso #Pindobuçu, que fora convertido ao cristianismo, protegia Anchieta dos índios hostis.
Depois de sete meses de permanência com os tamoios, a paz foi conseguida com algumas tribos e Anchieta foi embora para #SãoVicente. Mas os franceses continuavam na Baía da #Guanabara e sua presença ali era uma constante ameaça, por causa das alianças que faziam com os índios inimigos dos portugueses.
A paz que os portugueses haviam conseguido com os tamoios não foi durável e somente se efetivou com algumas tribos mais próximas.
#AConfederaçãodosTamoios voltou a organizar-se e o perigo de um guerra era grande.
O governador-geral Mem de Sá manda, então, seu sobrinho #Estácio de Sá para expulsar os franceses. Ele chega a São Vicente em 1564, em busca de apoio e de reforços para realizar seu projeto.
Nóbrega e Anchieta conseguem recrutar muita gente para reforçar a armada de Estácio de Sá. Em janeiro de 1565 eles partem para a Baía da Guanabara.
#EstáciodeSá funda junto ao Pão de Açúcar uma fortificação, que era o núcleo inicial da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
A guerra estende-se na terra e no mar por todo o ano de 1565, com muitas mortes das duas partes. De Portugal chegam reforços para a guerra contra os franceses que continuavam na Baía da Guanabara. O próprio Mem de Sá resolve ir ajudar seu sobrinho, que lutava havia mais de um ano e meio, sem conseguir vitórias decisivas. A 19 de janeiro de 1567, chegam à Baía da Guanabara e, no dia seguinte, dia de São Sebastião, desfecham, com o apoio do cacique #Araribóia, um ataque decisivo contra o reduto dos franceses, o atual Morro da Glória.
Estácio de Sá é frechado no rosto e morre um mês depois. Num segundo ataque, ocorrido na Ilha do Governador, os soldados e índios de Mem de Sá obtêm completa vitória contra os franceses.
As aldeias tamoias são destruídas e muitos índios são mortos. O Auto de São Lourenço de Anchieta, escrito em 1583, dá testemunhos dessa guerra.
Nele vemos os diabos gabarem-se de seus feitos, entre os quais o de terem destruído os tamoios e suas aldeias:
“Îa’u pá Mosupyroka, Îekeí, Gûatapytyba, Nheterõîa, Paraíba, Gûaîaîó, Kariîó-oka, Pakukaîa, Arasatyba. Opá umã tamyîa sóû, okaîa tatápe oupa; mokõînhõ, Tupã raûsupa, kó taba pupé sekóû,oîepysyrõmo okupa.”
“Comemos toda a Moçupiroca, Jequeí, Guatapitiba, Niterói, Paraíba, Guajajó, Carioca, Pacucaia, Araçatiba. Todos os tamoios já foram, Estando a queimar no fogo; Poucos somente, amando a Deus, Nesta aldeia moram, Estando a salvar-se.”
Assim, sobre os escombros da guerra é feita a segunda fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
O núcleo primitivo, fundado em janeiro de 1565 por Estácio de Sá é deslocado para um lugar mais seguro, o Morro do Castelo.
Seria em torno dele que iria crescer, agora sob o domínio português, a futura cidade do #RiodeJaneiro.
Fonte: prof Eduardo Navarro
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