Estive na praia de manhã. Quase ninguém, exceto surfistas e caminhantes. Acomodo minha cadeira debaixo de uma amendoeira que o "Seu" Adílson, in memoriam, plantou há anos e abro o kindle para ler Nietzche. Logo desisto e vou ao Uol ver quem será o próximo eliminado do "1984".
Algum tempo de Vitamina D assimilada e aparece um gentil fiscal de posturas, Sancho Pança da quixotesca administração municipal informando que eu não poderia ficar ali, por estar sentado em um objeto de materiais não permitidos nos tempos de pandemia, alumínio e polipropileno. Sim, porque se estivesse sentado naquele tronco de sibipiruna trazido por Posseidon meses atrás e descartado ali na nossa areia como se a praia fosse a lixeira do planeta, poderia. Ou mesmo deitado na areia, como fazia ali ao lado minha onipresente companheira Regina, uma das poucas pessoas que ainda suporta meu comportamento idiossincrático. Como sou bom indivíduo, cumpridor fiel e assíduo dos deveres do lugar, levantei-me e peguei o caminho de volta para casa. Nada contra, dura lex, sed lex. Mas eis que meu olhar se dirige à mureta que divide o lagamar dos jardins urbanizados e tão maltratados que separam a selvagem natureza da civilização. Ali, no fio que divide tão incongruentes paisagens, um grupo numeroso se aglomera em alegre confabulação, são quase visíveis milhões de coroinhas verdinhas recheados de proteínas cor de rosa pairando no ar, contaminando um a um os diversos humanos dentro da lei, uma vez que estão "no passeio", mas não "na praia". Ao lado um outro pessoal participa animadamente de uma partida de volei de praia, com respectiva torcida ao redor, certamente de familiares de cada jogador. Mais uma esticada no olhar e achamos vários surfistas também aglomerados, descansando após as últimas dropadas "da hora". Pena que não temos quase abricozeiros de resto no Pereque Açu. A fome seria devidamente saciada. Volto para casa pensativo, haveria realmente vontade de proteger a pessoas contra essa praga maldita, esse apocalipse antecipado? Ou essas leis seriam como a bem aplicada Lei Eusébio de Queiroz, "para inglês ver"?
Texto e imagem de Nei Caetano Ubatuba..........Via pagina pessoalno facebook
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