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4. INFRA-ESTRUTURA PESQUEIRA
O 'Porto Pesqueiro de Ubatuba dispõe, atualmente, de uma ponte "pier" de
concreto armado com infra-estrutura de tubulões. Apesar de suas dimensões consideráveis, a fai-
xa útil para a atracação restringe-se aos 20 metros frontais, correspondentes à cabeça da ponte. A
deficiência em questão se deve à falta de cortinas de proteção nos trechos laterais. A descarga
do pescado é feita por meio de pequenos cestos de vime, em operação inteiramente m a n u a l .
Daí o pescado é transportado para caixas de madeira e levado aos caminhões que estacionam na
extremidade do pier.
A operação de descarga, além do mais é seriamente prejudicada pela altu-
ra excessiva do pier. Nestas condições o pescado capturado por uma traineira leva, normalmen-
te, cerca de 12 horas para ser desembarcada. Nas épocas de safra da sardinha, verifica-se inten-
so congestionamento, com parte considerável da frota evadindo-se rumo a Santos. Próximo ao
mercado de peixes há um local de desembarque do pescado proveniente da pesca artesanal e
semi-artesanal. As condições de higiene aí são péssimas especialmente porque o rio, em cuja foz
está o Portinho, recebe esgoto da cidade. Nesse local, os "atravessadores" ou intermediários pos-
suem 3 pequenas camarás frigoríficas que servem para armazenar o pescado e guardar gelo.
No entreposto há uma fábrica de gelo com capacidade nominal de produção de 10
ton/dia. A fabricação obedece a técnica convencional do tanque de salmoura. Devido ao péssi-
mo estado de conservação do equipamento, ocorrem frequentes paraiizações. Normalmente a
produção real não chega a 4.5 toneladas de gelo.
Em Ubatuba existe ainda uma fábrica de gelo de 30 ton/dia, pertencente a
particulares. Mesmo assim a oferta de gelo é bastante inferior à demanda.
Ubatuba conta atualmente com duas câmaras frigoríficas, cuja área total é
inferior a 30 m2. Seu estado de conservação é muito precário e uma delas inclusive não f u n -
ciona mais.
O Porto Pesqueiro não possui instalações apropriadas para o abastecimento
de óleo diesel aos barcos. Os suprimentos de combustível, então, são feitos em outro
ponto da enseada, a preços elevados.
Além do item acima, Ubatuba não dispõe de nenhuma das outras instalações
essenciais ou complementares de um terminal pesqueiro.
A inexistência de uma infra-estrutura adequada é responsável, em parte, pela
desorganização e precariedade em que se encontra a pesca em Ubatuba.
5. PREÇOS DO PESCADO
A presente análise visa lançar algumas hipóteses a respeito do comportamen-
to dos preços dos pescados mais frequentes em Ubatuba. Foram utilizados dados de preços de
atacado no CEAGESP, para onde se destina parte do pescado do Litoral Norte. Muito embora,
não seja todo o pescado do Estado que é comercializado no CEAGESP, este detém uma parce-
la razoável do mercado. Além do mais, não é possível se conseguir dados mais completos, prin-
cipalmente em relação ao preço em outras fontes. Foram escolhidas nove espécies: sardinha, ca-
marão sete barbas, camarão legítimo, goete, bonito, carapau, cavala, cavalinha e cação. Tal es-
colha liga-se ao fato de que essas espécies são as mais pescadas em Ubatuba (Quadro n.° 6).
5.1. Quantidade Comercializada
De uma maneira geral, entre 1968 e 1972, à exceção da sardinha, a maioria
das espécies sofreram decréscimo de comercialização no CEAGESP, especialmente o camarão le-
gítimo e sete barbas. Algumas espécies mostraram flutuação no período. A única espécie com
acréscimo constante foi o bonito.
Existem vários fatores que podem explicar essas variações das quantidades co-
mercializadas. A explicação mais convincente seria a do caráter sazonal que esta atividade pos-
sui. Outras variáveis menos significativas também teriam sua influência:
- hábitos do consumidor (sabe-se que, tradicionalmente o brasileiro é con-
sumidor de carne bovina verde e qualquer alteração em seus hábitos
de consumo é demorada);
- preço dos bens substitutos (no caso, a própria carne bovina)
- alterações no poder aquisitivo do consumidor, etc.
Contudo o que interessa de imediato é verificar a influência do preço sobre
essas variações de quantidades.
5.2. Os Preços
Os preços apresentaram um comportamento mais uniforme no período. D
acordo com o Quadro 7, verifica-se que os preços apresentam uma alta no período de 1968/69.
No período seguinte (1969/70), das 9 espécies, 7 tiveram seus preços diminuídos. Posteriormen-
te os preços se recuperaram para 5 espécies, logo em 1971 e para as demais em 1972. Cavali-
nha e Carapau são exceções pois no período de baixa, eias tiveram seus preços aumentados e
em 1972 apresentaram preços a níveis mais altos que em 1970.
Em termos gerais, houve uma queda nos preços no período 1969/70 que po-
de ter sido causada por questões económicas mais amplas, e tem havido em 1971/72 uma re-
cuperação lenta.
5.3. O Comportamento da Comercialização frente aos Preços
Como se observou nos itens anteriores, a demanda de pescado é uma f u n -
ção de vários fatores e não somente do preço. Pressupõe-se porém que esta variável seja a mais
importante na determinação da quantidade demandada.
Segundo pesquisa realizada em 1971 pelo Dr. Joaquim Ribeiro de Morais,
procurando as causas do baixo consumo de pescado na capital paulista, chegou-se ao seguinte
resultado:
Produto caro 52%
Má qualidade 38%
Não gosta 19%
Faz mal 11%
Não é encontrado 8%
Desconhece o preparo 3%
Medo de espinhas 1%
Difícil Limpeza 1%
Dessa forma, generalizando o resultado desta pesquisa, a demanda depende-
ria na sua maior parte do preço do pescado, em segundo lugar viriam os hábitos de consumo
e em último lugar a eficiência ou não da comercialização do produto.
Os gráficos anexos procuram constatar a veracidade da influência do preço,
percebendo-se uma relação preço/quantidade. As elevações de preços correspondem baixas nas
quantidades consumidas. Os gráficos 1 a 4 mostram essa tendência (Carapau, cavala, camarão se-
te barbas, camarão legítimo), não sendo entretanto válida para todas as espécies. Os gráficos 5
a 8 apresentam, pelo menos durante um período, um viés (Goete, sardinha, bonito, cação). Nes
tes casos, a variação em um período determinado, foi ocasionada por outras causas que não
preço. Já o gráfico 9 mostra uma tendência completamente adversa (cavalinha).
CONTINUA .....CONFIRA DIA 17 DE MARÇO A 4ª PARTE
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