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A análise do Quadro 10 demonstra que desde 1968 há uma diminuição re-
lativa do pescado de Ubatuba entregue e comercializado no CEAGESP; de 50.2% em 1968 so-
mente 21.6% em 1972 são transportados para S. Paulo. Pode-se lançar a hipótese de que as
indústrias e o consumo local tem aumentado de 1968 para cá.
A análise dos dados da pesquisa esclareceu alguns itens relativos ao sistema
de comercialização local.
QUADRO 11
DESTINO DA PRODUÇÃO
UBATUBA
Consumo Venda %
Categoria de Pescadores %
Próprio
1. Industriais — — 40 100,0
2. Artesanais 17 33.3 34 66.7
2.1. Dono dos aparelhos de pesca 11 31.4 24 68.6
2.2. Camaradas 6 37.5 10 62.5
29
1
Pelo Quadro 11 percebe-se uma nítida distinção entre os pescadores
indus-
triais, que
destinam a totalidade de sua produção para a venda e os artesanais dos quais
i íi > 66.7%
vendem regularmente o produto de sua captura. Os restantes, 33.3% — são
constituídos
r Y pelos
'pescadores lavradores", ou "pescadores biscateiros" que buscam
na atividade pesqueira
uma
complementação de renda ou um meio de subsistência. O número maior de
pescadores que
pescam só
para o consumo se localiza em praias como Perequê-Açú, 7 1 % , Lázaro, 60%;
Forta-
leza, 60%;
níicleos aliás em que a pesca se acha decadente por existirem aí somente
pescadores
artesanais»^otorizados.
Quanto a procedência dos compradores, 72.5% dos artesanais afirmaram que
vendem o
pescado para comerciantes do próprio local, enquanto que os demais vendem para
compradores
de fora.
Cerca de 2 1 % afirmam ter compromisso de venda com atravessadores e os
demais
negociam mais livremente.
Em Ubatuba percebe-se que ainda subsistem laços de dependência entre os
pescadores
artesanais e os atravessadores e donos de cerco. Entretanto, segundo
informações lo-
cais, até
aproximadamente 1968, havia dois grandes atravessadores em Ubatuba que
dominavam
toda a atividade pesqueira. Atualmente, com a
vinda de novos atravessadores, a concorrência
aumentou
mais, e o grau de liberdade de vender para um ou outro atravessador tornou-se
maior.
Mesmo assim, o pescador, especialmente o artesanal, desconhecendo os me-
canismos do
mercado, fica à mercê do atravessador que retira cerca da metade do valor do
pes-
cado, para
cobrir o transporte e sua taxa de lucros.
Já na pesca da sardinha, os donos de barco preferem entregar o pescado
na
praça do Rio
de Janeiro, onde os preços são melhores e a taxa de comercialização não ultra-
passa os 10%
do valor do produto.
7. PESCADORES
7.1.
Número de Pescadores
Dada a carência de dados oficiais, e os obstáculos inerentes a qualquer
tipo
de
cadastramento de pescadores disseminados por dezenas de praias, na maioria das
vezes dis-
tantes dos
centros urbanos, é muito difícil precisar o número de pessoas que se dedicam à
atividade
pesqueira em Ubatuba. Para suprir essa dificuldade foi realizado um
cadastramento pre
liminar dos
pescadores, executado através de professores e líderes locais. Para esse f i m
f o i
considerado
pescador todo indivíduo que retire do mar seu sustento principal de renda e
venda
parte ou a
totalidade de sua produção. O pescador foi considerado artesanal quando na
captu-,
ra e
desembarque de toda a classe de espécies aquáticas trabalha sozinho e/ou
utiliza mão-de-
obra familiar
ou não assalariada, explorando ambientes ecológicos limitados através de
técnicas
de reduzido
rendimento relativo e que destina sua produção, total ou parcial, ao mercado.
Se-
gundo a
classificação utilizada o pescador artesanal pode ser dono dos aparelhos de
pesca ou
camarada
(quando trabalha com apetrechos de pesca que não são de sua propriedade e ganha
por partes). O pescador
"industrial" é aquele que, na captura e desembarque de toda a classe
de espécies
aquáticas, trabalha como assalariado (disfarçado ou não), explorando ambientes
ecoló-
gicos mais
amplos através de técnicas de produtividade mais elevada, destinando toda sua
produção
30
para o mercado.
QUADRO 12
PESCADORES DE
UBATUBA
Pescadores
Número Absoluto %
1. Artesanais
280 62.1
1.1.
Motorizados
75 —
1.2. Não
Motorizados
205 —
2.
Semi-industriais
61 13.4
3. Industriais
111 24.5
4. Pese.
Ocasionais
100 —
TOTAL
552 —
Em
Ubatuba, apesar da importância crescente das atividades turísticas, a pes-
ca é ainda uma atividade responsável pela renda de mais de
20% da população local. Este cál-
cuo é ainda conservador uma vez que não leva em consideração
indivíduos que trabalham em
aiividades intimamente ligadas à pesca, como a fabricação de
gelo, transporte de pescado, con-
serto de embarcações. Se houvesse o acréscimo desse pessoal,
Ubatuba apresentaria pelo menos
35% de sua população ligada ou dependente diretamente da
pesca.
Em
relação aos tipos de pescadores, os artesanais formam o agrupamento
mais numeroso com uma média de 60% sobre o total. Estão
espalhados por mais de 30 praias
em todo o município de Ubatuba, em algumas próximas à cidade
como do Lázaro, Enseada,
Pe^eauê, etc, e outras muito distantes para as quais o único
acesso é o barco, como é o caso
de Camburi e Picinguaba.
A
pesca semi-industrial é a realizada por "baleeiras", barcos de até
9m., de
ropriedade do próprio
pescador que paga em partes aos embarcados, geralmente parentes. A
porcentagem dos pescadores semi-industriais é relativamente
pequena (13.4%) mas é responsável
pela maior parte do camarão 7 barbas e legítimo desembarcado
na cidade.
A pesca industrial, dedicada especialmente à
captura da sardinha já adquiriu
bom desenvolvimento local, utilizando mais de 24.5% dos
pescadores locais.
7.2. Distribuição
dos Pescadores por Praias
O Quadro 13 realizado a partir do cadastramento de pescadores (1971/72)
permite uma visão global dos pescadores distribuídos em 27
núcleos de pesca ao longo do lito-
ral ubatubano. Na área sul, que vai desde a divisa com
Caraguatatuba até a praia das Toninhas,
existem 16 núcleos ou praias onde existem 213 pescadores. De
todos os núcleos somente o Sa-
co da Ribeira apresenta uma pesca mais organizada, com
aproximadamente 43 pescadores, sen-
do 7 deles (16%) possuidores de embarcações motorizadas. As
boas condições de atracação aliadas
à existência de uma pequena colónia japonesa dedicada à
pesca são os fatores responsáveis pela
estruturação das atividades pesqueiras nesse núcleo. As
demais praias desse primeiro trecho, de uma ma-
neira geral, já foram tomadas pelas casas de turistas e a
pesca tornou-se uma atividade suplemen-
31
tar e de segunda innportância, pois os pescadores artesanais
trabalinam no ramo de serviços (ca-
seiros, pedreiros, e t c ) .
Já
na cidade de Ubatuba existem cerca de 62 pescadores, 16% dos quais são
possuidores de canoas e baleeiras motorizadas. De uma
maneira geral, localizam-se no Portinho
que congrega a maioria dos pescadores artesanais e
semi-artesanais locais.
O
terceiro setor começa em Perequê-Açú e se estende até Camburi, no limite
com Parati e abrange 7 núcleos com 195 pescadores. É nessa
área que se situa o núcleo de Picin
guaba, sem dúvida o que congrega o maior número de
pescadores do município de Ubatuba
(80). A pouca comunicação com o centro urbano, que é feita
unicamente através do mar, a ine-
xistência de outras atividades económicas, com exceção da
agricultura e a maior tradição de pesca
fazem de Picinguaba o maior núcleo pesqueiro do município em
termos de pessoal ocupado.
Uma pesquisa por amostragem, (formulário em anexo), realizada em 1972,
permj
te delinear algumas características que podem traçar o
perfil do pescador do Litoral Norte do Es-
tado de São Paulo.
QUADRO 13
CADASTRO DE
PESCADORES EM UBATUBA - 1971/1972
Kl o TECNOLOGIA E
RENDA
Vila de
Pescadores
de Pescador Pescador Cercos Redes Renda média
r t n c a u u i o» c/ motor /c
s/ motor /c Flutuant. mensal-Cr$
Sim Não
1. DA T A B A T I N G A ATÉ A CIDADE
1. Tabatmga
19 8 42.0 11
58.0 0 19 0 (*)
2 Saco das Bananas 19 0 0.0 19
100.0 0 6 13
(*)
3. Sete Fontes 1 0 0.0 1
100.0 0 1 0 (*)
4. Perez 4 1 25.0 3
75.0 0 4 0 C)
5. Ponta Aguda 10 3 30.0 7
70.0 2 6 4 (*)
6. Maranduba-Lagoinha 17 1 6.0 16
94.0 1 13 4 150,00
7. Bonete 10 0 0.0 10
100.0 2 1 9 (*)
8. Flamengo 17 3 18.0 14
77.0 2 2 15 350,00
9. Lázaro 8 4 50.0 4
50.0 0 4 4 291,00
10. Perequé-MIrim 6 3 50.0 3
50.0 — 4 2 (*)
11. Fortaleza 18 4 14 — 1 15 3 350,00
12. Saco da Ribeira 43 7 16,0 36
70.0 7 18 25 407,50
13. Toninhas 6 0 0.0 6
100.0 4 2 (*)
14. Enseada 7 2 9.0 5
71.0 2 4 3 158,00
15. Simões 5 1 25.0 4
75.0 — 2 3 (*)
16. Caçandoca 23 0 0.0 23
96.0 1 2 21 (*)
SUBTOTAL
213 37 176 18 105
108
II. C I D A D E
1.
Itagua 14 4 29.0 10
64.0 2 9 5 (*)
2.
Cidade
24 2 8.0 22
92.0 — 11 13 (*)
3. Umuarama 12 2 17.0 10
75.0 3 9 392,85
4.
Perequé-Açú
12 2 17.0 10
67.0 7 5 216,50
SUBTOTAL
62 10 52 2 30 32
IH. C I D A D E -
C A M B U R I
1. Felix 13 6 46.0 7
54.0 — 2 11 (*)
2. Léo 9 1 11.0 8
56.0 — 2 7 (*)
3.
Ubatumirim
21 9 43.0 12
52.0 —
11 10 132,50
4.
Almada
32 5 16.0 27
81.0 11 2 389,00
5. Fazenda da
Caixa 10 0 0.0 10
90.0 1 9 (*)
6.
Picinguaba
80 7 9.0 73
88.0 3 20 60 396,34
7. Camburi 30 0 0.0 30
100.0 2 10 20 135,90
SUB-TOTAL
195 28 167 5 57
138
TOTAL
470 77 395 25 192
278
OBSERVAÇÕES: (*) Praias que não fazem
parte da amostragem.
32
8. MEIO NATURAL E TECNOLOGIA
Na
região estudada, como se observou, especialmente nas duas últimas déca-
das tem havido melhorias tecnológicas. Essas melhorias, como
a introdução da rede de nylon,
do cerco flutuante, canoas e baleeiras motorizadas e barcos
têm sido função do desenvolvimen-
to de um sistema de preços mais atrativos para o pescado e
foram introduzidas por pescadores
de outras regiões em que a atividade pesqueira tendo
atingido nível tecnológico mais alto não
apresentava elevada produtividade.
O Quadro 14 apresenta os tipos de embarcações existentes em Iguapé,
Cana-
néia e Ubatuba, em 1971. Por essas informações é possível
notar que existe uma participação
bastante significativa da pesca artesanal, representada pelas
canoas a remo, canoas motorizadas e
baleeiras, alcançando mais de 85% do total das embarcações
do município estudado.
8.1. A Pesca
Industrial em Ubatuba
Apesar da pesca industrial ser efetuada por somente 3.1% das embarcações
é
ela responsável por mais de 90% da produção obtida. Os
barcos, em geral maiores de 18m., se
dedicam à pesca da sardinha enquanto que outros, de mais de
9-1 Om. estão empenhados na
pesca do cação, tendo por base o Saco da Ribeira.
Quanto aos sardinheiros, foram considerados barcos fixos aqueles que
descar-
regam no entreposto constantemente durante pelo menos 3
meses. Esses representaram 20% das
embarcações em 1967; 15.4% em 1969 e 21.2% em 1970. Esses
barcos pertencem a empresas
locais possuidoras de indústrias de pesca. A produtividade
por barco tem aumentado considera-
velmente pois de 1967 a 1970 houve um aumento de 241.8% para
os barcos fixos. No entan-
to, o mesmo não ocorre com o valor obtido que no mesmo
período aumentou somente 5.9%.
Os demais barcos, que representam 78.8% em 1970 são
considerados ocasionais, descarregando
no entreposto de modo descontínuo.
O
Quadro 15 mostra uma evolução positiva na entrega dos barcos fixos que
passam de uma média de 13.553 kg. em 1967 para 37.945 kg. em
1969 e 46.331 kg. em 1970.
No entanto, a esse aumento de produção média não
correspondeu um aumento no valor ob-
tido, que em 1970 foi inferior ao de 1969. Esses dados, por
outro lado, não representam a
produção média por barco, pois foi obtido a partir das
descargas em Ubatuba, enquanto que o maior
número de descargas se fez em Santos e no Rio de Janeiro.
Quanto às características da frota, os barcos que normalmente
descarregam
sardinha em Ubatuba são considerados médios e grandes pela
classificação do Instituto de Pesca
e trabalham 21 dias por mês (tempo do escuro).
É
mais significativo ver a produção média dos 3 barcos mais fixos em Uba-
tuba (Guaiuba I, II e Amapá).
A
produção média mensal desses 3 barcos que pescaram o ano inteiro em
1967, 69 e 70 mostram que houve um aumento anual: 36.166 kg.
por mês no 1 .o ano, 57.434
por mês no 2.0 ano, e 80.467 no último ano. Quanto à renda
obtida, pode-se perceber contí-
nuas alterações dada a instabilidade e a queda progressiva
do preço real da sardinha (0.27 em
68, Cr$ 0,32 em 69, e 0,25 em 1970). Em 1969 a renda média
mensal, obtida pela descarga
da sardinha em Ubatuba, foi de Cr$ 18.378,00 por barco. Em
1970, com a produção quase
duplicada, a renda média mensal por barco, foi de apenas
20.126,00. Comparativamente portan-
to, apesar de pescarem mais, os sardinheiros receberam menos
pelo seu produto.
CONTINUA...........DIA 29 DE MARÇO DE 2021
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