Não basta nascer no Litoral, morar entre as pequenas extensões de terra diante da imensidão do mar que nos cerca, ou simplesmente fazer das incontáveis espécies de frutos no mar a sua refeição diária. Ser caiçara é conhecer e reconhecer na gente as nossas origens, é carregar com orgulho a nossa história e, principalmente, passar adiante fragmentos da nossa cultura, por mais simples que eles possam ser.
Quem aqui escolhe viver sabe que será encurralado e espremido pelo concreto das imensas mansões, pelo abarrotar de carros durante uma virada de ano ou simplesmente um fim de semana de sol escaldante. Mas isso não importa, viver longe do cheiro da maresia não nos passa pela cabeça, e mesmo quando é preciso partir, subir a serra para conquistar novos horizontes, sabemos que será apenas um até breve e nunca um adeus. Continuaremos caiçaras, sonhando com essa extensão de mar que acalma e nos enche de saudade.
No entanto, somente ter nascido onde o cheiro de mar é forte de norte a sul não nos faz caiçaras, afinal, ser caiçara também é um estado de espírito. Muitos que aqui se encontram sentem na veia o sangue caiçara brotar e vivem, cultuam e transmitem os costumes caiçaras tão arduamente quanto qualquer um que por essas bandas rasgou as entranhas da vida.
Vida simples. Ser caiçara está na simplicidade de ouvir o mar, na espera tranquila pelo morder do anzol, pelas mãos firmes que guiam os barcos, jogam as redes, semeiam e cultivam o seu viver.
Texto publicado originalmente no site www.portalcaicara.com.br
Imagem acima ilustrativa, arquivo blog Ubatubense
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