Escravos das lavouras da cana de açucar
PRIMEIROS ITALIANOS
Enrico Secchi o professor que auxiliou como secretário Clementina Tavernari no recrutamento das famílias, acompanhando-as durante a viagem e permanecendo no Brasil, descreve sua chegada ao Rio de Janeiro e outras aventuras, entre elas:
"... na volta ao Rio de Janeiro, Enrico Secchi foi convidado a entender-se com Joaquim Ferreira da Veiga, servidor público e proprietário de uma grande fazenda chamada Picinguaba, no município de Ubatuba, ao norte da então província de São Paulo. Conseguiu a permissão oficial para retirar da hospedaria dos imigrantes cerca de 30 famílias há pouco chegadas da Itália, provenientes de Mántova, e também o transporte para a localidade. Um contrato foi feito com o proprietário, liquidando seus outros negócios e afazeres, dirigiu-se à Ubatuba, saiu recomendado pelo Cônsul Italiano em São Paulo: deve-se ao sobredito Enrico Secchi um elogio por ter mostrado o máximo zelo em seu encargo...
A viagem a Ubatuba, em 1887, foi a bordo do piróscafo Sepitiba, passando pelos portos de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty. Na chegada, foram recebidos pelo capitão Assunção que retornara do Paraguai, pelo senhor Veiga pai, Carlo Usiglio e grande número de pescadores residentes no local. Os colonos receberam lotes para trabalhar no plano e na montanha. Os dias, semanas, transcorreram na máxima calma, o trabalho se desenvolvia bem nas lavouras começadas.
Eis que uma forte maré inundou a parte plana e as águas entraram nas casas, somente por milagre foi possível salvar a vida de todos. Houve grande pânico e um desânimo tal que boa parte abandonou o local rumo a São Paulo, outros voltaram ao Rio de Janeiro e dali foram despachados pelo Governo Imperial ao núcleo colonial Rodrigo Silva, perto de Barbacena, em Minas Gerais.
Os que ficaram em Ubatuba cultivaram cana cuja colheita perdeu-se por não estarem prontos os alambiques prometidos, o pessoal desanimou. Enrico, a mulher e duas filhas tiveram uma saída de Ubatuba muito sofrida, obrigados a atravessar a pé a Serra do Mar para alcançar o Porto Paraty e daí embarcar num pequeno piróscafo para o Rio de Janeiro."
APOGEU
No final do século passado, que marcou, também, o final do Império, o crescimento de São Paulo agigantou-se. O Norte do Estado, com o Vale do Paraíba, tornou-se verdadeira potência econômica. E o Sul de Minas, região vizinha, acompanhou esse surto de progresso.Ubatuba tornou-se o porto exportador por excelência dessa rica região econômica, onde imperava o café. Como porto de grande movimento, era o ponto final, litorâneo, da chamada rota do café, vinda do Sul de Minas e do Vale do Paraíba. Por aí, nesse período áureo de florescimento econômico, entraram mais de 70 mil escravos. Tão intenso era o seu comércio ultramarino que muitos consulados estrangeiros aí se instalaram, para o serviço de vistos. Houve um período em que 600 navios transatlânticos entravam anualmente no Porto. Ubatuba figurava à frente dos municípios de maior renda da Província. Até a primeira máquina de tecelagem do Estado foi importada por Ubatuba para Taubaté.
As ruas fervilhavam de gente da terra, viajantes, negociantes, tropeiros, aventureiros e demais forasteiros; nos solares, as festas e bailes adquiriam quase que o mesmo esplendor e luxo da Corte; no seu teatro, afamadas companhias nacionais e estrangeiras, de passagem para outras cidades portuárias de importância, nele representavam dramas, comédias e até óperas mais em voga; e, também, cultuavam-se as Musas - no célebre Ateneu Ubatubense, que funcionava como escola e centro literário, dispondo de notável biblioteca de mais de 5.000 volumes apresentados em bem impresso catálogo, grande parte dela doada por S. M. Sereníssima, o Imperador Dom Pedro II.
FONTE..............www.ubaweb.com
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