segunda-feira, 22 de julho de 2019

FANDANGO CAIÇARA UBATUBA



Os homens e mulheres nascidos e criados entre a serra e o mar, conhecidos como “caiçaras”, ocupam a faixa litorânea compreendida entre o norte do Estado do Paraná e o sul do Rio de Janeiro. Possuem um conjunto de saberes específicos herdados da mistura dos aqui originários índios, dos aqui chegados europeus e dos aqui trazidos africanos, constituindo uma importante matriz identitária brasileira.




 O fandango dançado após o mutirão pra colheita de mandioca ou pra confecção da canoa, a ciranda, a rabeca, a viola fandangueira, o tamanco de madeira do xiba, o peixe azul marinho, as promessas a São Gonçalo do Amarante pagas com dança e música, as festas para São Pedro, a Folia do Divino, a canoa de voga, a costura da rede de pesca, o sorriso aberto e a relação íntima com a natureza fazem parte desse universo caiçara, desconhecido pela maioria dos brasileiros. A riqueza desses saberes ancestrais é tão ignorada quanto o verdadeiro genocídio cultural que o caiçara do litoral norte sofreu com a passagem da Estrada Rio-Santos (BR-101), inaugurada na década de 70. O progresso do asfalto trouxe a especulação imobiliária e a invasão dos turistas que, aos poucos, vão soterrando o caiçara, que agoniza nos chamados “sertões” (encostas das serras), partiu para a cidade grande ou passou a morar nas favelas que surgiram. De pescadores, caçadores e lavradores passaram a exercer funções em que seus saberes não são valorizados. A globalização mistura tudo e valoriza a cultura de massa. Os antigos queixam-se de que, com a mudança trazida pelos novos tempos, os jovens não têm interesse no aprendizado de sua cultura de raiz, de modo que a manutenção da tradição fica comprometida. Como em outras partes do Brasil, o progresso vem esmagando memórias, identidades e imaginários. O Fandango Caiçara, considerado patrimônio imaterial brasileiro pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), é um gênero musical fortemente associado ao modo de vida de toda essa população. Mais de uma dezena de danças podem estar presentes num baile de fandango: Anu, Arara, Tontinha, Ciranda, o Xiba, Canoa, Cana Verde, Serra Baile, Dança do urubu, dentre outras. Algumas bailadas, outras coreografadas em roda. Outras, ainda, como o xiba, percutindo-se os pés nos chão, que antigamente era dançada com tamancos de madeira. Em todo o litoral norte do Estado de São Paulo somente a cidade de Ubatuba tem um coletivo que dedica-se ao fandango, composto por cerca dez resistentes, que também são os responsáveis pela manutenção da tradição da Peregrinação da Folia do Divino Espírito Santo. O grupo foi criado em 2005, idealizado por Mario Ricardo de Oliveira (Mário Gato, proponente), Mário Luis de Oliveira (Marinho), André de Abreu Damásio (Dedé) e Washington Garcez (Ostinho). Este grupo de jovens, filhos e netos de fandangueiros, com o objetivo de manter a tradição dessa manifestação cultural, aprendeu com mestres mais velhos, que já na época eram raros. O Grupo se apresenta em festejos populares e festivais, dentro e fora do município, levando ao público, com suas violas, machete, rabeca, pandeiro e caixa, uma boa dose de cultura e alegria, através da contação de causos e história musicada. Embora não se duvide da força da cultura popular, que se modifica, se reinventa, se esconde, mas sobrevive, as canções, danças, toques, ritmos, correm o sério risco de desaparecer com seus mestres. Toda e qualquer ação que valorize e apóie projetos de transmissão desses saberes ancestrais referentes à musicalidade caiçara são medidas necessárias e urgentes para a salvaguarda desse importante patrimônio cultural brasileiro. 

FONTE.............Confira a matéria acima completa via  link...

http://www.editaisproac.sp.gov.br/InscricoesEditaisUFDPC/download/downloadArquivo.action;jsessionid=7D6DB14421E9A4A1704C68FB8600BD2A?arq.id=18729

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