quinta-feira, 18 de abril de 2019

AINDA NÃO FOI DESTA VEZ............


               De vez em quando eu sou interpelado por alguém a respeito de um município que era para ser. Onde? Entre a Praia Dura, a partir do rio, até a Praia do Capricórnio, onde está a Lagoa Azul. Ou seja, separando Ubatuba de Caraguá ficaria o município da Costa Verde. 


Espera aí: Costa Verde não é um condomínio, na Praia da Tabatinga? Isso Mesmo! Assim apareceu no jornal Folha de São Paulo, Costa Verde-Tabatinga: um Momento Histórico foi o título da matéria no dia 6 de novembro de 1977:

               Empresários brasileiros, liderados pelo Sr. Francisco Lopes, estiveram nesta Capital [Paris] para apresentar a banqueiros e investidores europeus o importante empreendimento imobiliário e de lazer que um dos maiores grupos financeiros da Europa está concretizando no Litoral Norte do Estado de São Paulo: Costa Verde.
               Costa Verde fica entre Caraguatatuba e Ubatuba e será um dos maiores centros de lazer do mundo. O grupo financeiro europeu que o está realizando já destinou todos os investimentos necessários à sua concretização.
               A finalidade do encontro, realizado no Maxim’s, e que contou com a presença do embaixador Delfim Neto e de cerca de 100 convidados, representando alguns dos mais importantes grupos financeiros da Europa, foi motivar novos investidores, abrindo, assim, para o Brasil, uma nova frente de progresso e se transformando na semente de outros projetos em nosso país.

               E a matéria, além de citar grandes personalidades do mundo financeiro, políticos, grifes famosas etc. informa ainda que “o prefeito de Saint Tropez, Bernard Blust, declarou-a a Cidade Irmã de Costa Verde-Tabatinga. O ato que une assim, fraternalmente, o empreendimento brasileiro a este importante centro turístico foi encarado como uma demonstração de entusiasmo que o Projeto Costa Verde está despertando na Europa e no Brasil.  
                 Mas como, se nem cidade era?
               Onze anos depois, a nova Constituição Brasileira acenou para a possibilidade de criação de novos municípios. Então, acho que motivado pela atitude do prefeito francês, apareceu um movimento Pró-Emancipação do município da Costa Verde. Quem liderava o movimento era o administrador do Condomínio Costa Verde, o engenheiro Agrício Brasilino e sua esposa Valéria, que anos depois foi minha colega de curso no Módulo (faculdade), em Caraguá.  O argumento principal era a falta de infra estrutura, onde os altos impostos cobrados não se revertiam em nenhuma melhoria.

               Eu tive o interesse de acompanhar algumas reuniões, quando José Nélio era prefeito de Ubatuba. Tudo era muito confuso, mas o centro do novo município seria Maranduba. Ainda tenho um folheto de campanha do movimento Pró-Emancipação:

               Divulgue nossas ideias, mostre o futuro melhor que podemos ter. Compareça às reuniões, traga a família, os amigos; traga até mesmo aquele que é contra, para que ouçamos seus argumentos e debatamos. Ajude na confecção de faixas, distribuição de panfletos, realização de eventos, arrecadação de fundos. Participe da Comissão!
               O que mais me chamou a atenção era que “o município contará com verbas do IPTU, ISS, outras taxas e impostos municipais normais, além dos repasses estaduais e federais e, possivelmente, ajuda dos movimentos ecológicos do país e do exterior, que já se manifestaram neste sentido”.

               Ao ouvir, por ocasião da reunião no Sapê, que os milionários do Condomínio “estão dispostos a ajudarem no que for possível”, me lembrei de um dizer antigo: “Neste pau tem mé”. Quer dizer que tinha um interesse maior que não era explicitado. Na verdade, eu já estava ressabiado desde quando conheci o Zé Palmeira, em 1980, um homem terrível para os caiçaras da praia da Ponta Aguda. Ele era conhecido como “capataz da Costa Verde”. Era o tal que dava tiros, soltava o gado nas plantações dos caiçaras, ameaçava etc.

               Enfim, não vingou o município da Costa Verde. Mas tentaram de verdade!

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