A memória de Ubatuba começa com o
prédio do Sobradão do Porto que foi construído em 1846 pelo armador
português Manoel Baltazar da Cunha Fortes, que veio ao Brasil em 1808
junto com a Corte Portuguesa.
Aqui foi fazendeiro de café e proprietário
de extensa área de terra.
O edifício é uma versão litorânea da
arquitetura urbana que começa a aparecer a partir de 1840, sobretudo
nas vilas do planalto. Para a construção do Sobradão, Manoel Baltazar da
Cunha Fortes mandou vir de Portugal as vigas, os gradís das varandas e
os portais de pedra das portas, as cantarias. Baltazar Fortes alternou a
técnica brasileira da taipa de pilão à alvenaria européia. As pinturas
das paredes foram feitas por franceses. O terceiro andar e o tratamento
dado à fachada tornaram esta obra notável, último testemunho de uma
época de riquezas para Ubatuba, que plantava café e exportava sua
produção por via marítima.
No andar térreo, o solar servia de
armazém, comércio de sal, cereais e outras mercadorias, e de moradia
para a família nos dois andares superiores até cerca de 1926, quando o
espólio da falecida Benedita Fortes Costa, filha de Baltazar, o alugou
para fins de hotelaria. Assim permaneceu até 1934, sob o nome de Hotel
Budapest, quando foi vendido pelo herdeiro Oscar Costa à Companhia
Taubaté Industrial – CTI, de Félix Guisard. Datam dessa época o maior
número de alterações sofridas no edifício e área circunvizinha, onde
Guisard mandou construir uma fileira de pequenas casas, que serviam de
Colônia de Férias aos funcionários da CTI.
Foi tombado em 1959 e, em 1983,
desapropriado pela Prefeitura Municipal de Ubatuba. As obras de restauro
tiveram início em 1983, com verbas do Ministério da Cultura sob a
supervisão do SPHAAN de São Paulo, mas foram desativadas em 1987. A
Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, criada em 1987, passou a ocupar o
prédio no mesmo ano.
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