Da redação do Blog Ubatubense......Estamos divulgando aqui um belo trabalho histórico sobre a construção da Estrada de Ferro Norte de São Paulo, de autoria de Guilherme Carra Makowsky, informo que estou apenas a compartilhar um capitulo da rica história da Ubatuba Antiga, a manutenção deste blog , eu faço com carinho e por amor a minha querida cidade Ubatuba SP, não tenho nenhum lucro com a atualização desse blog, quero apenas auxiliar na divulgação da história de minha cidade...
Muito mais trilhos ficaram
abandonados pelos arredores da cidade e em 1925, quando da chegada da luz
elétrica a Ubatuba, tais trilhos foram aproveitados como postes para a
iluminação pública, muitos persistindo até fins da década de 70
do século XX.
Assim
disse o historiador Fernad Braudel,
sobre a estagnação de Ubatuba.
“ Numa outra região do
imenso Brasil, fiz uma viagem menos poética que aquela de Marvin Harris, mas
não menos reveladora. Ubatuba, na Costa do Atlântico, no Estado de São Paulo,
não muito longe de Santos, conheceu por volta de 1840, sua época de esplendor.
Esteve então ligada por um trafego ativo de tropas de mulas a Taubaté, assim
como Santos a São Paulo que , então não passava de um vilarejo.
Taubaté-Ubatuba, assim como santos-São Paulo, é o casamento, a associação por
cima da poderosa Serra do Mar. Muralha de verdura entre a costa e o interior,
de um mercado colhedor de café e de um porto que o exporta pro mundo inteiro.
Na luta logo travada. São Paulo – Santos prevaleceram , a tal ponto que, da projetada estrada de ferro entre Taubaté
e Ubatuba, só foram construídas as Estações. Ainda hoje, a ligação de Taubaté a
Ubatuba se faz por um carro que consegue, Deus sabe como, a proeza de seguir o
antigo caminho burriqueiro, pista
escorregadia entre as duas cidades: a partida, Taubaté, a qual a indústria deu
nova vida; a chegada, Ubatuba, miserável, engolida pela vegetação tropical.
Seus antigos sobrados abandonados, arruinados pela água, pelas palmeiras
crescendo entre a fissuras dos muros, mas de forma imponente, seu cemitério,
com placas funerárias de uma certa riqueza, falam sozinhos da antiga fortuna de pequeno porto. A cidade
de Ubatuba não sobreviveu. É uma vila de camponeses, de caboclos..........Encontrei
a filha de um engenheiro francês, não sabendo mais uma palavra de sua língua materna, casada com um caboclo,
em todos os pontos, semelhantes a ele. No entanto , Ubatuba tem seus
funcionários, seu juiz de paz também, formados pela faculdade de Direito de São
Paulo, um civilizado em exílio, numa região muito aquém de Minas Velhas. Uma
tarde inteira, escutei escutei ao seu lado um cantor popular, acompanhado de um
tocador de violão ( que é uma espécie de
uma guitarra de seis cordas): todas as canções do folclore dominavam novamente aqui, as únicas no lugar, e uma improvisação cantada, seguindo o antigo
uso, cantava a epopeia da chegada da luz
elétrica: não foram preciso abrir, para a linha e os postes, uma picada
através da floresta que, descida da montanha, encerra a cidade; floresta
impenetrável, mas não virgem, pois que, nos fazia notar o juiz, nosso guia, se achavam , aqui ou ali,
os restos cafeeiros. As plantações desapareceram , como a própria cidade, que
não encontrou nem o circuito que lhe teria permitido ir levando a vidinha, nem
a energia que teria lhe permitido as adaptações. Minas Velhas, no circuito do
Nordeste, teve mais oportunidade.
Por duas outras vezes
esteve em foco a questão da ligação ferroviária de Ubatuba
com o sul de Minas Gerais e do Vale Paulista do rio Paraíba do Sul. A
primeira e bem audaciosa ficou apenas nos projetos iniciais e foi denominada
Estrada de ferro de Ubatuba com três grandes ramais , sendo um para Santa
Branca , passando por Jambeiro; outro para Amparo, passando por Bragança e o
terceiro para Cunha. Tal empreitada foi idealizada por Pedro Costa, influente Prefeito de Taubaté
por inúmeras legislaturas durante a chamada 1 ª República, cuja família chefiou
a policia e o clero locais no mesmo período...
Continua.................Confira
no próximo dia 28 de Abril a sequência e o final dessa matéria sobre a
história da construção da Ferrovia Taubaté –Ubatuba , história essa que
atravessa do período imperial ao republicano.
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