terça-feira, 25 de abril de 2017

OS TRENS SEM TRILHOS - A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO NORTE DE SÃO PAULO - 1874 - 1931......12 ª e PENÚLTIMA PARTE

 

 


 

 

Da redação do Blog Ubatubense......Estamos divulgando aqui  um belo trabalho histórico sobre a construção da Estrada de Ferro Norte de São Paulo, de autoria de Guilherme Carra Makowsky, informo que  estou apenas a compartilhar um capitulo da rica história da Ubatuba Antiga, a manutenção deste  blog , eu faço com carinho e por amor a minha querida cidade Ubatuba SP, não tenho nenhum lucro com a atualização desse blog, quero apenas auxiliar na divulgação  da história de minha cidade...







                    Muito mais trilhos ficaram abandonados pelos arredores da cidade e em 1925, quando da chegada da luz elétrica a Ubatuba, tais trilhos foram aproveitados como postes para a iluminação pública, muitos persistindo até fins da década  de  70 do século XX.
                                      Assim disse  o historiador Fernad Braudel, sobre a estagnação  de Ubatuba.
                                       “ Numa outra região do imenso Brasil, fiz uma viagem menos poética que aquela de Marvin Harris, mas não menos reveladora. Ubatuba, na Costa do Atlântico, no Estado de São Paulo, não muito longe de Santos, conheceu por volta de 1840, sua época de esplendor. 




Esteve então ligada por um trafego ativo de tropas de mulas a Taubaté, assim como Santos a São Paulo que , então não passava de um vilarejo. Taubaté-Ubatuba, assim como santos-São Paulo, é o casamento, a associação por cima da poderosa Serra do Mar. Muralha de verdura entre a costa e o interior, de um mercado colhedor de café e de um porto que o exporta pro mundo inteiro. Na luta logo travada. São Paulo – Santos prevaleceram , a tal ponto que,   da projetada estrada de ferro entre Taubaté e Ubatuba, só foram construídas as Estações. Ainda hoje, a ligação de Taubaté a Ubatuba se faz por um carro que consegue, Deus sabe como, a proeza de seguir o antigo caminho  burriqueiro, pista escorregadia entre as duas cidades: a partida, Taubaté, a qual a indústria deu nova vida; a chegada, Ubatuba, miserável, engolida pela vegetação tropical. Seus antigos sobrados abandonados, arruinados pela água, pelas palmeiras crescendo entre a fissuras dos muros, mas de forma imponente, seu cemitério, com placas funerárias de uma certa riqueza, falam sozinhos  da antiga fortuna de pequeno porto. A cidade de Ubatuba não sobreviveu. É uma vila de camponeses, de caboclos..........Encontrei a filha de um engenheiro francês, não sabendo mais uma palavra  de sua língua materna, casada com um caboclo, em todos os pontos, semelhantes a ele. No entanto , Ubatuba tem seus funcionários, seu juiz de paz também, formados pela faculdade de Direito de São Paulo, um civilizado em exílio, numa região muito aquém de Minas Velhas. Uma tarde inteira, escutei escutei ao seu lado um cantor popular, acompanhado de um tocador de violão ( que  é uma espécie de uma guitarra de seis cordas): todas as canções do folclore dominavam  novamente aqui, as únicas no lugar,  e uma improvisação cantada, seguindo o antigo uso, cantava a epopeia da chegada da luz  elétrica: não foram preciso abrir, para a linha e os postes, uma picada através da floresta que, descida da montanha, encerra a cidade; floresta impenetrável, mas não virgem, pois que, nos fazia notar o  juiz, nosso guia, se achavam , aqui ou ali, os restos cafeeiros. As plantações desapareceram , como a própria cidade, que não encontrou nem o circuito que lhe teria permitido ir levando a vidinha, nem a energia que teria lhe permitido as adaptações. Minas Velhas, no circuito do Nordeste, teve mais oportunidade.

                        Por duas outras vezes esteve em foco a questão da ligação ferroviária  de Ubatuba  com o sul de Minas Gerais e do Vale Paulista do rio Paraíba do Sul. A primeira e bem audaciosa ficou apenas nos projetos iniciais e foi denominada Estrada de ferro de Ubatuba com três grandes ramais , sendo um para Santa Branca , passando por Jambeiro; outro para Amparo, passando por Bragança e o terceiro para Cunha. Tal empreitada foi idealizada  por Pedro Costa, influente Prefeito de Taubaté por inúmeras legislaturas durante a chamada 1 ª República, cuja família chefiou a policia e o clero locais no mesmo período...




Continua.................Confira no próximo dia 28 de Abril  a sequência e    o final dessa matéria sobre  a  história da construção da Ferrovia Taubaté –Ubatuba , história essa que atravessa do período imperial ao republicano.

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