sexta-feira, 21 de abril de 2017

OS TRENS SEM TRILHOS - A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO NORTE DE SÃO PAULO - 1874 - 1931......11 ª PARTE


Na foto   Estação de Trem,  algumas dessas foram construidas entre Ubatuba e Taubaté..

Da redação do Blog Ubatubense......Estamos divulgando aqui  um belo trabalho histórico sobre a construção da Estrada de Ferro Norte de São Paulo, de autoria de Guilherme Carra Makowsky, informo que  estou apenas a compartilhar um capitulo da rica história da Ubatuba Antiga, a manutenção deste  blog , eu faço com carinho e por amor a minha querida cidade Ubatuba SP, não tenho nenhum lucro com a atualização desse blog, quero apenas auxiliar na divulgação  da história de minha cidade...




A situação de isolamento  de Ubatuba , foi –se agravando ao longo dos anos, ao ponto de ter que mendigar ao governo do estado que ao menos subvencionasse uma linha regular de transporte marítimo com o porto de Santos, como testemunho de tal realidade o periódico  “ Echo Ubatubense”, publicou em 8 de Agosto de 1897 o apelo encaminhado ao Presidente do Estado  Manoel Ferraz de Campos Salles 

 
 “ E Ubatuba, que outrora, antes da trafegação da Central, era uma das principais artérias comerciais  da província paulista e do rico sul de minas  e que em movimento e mesmo em rendas aduaneiras rivalizava com a praça de Santos, se é que em muitos pontos, não a sobrepujava, pode ser considerada hoje, pela uberdade de suas terras, pela excelência de seu clima, pela importância e capacidade de seu porto, pela sua posição estratégica no extremo norte do Estado , como uma riqueza estéril, inútil e até pesada aos cofres  públicos , pelo isolamento em que se acha, consequência de longo abandono em que  a tem deixado os que tem a responsabilidade do poder.




                                        Já insulada do resto do Estado por mar e por terra; por mar , porque suas comunicações com Santos se fazem hoje como se fazia há uns pares de milheiros de anos  :- por canoas, viagens cujos perigos são fáceis  de imaginar; por terra , porque suas estradas  são verdadeiras picadas, cujos consertos se tornam inúteis , porque, abandonadas a si mesmas, sem pessoal de conserva, vem logo as enxurradas e a vegetação obstruí-las por completo.(..) assim solicitamos que esse governo subvencionasse uma navegação regular com o porto de Santos, mesmo que com apenas viagens   mensais (...)
                                          
                                      Depois do recebimento da petição foi criada uma linha de navegação que atendia  a todas as cidades do litoral norte com frequência mensal.
                                      Com a estagnação de Ubatuba, todo o material desembargado que seria destinado a ESNSP ficou abandonado até 1914 quando, em  vista da dificuldade de importação de material pelo conflito bélico conhecido como a 1 ª Guerra Mundial, o Sr. Antonio Paes de Barros Sobrinho, desejoso de construir um ramal  ferroviário para a ligação da Companhia  Paulista , na proximidade de Rio Claro, teve conhecimento de tal material em Ubatuba, assim, após os entendimentos necessários, comprou um pequeno veleiro, com motorização a vapor também, e fez a viagem para a retirada dos trilhos, retornou a Santos e encaminhou o material ao local das futuras obras.
                                     Muito mais trilhos ficaram abandonados pelos arredores da cidade e em 1925, quando da chegada da luz elétrica a Ubatuba, tais trilhos foram aproveitados como postes para a iluminação pública, muitos persistindo até fins da década  de  70 do século XX.
                                      Assim disse  o historiador Fernad Braudel, sobre a estagnação  de Ubatuba.
                                       “ Numa outra região do imenso Brasil, fiz uma viagem menos poética que aquela de Marvin Harris, mas não menos reveladora. Ubatuba, na Costa do Atlântico, no Estado de São Paulo, não muito longe de Santos, conheceu por volta de 1840, sua época de esplendor. Esteve então ligada por um trafego ativo de tropas de mulas a Taubaté, assim como Santos a São Paulo que , então não passava de um vilarejo. Taubaté-Ubatuba, assim como santos-São Paulo, é o casamento, a associação por cima da poderosa Serra do Mar. Muralha de verdura entre a costa e o interior, de um mercado colhedor de café e de um porto que o exporta pro mundo inteiro. Na luta logo travada. São Paulo – Santos prevaleceram , a tal ponto que,   da projetada estrada de ferro entre Taubaté e Ubatuba, só foram construídas as Estações. Ainda hoje, a ligação de Taubaté a Ubatuba se faz por um carro que consegue, Deus sabe como, a proeza de seguir o antigo caminho  burriqueiro, pista escorregadia entre as duas cidades: a partida, Taubaté, a qual a indústria deu nova vida; a chegada, Ubatuba, miserável, engolida pela vegetação tropical. Seus antigos sobrados abandonados, arruinados pela água, pelas palmeiras crescendo entre a fissuras dos muros, mas de forma imponente, seu cemitério, com placas funerárias de uma certa riqueza, falam sozinhos  da antiga fortuna de pequeno porto. A cidade de Ubatuba não sobreviveu. É uma vila de camponeses, de cablocos..........


Continua.................Confira no próximo dia 24  de Abril  a sequência dessa matéria sobre  a  história da construção da Ferrovia Taubaté –Ubatuba , história essa que atravessa do período imperial ao republicano......

Nenhum comentário: