segunda-feira, 4 de abril de 2016

CULTURA CAIÇARA .......OS JOVENS E AS TRADIÇÕES...





Apesar do processo de mudança que vem enfrentando desde os anos 60, a população caiçara tem mostrado consciência da necessidade de preservar suas tradições. A partir dos anos 90, particularmente, essa tendência ganhou maior intensidade graças à ação de grupos de jovens que passaram a desenvolver iniciativas para reativar festas, músicas e danças de seus antepassados.
Verifica-se que a família é um importante fator na preservação das tradições culturais, seja de hábitos de linguagem, seja de práticas musicais. A família funciona como unidade de preservação, verdadeiro celeiro em que essas tradições são conservadas, repetidas num processo contínuo e transmitidas, naturalmente, aos jovens, nas casas ou por ocasião das festas e celebrações.






Esse interesse pelas tradições, observado em uma parcela de jovens caiçaras, tem sobrevivido à cultura de massa e aos gostos impostos pelo mercado, mas ainda está reduzido a um pequeno grupo que precisa dar visibilidade a suas ações e mobilizar um número maior de jovens para a sua causa, pois boa parcela da população desconhece ou não valoriza seu patrimônio cultural.
Os registros coletados entre os anos 60 e 90 ilustram as queixas dos mais idosos da indiferença dos jovens em relação às tradições; para alguns está tudo perdido – é o ‘fim da era’. Entretanto, no início de 2000, fez-se notada a iniciativa de um grupo de jovens músicos e estudantes caiçaras, que, empenhados em restaurar suas práticas culturais, começaram a desenvolver, espontaneamente, atividades musicais, religiosas, técnicas artesanais, tais como aprendizado em construção de canoas e aperfeiçoamento da tradição de luteria, além de atuarem politicamente no sentido de revigorar as festas tradicionais. Essas ações foram estimuladas a partir de depoimentos que recolheram de seus pais e avós e que acabaram resultando na valorização de antigas técnicas e costumes caiçaras. Este grupo de jovens, desde 2006, aderiu às propostas do Projeto Acervo Memória Caiçara, quando se iniciou o trabalho de mobilização da comunidade (nativos, visitantes e novos moradores) para a retomada do patrimônio imaterial caiçara. Para esse grupo de agentes culturais, o fato de passarem essas ações a ser assumidas por jovens, poderá dissipar a idéia de que tradições culturais são mantidas apenas pelos mais velhos. Desmistificada essa noção equivocada, talvez possam surgir novos estímulos, por parte de outros jovens e até em outros municípios do litoral paulista, no sentido de aderirem ao trabalho do grupo, tanto para as tarefas de mobilização quanto para a difusão cultural e, particularmente, musical.  

 

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