IMPREVISTOS ALADOS
Além do berço natal de Gastão Madeira,
pioneiro das investigações no vôo dos pássaros e dos princípios que influíram
na descoberta do vôo do mais pesado que o ar, Ubatuba assinalou episódios
interessantes da história da aviação, um dele relato por Washington de Oliveira
“Seo Filhinho” em seu livro “ A Farmácia de Filhinho”
“..tarde domingueira,
setembro, possivelmente nos idos de 1916, pouco depois do meio dia, caiçaras
descansavam sob a sombra das amendoeiras, na Praia da Toninhas, viram de
repente se aproximar do céu, a pequena altura do mar um corpo estranho, o qual
num momento pousou borrifando espumas.......Que seria aquilo ? Indagavam os
caiçaras presentes , sem encontrar
explicações. Uma caiçara recém chegada da cidade de Santos, onde trabalhava
como doméstica, esclareceu a todos que se tratava de um aeroplano, coisa que
ela já tinha visto voando e pousando no mar, em frente ao Boqueirão, naquela
cidade..
E demonstrando pleno
conhecimento do que tinha ocorrido, avisou-os.....Vão depressa, pois tem gente
dentro daquilo....depressa...... Imediatamente 3 ou 4 caiçaras pescadores armaram uma canoa e em rápidas
remadas chegaram até O estranho pássaro metálico, o
qual de asas abertas balançava ao sabor das ondas. Dentro dele,sentado de modo
esquisito “mascarado”, de óculos enormes, pronunciando palavras as quais
ninguém entendia.......
___Fala direito moço, não se
entende nada do que você está falando, fala que nem nós...
Dali em diante, gestos
daqui e de lá, os pescadores compreenderam
que precisavam rebocar aquele estranho
objeto para a terra firme, juntaram 2 ou 3 cabos de pesca para puxar até a
praia o hidro-avião..., e assim o fizeram, mas ao puxar para próximo a praia
enfrentaram a arrebentação a beira da praia, mas os caiçaras não desistiram de
puxar a aeronave, não compreendendo os gestos e o palavreado desesperados do aviador, o qual com certeza pedia calma e
cuidado ao puxar a aeronave para que os danos causados fossem poucos. Sem dar
ouvidos ao aviador, os pescadores puxaram
a aeronave até a praia, sobre a
linha dos jundús. Rapidamente os demais caiçaras que aguardavam na praia
cercaram tanto o aviador como o estranho objeto voador e por mais que tentassem
ninguém conseguia entender o que o estranho falava, esse olhava triste seu aparelho e balançava a
cabeça, demonstrando desespero , foi sentar-se num rolod e canoa e ficou
olhando o horizonte.....
Após saber do acontecido dos
caiçaras correram até a cidade para contar a notícia inédita. O Delegado da
Policia, o Prefeito e algumas pessoas
partiram rumo a Praia das Toninhas a fim de tomarem conhecimento da
notícia, coincidência ou não, entre eles por sorte estava o jovem Jacundino Barreto, o
qual era estudante da Universidade Makenzie na Capital paulista e “ arranhava”
o idioma inglês e através dele foi possível
esclarecer o acontecido. O Aviador era um piloto norte-americano Mac Kullock, o
qual tentava um raíde Rio de Janeiro a Santos, mas devido uma falha no motor,
fizesse com que ele procurasse um abrigo numa baia adequada, como aparecera
aquela, ele ali pousou.....
Tornando –se “dono” do
aviador na condição de um único interprete Jacundino trouxe o para sua casa, a
casa do seu pai João Rodrigues Barreto, acolhendo o no Largo da Matriz, a
residência do Sr. Barreto logo ficou cercada de gente , os quais queriam ver o
homem extraordinário que vieira do Rio de Janeiro a Ubatuba pelos ares.
Tomando conhecimento do
acontecido, quando chegou o anoitecer
Ernesto de Oliveira, pai de Washington de Oliveira “ Seo Filhinho”
chegou em sua residência e contou a toda família, dizendo para sua esposa Maria
preparar tudo, amanhã cedo iremos todos as Toninhas para ver o tal aparelho que
caiu do céu, vamos levar também as crianças e o virado que vc vai preparar
depois, eu já aluguei a carroça do compadre Minas. Naquela época era o único meio
de transporte, pois não havia outro veiculo....
No dia seguinte seguiram até
as Toninhas, a crianças e entre elas Seo
filhinho na carroça e seu Ernesto , a
sua esposa e duas tias das crianças foram caminhando vagarosamente, seguiram
até a região da Praia Grande e de
lá seguimos o resto do caminho a pé . Ao
chegarem ao Morro das Toninhas, o mesmo já estava lotado de gente, curiosos em
conhecerem de perto o estranho e sua maquina
voadora, o senhor Ernesto e a sua família tiveram dificuldades de se
aproximarem do aparelho, pois alem de estar cercados de curiosos , havia dois
soldados , os quais tomavam conta do aparelho e
não deixavam que ninguém chegasse e tocassem no mesmo, pois ambos
procuravam manter a integridade do aparelho, aliás bastante danificado pela desastrada
operação de resgate.....Dois dias depois o “ Contra Torpedeiro Pará” da
Marinha Nacional levava de volta ao Rio
de Janeiro o malogrado aviador e malfadada maquina voadora......
Texto extraído do Livro “ A Farmácia
do Filhinho”. Editado em 1989.......
Nenhum comentário:
Postar um comentário