domingo, 26 de julho de 2015

1916...............O dia em que um objeto voador caiu em Ubatuba..




IMPREVISTOS  ALADOS



     Além do berço natal de Gastão Madeira, pioneiro das investigações no vôo dos pássaros e dos princípios que influíram na descoberta do vôo do mais pesado que o ar, Ubatuba assinalou episódios interessantes da história da aviação, um dele relato por Washington de Oliveira “Seo Filhinho” em seu livro “ A Farmácia de Filhinho”

“..tarde domingueira, setembro, possivelmente nos idos de 1916, pouco depois do meio dia, caiçaras descansavam sob a sombra das amendoeiras, na Praia da Toninhas, viram de repente se aproximar do céu, a pequena altura do mar um corpo estranho, o qual num momento pousou borrifando espumas.......Que seria aquilo ? Indagavam os caiçaras  presentes , sem encontrar explicações. Uma caiçara recém chegada da cidade de Santos, onde trabalhava como doméstica, esclareceu a todos que se tratava de um aeroplano, coisa que ela já tinha visto voando e pousando no mar, em frente ao Boqueirão, naquela cidade..




E demonstrando pleno conhecimento do que tinha ocorrido, avisou-os.....Vão depressa, pois tem gente dentro daquilo....depressa...... Imediatamente 3 ou 4 caiçaras  pescadores armaram uma canoa e em rápidas remadas   chegaram até O estranho pássaro metálico, o qual de asas abertas balançava ao sabor das ondas. Dentro dele,sentado de modo esquisito “mascarado”,  de óculos  enormes, pronunciando palavras as quais ninguém entendia.......
___Fala direito moço, não se entende nada do que você está falando, fala que nem nós...
Dali em diante, gestos daqui  e de lá, os pescadores compreenderam que precisavam  rebocar aquele estranho objeto para a terra firme, juntaram 2 ou 3 cabos de pesca para puxar até a praia o hidro-avião..., e assim o fizeram, mas ao puxar para próximo a praia enfrentaram a arrebentação a beira da praia, mas os caiçaras não desistiram de puxar a aeronave, não compreendendo os gestos e o palavreado desesperados  do aviador, o qual com certeza pedia calma e cuidado ao puxar a aeronave para que os danos causados fossem poucos. Sem dar ouvidos ao aviador, os pescadores puxaram  a aeronave até a  praia, sobre a linha dos jundús. Rapidamente os demais caiçaras que aguardavam na praia cercaram tanto o aviador como o estranho objeto voador e por mais que tentassem ninguém conseguia entender o que o estranho falava, esse  olhava triste seu aparelho e balançava a cabeça, demonstrando desespero , foi sentar-se num rolod e canoa e ficou olhando o horizonte.....
Após saber do acontecido dos caiçaras correram até a cidade para contar a notícia inédita. O Delegado da Policia, o Prefeito e algumas pessoas  partiram rumo a Praia das Toninhas a fim de tomarem conhecimento da notícia, coincidência ou não, entre eles  por sorte estava o jovem Jacundino Barreto, o qual era estudante da Universidade Makenzie na Capital paulista e “ arranhava” o idioma  inglês e através dele foi possível esclarecer o acontecido. O Aviador era um piloto norte-americano Mac Kullock, o qual tentava um raíde Rio de Janeiro a Santos, mas devido uma falha no motor, fizesse com que ele procurasse um abrigo numa baia adequada, como aparecera aquela, ele ali pousou.....
Tornando –se “dono” do aviador na condição de um único interprete Jacundino trouxe o para sua casa, a casa do seu pai João Rodrigues Barreto, acolhendo o no Largo da Matriz, a residência do Sr. Barreto logo ficou cercada de gente , os quais queriam ver o homem extraordinário que vieira do Rio de Janeiro a Ubatuba pelos ares.
Tomando conhecimento do acontecido, quando chegou o anoitecer  Ernesto de Oliveira, pai de Washington de Oliveira “ Seo Filhinho” chegou em sua residência e contou a toda família, dizendo para sua esposa Maria preparar tudo, amanhã cedo iremos todos as Toninhas para ver o tal aparelho que caiu do céu, vamos levar também as crianças e o virado que vc vai preparar depois, eu já aluguei a carroça do compadre Minas. Naquela época era o único meio de transporte, pois não havia outro veiculo....
No dia seguinte seguiram até as Toninhas, a crianças  e entre elas Seo filhinho na carroça e seu Ernesto  , a sua esposa e duas tias das crianças foram caminhando vagarosamente, seguiram até a região da Praia Grande  e de lá  seguimos o resto do caminho a pé . Ao chegarem ao Morro das Toninhas, o mesmo já estava lotado de gente, curiosos em conhecerem de perto o estranho e  sua maquina voadora, o senhor Ernesto e a sua família tiveram dificuldades de se aproximarem do aparelho, pois alem de estar cercados de curiosos , havia dois soldados , os quais tomavam conta do aparelho e  não deixavam que ninguém chegasse e tocassem no mesmo, pois ambos procuravam manter a integridade do aparelho, aliás bastante danificado pela desastrada operação de resgate.....Dois dias depois o “ Contra Torpedeiro Pará” da Marinha  Nacional levava de volta ao Rio de Janeiro o malogrado aviador e malfadada maquina voadora......


Texto extraído do Livro “ A Farmácia do Filhinho”. Editado em 1989.......

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