sábado, 16 de maio de 2015

COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO LITORAL NORTE PAULISTA



No litoral norte do Estado de São Paulo, são conhecidas duas comunidades remanescentes de quilombo: Caçandoca Camburi.
Há notícias também da existência de outras duas comunidades quilombolas na região: Cazanga e Poruba.

A região de Ubatuba, até as primeiras décadas do século XIX, contava com pequenas propriedades agrícolas de subsistência, havendo poucos escravos por propriedade, devido ao pequeno poderio financeiro de seus proprietários.





A paisagem fundiária começou a mudar a partir da vinda de colonos estrangeiros para a região, no início do século XIX. Dotados de recursos financeiros, investiram na compra de grandes lotes de terra, visando ao cultivo de produtos agrícolas para exportação, especialmente o café. Trouxeram, para trabalhar nessas terras, um enorme contingente de população de origem africana. Assim, o volume de escravos na região de Ubatuba cresceu enormemente.

Outro fator importante para tal crescimento foi a transformação do porto de Ubatuba num dos principais pontos de recebimento de escravos para as fazendas do Vale do Paraíba e de Minas Gerais. Constituiu-se também em posto de passagem de escravos para outras regiões dentro e fora de São Paulo.

Com o declínio da produção cafeeira, a partir da segunda metade do século XIX, muitas fazendas foram abandonadas, loteadas e vendidas. Porções de terra das fazendas foram ocupadas, ou até mesmo doadas a ex-escravos. Estes passaram a viver com uma relativa autonomia, a partir da produção de pequenas roças e da pesca artesanal.

O litoral norte permaneceu como uma região quase isolada até a construção da rodovia BR 101 (Rio-Santos), na década de 1970. A partir daí, a situação fundiária de Ubatuba alterou-se mais uma vez, então com a entrada de grileiros e especuladores imobiliários movidos pela facilidade de acesso à região que a rodovia propiciou.

Muitas das comunidades quilombolas e caiçaras, que até então viviam com relativa autonomia, foram expulsas de suas posses ou se viram obrigadas a vendê-las, para dar lugar a grandes propriedades, condomínios luxuosos e casas de veraneio.

Ainda na década de 1970, foram criadas duas unidades de conservação ambiental na região: o Parque Nacional da Serra da Bocaina, em 1972, e o Parque Estadual da Serra do Mar/Núcleo Picinguaba, em 1979. Tais parques abarcaram a área de ocupação da comunidade quilombola do Camburi que passou a sofrer restrições a seu modo de vida tradicional.

A luta das comunidades quilombolas do litoral norte pela reconquista de suas terras esbarra numa situação fundiária bastante complexa, envolvendo disputas com grandes empresas imobiliárias.


FONTE..........http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/sp/home_sp_lit_norte.html

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