sábado, 21 de junho de 2014

ESPECIAL DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA " - PARTE 116




Agora sabe que eu vo dize pro sinhô, que eu não desacredito, porque o livro sagrado, a palavra de Deus, a bíblia sagrada, que conta do começo do mundo, como foi a criação que seu Jesus, né, veio neste mundo, crio, o céu, a terra a forma das arvi e deu nóis aqui na face da terra. Então o sinhô não incontra lobisome, não encontra cavalo sem cabeça, não encontra bruxa, no livro sagrado, de tudo o sinhô encontra, menos isto. Agora satanás, o sinhô encontra. Agora fantasma, fantasma ta no livro, agora quero dize pro sinhô, satanás como esta relatado, ele fazia toda esta parte pra dize que era bruxa, que era cavalo sem cabeça, pruque não esta iscrito hoje isso, o sinhô não incontra nunca.




Já ta passado, já ta com dois ano isto. Que neste horário de verão que entro agora, eu venho de Ubatuba, eu saio de Ubatuba 5h, no ônibus de 5h40 de lá pra cá, não é, que a pessoa chega de dia ainda aqui. Ai eu fui no ponto, na divisa lá em cima e vinha discendo, ai eu vinha com duas sacola, uma sacola aqui, ota aqui. E eu não desço no ponto daquele dali pruque da cobra, pruque do cachorro, nunca desço, quando vo viajá, escondo no mato na hora que eu venho eu pego. Ai o sinhô sabe que eu vinha vindo, quando eu chego aqui, já na viaje pra pega o Camburi descendo, aonde tem uma fabricação da compania dus Ingreis, tava descendo fui peguei uma laje de pedra ali, a laje de cimento, que tem ali no rio, na beira de cima, mas quando eu cheguei na tal da pedra do colete, que agora não tem mais, o mar que tombou a pedra, o nome era pedra do colete, muito bem. E eu avistei uma pessoa que ia daqui para cima na estradazinha assubindo, e tem uma pedra grande de quaguata de mangue aqui encostado, o sinhô descendo a direita, né. Ai eu olhei lá de cima, era o meu sobrinho o Zorinho, ali dono do barzinho.

 ali, aonde tivemo, onde o sinhô falo comigo ali. Só que chego numa conta, ele foi se encostando, aquela pessoa foi encostando nesta pedra grande, encosto e ali desapareceu. Ai eu disse ansi: _ Que negocio é esse. O camarada ta de caso pensado, ele que faze uma tragédia ai comigo, o camarada se escondeu.

Ai eu fiquei meio cabrero, eu vim meu olhando, sondando. Ai o que acontece, num vi ninguém, olhei na pedra em cima, num vi ninguem, aonde será que ta este camarada, né? Ai tinha uma grota ansi nu fundo, ai eu digo ansi, o camarada foi faze um necessidade e ai foi e desceu este corgão ai e foi faze uma necessidade, ai tudo bem. Mas sondei, rodiei as pedra e num vi ninguém, de dia craro ainda. Ai quando peguei uma distancia mais ou meno que o camarada tinha sumido, como daqui o pé de abacate assi no pe da arvi ansi, eu pegava olha pra trais, quando olhei pra trás o homi, né. Olhei pra traz o cidadão em pé, já o camarada desceu, ai o sinhô vê que nisto o camarada virou muleque, aquele moço alto, viro muleque, virou aquele mulecão, eu digo muito bem. Eu disse ansi: _Puxa vida! O camarada é invisível, o camarada daqui eu não inxergo, quando eu disci um pouquinho, olhei pra traz ele tava em pé. Ai eu digo ansi: _ Eu vo vive que não menti, peguei as duas sacola que eu vinha trazendo, passei a mão no pau. Eu digo ansi:_ Eu consigo, eu digo ansi: Em nome do sinhô Jesus, eu digo ansi é o diabo, é o Satanás eu vo da uma paulada nele. Ai o sinhô sabe o que é, eu passei a mão no pau, no cacete, no meu cajado que eu vinha trazendo, passei e fui em busca dele, quando fui em busca dele ele desapareceu. 

Trecho do livro   "   Ubatuba, espaço, memoria e Cultura "  - De Juan Drouguet  e Jorge Otavio Fonseca.
segue pag.   346


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