Na foto o editor desse blog e seu pai Jorge Fonseca(in memoriam) -Entrevistado nesse capitulo do livro.
Sequência do Especial do Livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura", Trata-se de um documentário sobre Ubatuba, escrito por Juan Drouguet e Jorge Otavio Fonseca, editado em 2005
O entrevistado disse que antigamente passava fome
em Ubatuba quem queria, eram muitos peixes, uma variedade como tainha, robalo,
carapeva e havia muito peixe tanto no mar como nos rios. Conta também que na
praia do Itaguá havia cercos que chegavam a amontoar tantos peixes que ao final
da distribuição se enterravam as sobras. Em época de tainhas, elas chegavam à
baia do Itaguá em grandes cardumes, eram cercadas pelas canoas dos senhores
Antonio Vieira, Alfredo Vieira, Benedito Junior e os Liberatos. Eram grandes
redes, puxadas até a praia. Uma grande quantidade de enormes tainhas, que ao
final eram repartidas entre eles e distribuídas à comunidade. Jorge Fonseca
sente que hoje a coisa é bem diferente daqueles tempos de fartura. Diz que hoje
os peixes são mirrados e a quantidade que vem nos arrastões da praia do Itaguá,
mal alcançam para uma família de poucas pessoas.
Jorge Fonseca relembra os carnavais de Ubatuba com muita nostalgia, comenta que ele sempre foi um boêmio, desde os 10 anos de idade. Costumava escrever letras de marchinhas carnavalescas para os blocos que puxava. Diz que quando tinha uns 8 ou 9 anos de idade, seu pai fez um pandeiro de couro e tampinhas e o levava na rua para ver o bloco “Taruma”, um dos blocos mais famosos de Ubatuba. “Ubatuba já teve o melhor carnaval de rua do litoral paulista.” Além do Taruma, havia a Dança da Fita, a Dança do Bugre, do Boi do Itaguá e do Boi do Centro, a Banda do Cipó, o Moçambique do Mané Raé e até o casamento caipira que era realizado em pleno carnaval, na praça da matriz.
Jorge Fonseca lembra que o carnaval era realizado
na maioria das ruas do centro e o corso parava em frente de casas que pediam. Até
o Hotel Felipe marcava a presença dos blocos carnavalescos que desfilavam pelo local onde mais tarde
seria a Avenida Iperoig. Bares
convidavam o bloco do seu Jorge a tocar no local e também no antigo Hotel
Atlântico. A alegria era tanta que as pessoas amanheciam nas ruas , pura
diversão, sem perigo e sem maldade. Ele relembra dos blocos “os mascarados” que
anunciavam o carnaval a partir das duas horas do primeiro dia, domingo,
fantasiados de forma assustadora.. Eram sacis, caveiras, fantasias de vermelho
imitando o diabo, personagens que
corriam atrás das crianças para assustá-las. A partir das dez da noite, alguns
se vestiam de morte e saiam fantasiados de caveiras, carregando foices. O
último dia era na terça-feira, respeitando a quarta-feira de cinzas quando
religiosamente, nenhuma alma viva saia às ruas em sinal de sacro respeito.
Jorge Otavio Fonseca e Juan Drouguett autores do livro
Ubatuba, espaço, memoria e cultura - 2005
Continua ...Confira a sequência no dia 25 de março...........
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