domingo, 23 de março de 2014

ESPECIAL do Livro UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA - parte 112


Na foto o editor desse  blog e seu pai Jorge Fonseca(in memoriam) -Entrevistado nesse capitulo do livro.



Sequência do  Especial  do Livro " Ubatuba, espaço, memória  e cultura",  Trata-se de um documentário sobre Ubatuba,  escrito por Juan Drouguet e Jorge Otavio Fonseca, editado em 2005 

O entrevistado disse que antigamente passava fome em Ubatuba quem queria, eram muitos peixes, uma variedade como tainha, robalo, carapeva e havia muito peixe tanto no mar como nos rios. Conta também que na praia do Itaguá havia cercos que chegavam a amontoar tantos peixes que ao final da distribuição se enterravam as sobras. Em época de tainhas, elas chegavam à baia do Itaguá em grandes cardumes, eram cercadas pelas canoas dos senhores Antonio Vieira, Alfredo Vieira, Benedito Junior e os Liberatos. Eram grandes redes, puxadas até a praia. Uma grande quantidade de enormes tainhas, que ao final eram repartidas entre eles e distribuídas à comunidade. Jorge Fonseca sente que hoje a coisa é bem diferente daqueles tempos de fartura. Diz que hoje os peixes são mirrados e a quantidade que vem nos arrastões da praia do Itaguá, mal alcançam para uma família de poucas pessoas.




Jorge Fonseca relembra os carnavais de Ubatuba com muita nostalgia, comenta que ele sempre foi um boêmio, desde os 10 anos de idade. Costumava escrever letras de marchinhas carnavalescas para os blocos que puxava. Diz que quando tinha uns 8 ou 9 anos de idade, seu pai fez um pandeiro de couro e tampinhas e o levava na rua para ver o bloco “Taruma”, um dos blocos mais famosos de Ubatuba. “Ubatuba já teve o melhor carnaval de rua do litoral paulista.” Além do Taruma, havia a Dança da Fita, a Dança do Bugre, do Boi do Itaguá e do Boi do Centro, a Banda do Cipó, o Moçambique do Mané Raé e até o casamento caipira que era realizado em pleno carnaval, na praça da matriz.

Jorge Fonseca lembra que o carnaval era realizado na maioria das ruas do centro e o corso parava em frente de casas que pediam. Até o Hotel Felipe marcava a presença dos blocos carnavalescos que desfilavam pelo local onde mais tarde seria a  Avenida Iperoig. Bares convidavam o bloco do seu Jorge a tocar no local e também no antigo Hotel Atlântico. A alegria era tanta que as pessoas amanheciam nas ruas , pura diversão, sem perigo e sem maldade. Ele relembra dos blocos “os mascarados” que anunciavam o carnaval a partir das duas horas do primeiro dia, domingo, fantasiados de forma assustadora.. Eram sacis, caveiras, fantasias de vermelho imitando o diabo, personagens que corriam atrás das crianças para assustá-las. A partir das dez da noite, alguns se vestiam de morte e saiam fantasiados de caveiras, carregando foices. O último dia era na terça-feira, respeitando a quarta-feira de cinzas quando religiosamente, nenhuma alma viva saia às ruas em sinal de sacro respeito.

Jorge Fonseca era um grande carnavalesco, chamado de mestre, levava a sério os ensaios e as marchas  que eram escritas por ele, por exemplo a marcha “Pela primeira vez”, entre outras de sua autoria. Ensaiavam em um mês e meio e o numero de pessoas era de 70 integrantes fantasiados. Sua esposa, Dona Celina ficava responsável 


Jorge Otavio Fonseca e Juan Drouguett autores do livro
Ubatuba, espaço, memoria e cultura - 2005



Continua  ...Confira a sequência no dia 25 de março...........

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