Na época em que minha mãe era pequena, a farmácia era muito longe de onde morávamos e tinha de ir a pé. Mas como resolver ou aliviar algumas dores físicas e até psicológicas? Todas as mulheres recebiam conhecimentos específicos sobre nossa cultura, costumes, dizeres e fazeres.
A nossa humilde farmácia estava sempre na soleira da porta da cozinha e arredores. O bom é saber que as coisas (receitas) realmente funcionavam. Você que nos lê agora já deve ter experimentado alguma destas receitas, que além da lembrança, nos remete a uma infância saudável e gostosa. Lembro-me que minha mãe era craque em chá caseiro. Dizia ela que chá de erva curava tudo. Quando estávamos com dor de barriga ela buscava umas folhas de Erva Cidreira e Hortelã, secava e punha na caneca, fervia a água e deixava em cima do chá socado, um santo remédio.
A nossa humilde farmácia estava sempre na soleira da porta da cozinha e arredores. O bom é saber que as coisas (receitas) realmente funcionavam. Você que nos lê agora já deve ter experimentado alguma destas receitas, que além da lembrança, nos remete a uma infância saudável e gostosa. Lembro-me que minha mãe era craque em chá caseiro. Dizia ela que chá de erva curava tudo. Quando estávamos com dor de barriga ela buscava umas folhas de Erva Cidreira e Hortelã, secava e punha na caneca, fervia a água e deixava em cima do chá socado, um santo remédio.
Pra verme (a tal de “bicha”), bem cedinho, pegava umas folhas de Erva Santa Maria (Canema), socava com um dente de alho assado, misturava com leite e nos dava uma canecada logo cedo em jejum. Era tiro e queda! O dia que acordávamos tossindo, ela preparava um xarope de Canema: duas colheres de açúcar em uma panela pequena, deixar em ponto de calda (amarelinha), misturar com folhas de canema e um copo de água, deixar ferver. Depois da fervura, deixar esfriar e ir tomando pequenas colheres durante o dia. Isso sempre acalmava a tosse.
Para diarréia, mamãe sabia que se socasse a Marcelinha e misturasse com água resolveria. Mesmo amarga era melhor que ficar sentado no trono por um bom tempo. Para desinteria, ela fazia um chá preparado com casca e broto de goiaba, nada podia com este chá. Até para os desconfortos femininos minha mãe tinha algum um chá na “manga”. Inflamação do canal da urina e partes íntimas ela usava a Caninha-do-brejo e a folha do Capiá (planta da família do milho, que nasce perto dos rios, onde de sua frutinha faze-se o rosário e o terço tradicional).
A folha do Picão Preto era usada como antiinflamatório. Minha mãe dizia que fazia bom efeito, mesmo tomando como chá, como banho de assento ou lavando a parte machucada. Bendito era a Erva de São João com seu cheirinho gostoso, que socado com sal é uma beleza para curar torção no pé e tornozelo, um machucado feio que “magoa” o osso. Esta erva junto com a Canema era usada como emplasto para dores na “escadeiras” (coluna). Ela fazia assim: aquecia o emplasto, colocava sobre o lugar, aquecia também duas colheres de óleo, molhava um pedaço de jornal, colocava sobre as ervas pra aliviar as dores. Meu pai sempre se utilizava deste método.
Quebra-pedra, aquela plantinha que nasce no quintal é uma beleza para quem sofre de pedras nos rins, é que ela ajuda a expulsar as pedras, enquanto isto vai aliviando a dor. Minha mãe comentava sobre os chás sempre com sua comadre, que vivia com folhas de café na testa, que servia para aliviar dores de cabeça. Usava também fatias de batata ao redor da cabeça, dizia que cozinhava na testa.
Esta comadre de mamãe era uma figura. Simples como era mamãe sempre de vestido de chita pregueado, de pés descalço e roupa cheirando a anil, aquela barrinha azul igual a sabão, só que bem pequenininha, muito usado para clarear roupa. Não sei por que o pé de anil me lembra as folhas de Atroveram, uma erva que a planta parece com a de Alfavaca, mas tem cheiro de anil. As folhas são um santo remédio pra aliviar cólica menstrual. Alfavaca sabemos que é tempero, mas alivia também os brônquios, dizia mamãe.
Lembro-me muito bem do pé de pitanga que tinha em frente à porta da cozinha, que suas frutinhas e suas folhas, feitos com chá auxiliavam no combate a gripe ou constipado, era assim que mamãe dizia. Com o tempo descobri que além do conhecimento, havia outros ingredientes que faziam os chás serem eficientes: era o amor, a dedicação, o carinho com que tratava o assunto, aliados a boa relação com a natureza, com respeito à floresta, que tudo tinha, tudo dava, mas que também de nós recebia.
Do site : www.maranduba.com.br
Cristina Aparecida de OlivieiraTécnica em Turismo Rural, Artesã e moradora tradicional do Araribá
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