Foto meremente ilustrativa,não faz parte do livro
Mais do que servir como palco natural
às produções cinematográficas, Ubatuba pode ver no cinema, a oportunidade de
enriquecer seu imaginário cultural com o conteúdo do espaço e da memória, como
vimos nos capítulos precedentes esta possui um riquíssimo repertório, porque
conjuga no tempo mais do que perfeito: o espaço físico e real com o imaginário
mítico e ficcional de suas histórias e estórias vividas na outrora Iperoig e na
atual Ubatuba.
Referiremos-nos a seguir, a dois filmes
que narram ficcionalmente, o momento do encontro entre as civilizações:
européia e indigenista do Brasil. Hans Staden (1999) e Caramuru (2001).
diferenças entre estas duas versões que comentaremos a seguir. Ambos os filmes partem de um relato comum – o documento literário. Nelson Pereira dos Santos insere alguns dados de outros viajantes da época como o francês Jean de Léry que veio ao Brasil na comitiva do almirante Villegaignon, o projeto de colonização dos franceses consistia em fundar a França Antártica. Por outro lado, Luís Alberto Pereira acompanha “literalmente”, o diário de viagem do alemão que pormenoriza sua estadia entre os Tupinambá até sua ardilosa escapada.
A grande diferença entre as duas
produções cinematográficas está no desfecho da narrativa ficcional, na primeira
versão, o protagonista – Jean, é sacrificado de acordo com o ritual
antropofágico, na segunda – Hans, consegue enganar os Tupinambá e escapa ao
ritual no qual ele seria a principal comida.
O filme Hans Staden foi rodado em
Ubatuba, onde foi construída uma aldeia cenográfica que até hoje existe, como
recriação da época. O elenco das filmagens, cuidadosamente preparado, recebeu
aulas de Tupi com o apóio do professor Eduardo Navarro, lingüista da
Universidade de São Paulo – USP, também recebeu aulas de dança e a convivência
permitiu com que este encenasse com precisão os rituais que são mostrados na
produção. A trilha sonora do filme tem músicas indígenas. O filme ganhou o
prêmio do júri e a melhor trilha sonora do Festival de Brasília em 2000. Hans
Staden é um retrato muito bem montado do Brasil colonial, da visão ilustrada de
uma raça com força e valentia, destemidos em relação à morte e vingativos
contra aqueles que representavam uma ameaça para a preservação de seus valores:
os mitos ancestrais, a tribo como família e, o meio que lhes assegurava a
subsistência.
Hans Staden quando fala de Ubatuba,
refere-se ao lugar onde ficou prisioneiro, situada na Baia de Angra dos Reis,
no Estado de Rio de Janeiro. A então Aldeia de Iperoig foi apenas visitada por
ele (Uchôa, Scatamacchia e Garcia, 1984).
Texto extraido do Livro UBATUBA, ESPAÇO , MEMORIA E CULTURA" ´ED. 2005.
CONTINUA SEQUENCIA A SER PUBLICADA DIA 15 DE DEZEMBRO DE 2013........
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