sábado, 14 de dezembro de 2013

ESPECIAL DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA " PARTE 105



Foto meremente ilustrativa,não faz parte do livro



Mais do que servir como palco natural às produções cinematográficas, Ubatuba pode ver no cinema, a oportunidade de enriquecer seu imaginário cultural com o conteúdo do espaço e da memória, como vimos nos capítulos precedentes esta possui um riquíssimo repertório, porque conjuga no tempo mais do que perfeito: o espaço físico e real com o imaginário mítico e ficcional de suas histórias e estórias vividas na outrora Iperoig e na atual Ubatuba.

Referiremos-nos a seguir, a dois filmes que narram ficcionalmente, o momento do encontro entre as civilizações: européia e indigenista do Brasil. Hans Staden (1999) e Caramuru (2001).





Hans Staden (1999) é um filme de Luís Alberto Pereira que parte do relato do artilheiro alemão, prisioneiro dos índios Tupinambá, no Brasil do século XVI. Após sua libertação este consegue voltar à Europa, onde escreve suas experiências no livro Hans Staden – a verdadeira história de seu cativeiro (1557), que se tornou um best seller na época. Detalhes deste livro que narra tal odisséia, encontram-se no capítulo II, item 2, Os Tupinambá, traço da força e da resistência de uma raça, a fim de documentar a experiência deste estrangeiro em terras Tupi. A primeira tentativa do cinema de retratar esta singular história realizou-se no filme Como era Gostoso meu Francês (1971), de Nelson Pereira dos Santos. Existem algumas


 diferenças entre estas duas versões que comentaremos a seguir. Ambos os filmes partem de um relato comum – o documento literário. Nelson Pereira dos Santos insere alguns dados de outros viajantes da época como o francês Jean de Léry que veio ao Brasil na comitiva do almirante Villegaignon, o projeto de colonização dos franceses consistia em fundar a França Antártica. Por outro lado, Luís Alberto Pereira acompanha “literalmente”, o diário de viagem do alemão que pormenoriza sua estadia entre os Tupinambá até sua ardilosa escapada.

A grande diferença entre as duas produções cinematográficas está no desfecho da narrativa ficcional, na primeira versão, o protagonista – Jean, é sacrificado de acordo com o ritual antropofágico, na segunda – Hans, consegue enganar os Tupinambá e escapa ao ritual no qual ele seria a principal comida.

O filme Hans Staden foi rodado em Ubatuba, onde foi construída uma aldeia cenográfica que até hoje existe, como recriação da época. O elenco das filmagens, cuidadosamente preparado, recebeu aulas de Tupi com o apóio do professor Eduardo Navarro, lingüista da Universidade de São Paulo – USP, também recebeu aulas de dança e a convivência permitiu com que este encenasse com precisão os rituais que são mostrados na produção. A trilha sonora do filme tem músicas indígenas. O filme ganhou o prêmio do júri e a melhor trilha sonora do Festival de Brasília em 2000. Hans Staden é um retrato muito bem montado do Brasil colonial, da visão ilustrada de uma raça com força e valentia, destemidos em relação à morte e vingativos contra aqueles que representavam uma ameaça para a preservação de seus valores: os mitos ancestrais, a tribo como família e, o meio que lhes assegurava a subsistência.
Hans Staden quando fala de Ubatuba, refere-se ao lugar onde ficou prisioneiro, situada na Baia de Angra dos Reis, no Estado de Rio de Janeiro. A então Aldeia de Iperoig foi apenas visitada por ele (Uchôa, Scatamacchia e Garcia, 1984).


Texto extraido do Livro UBATUBA, ESPAÇO , MEMORIA E CULTURA" ´ED. 2005.


CONTINUA SEQUENCIA A SER PUBLICADA DIA 15 DE DEZEMBRO DE 2013........

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