domingo, 13 de outubro de 2013

ESPECIAL DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA" - PARTE 102



Imagem meremente ilustrativa, não faz parte do livro



Ambas as minisséries televisivas tiveram como parte dos cenários, as praias de Ubatuba, o que nos leva a pensar que a imagem de Ubatuba está sempre na mídia, desta poderosa Rede de televisão, oculta. Mas, o que acontece cada vez que a Globo aparece em Ubatuba para  filmar, principalmente nas praias da Fazenda e Ubatumirim é uma revelação para seus habitantes ávidos de novidade, de celebridades e da aparelhagem técnica que mobiliza muitas pessoas e investimento. A reação dos ubatubenses ao ver as paisagens que lhe são familiares remitindo à outros lugares produz frustração e ao mesmo tempo realização de não se saber enganados. Acreditamos que a Rede Globo use com freqüências as paragens de Ubatuba pelas condições propícias para a filmagem a céu aberto e o baixo custo da mesma. Ubatuba, na verdade é um remanescente natural da imagem primordial do Brasil. 






A falta de reconhecimento do município, talvez seja por uma disputa de interesses econômicos e políticos que não vem ao caso discutir. No marco das celebrações dos 500 anos da Descoberta do Brasil surgiram estas duas minisséries, cujo desafio era reconstruir a imagem da nascente nação brasileira, assim o espaço físico tem um papel importante, do mesmo modo que o imaginário dos europeus e indígenas que a mídia tenta reproduzir.

A palavra exclusão veio à tona nessa oportunidade, reivindicada por grupos sociais minoritários de índios, sem terra, representantes do movimento negro que aproveitaram para evidenciar as desigualdades sociais produzidas ao longo desses 500 anos[1]. É evidente que o papel da mídia foi preponderante nesse momento, pois as suas estratégias narrativas idas ao ar se chocavam com os interesses desses remanescentes das etnias que arquitetaram a nação brasileira. A relação espaço e memória fica evidente quando queremos referir ao conceito de cultura, são conceitos pré – requisitos que nem sempre a mídia leva em consideração, em função da própria imediatez do


[1] Esta discussão pode ser encontrada no artigo, Meios de Comunicação, Memória e Tempo - a construção da “Redescoberta do Brasil” de Marialva Barbosa em: Herschmann, M. e Messeder, C. (2003).

veículo através do qual são transmitidas as mensagens em função dos efeitos receptivos.

O papel da televisão não é apenas ser uma fábrica de artistas, produtores, técnicos, jornalistas, etc., de certa forma, também consiste em reconstruir o telespectador no sentido de educar seu olhar, oferecer um espelho no qual a cultura brasileira possa se olhar sem medo ou vergonha, e abrir horizontes para as manifestações mais nobres como a literatura, o teatro, a música, o esporte e o cinema. A educação do futuro exige um esforço mancomunado da sociedade que reivindique o papel das ciências humanas e sociais a romper com esse velho confronto entre natureza e cultura. Neste percurso do livro tentamos de alguma forma vencer essa muralha para reinventar o Brasil e Ubatuba é um bom lugar para se começar.


Do editor desse blog:    Você está acompanhandoum especial do livro UBATUBA, ESPAÇO,MEMÓRIA ECULTURA,um documentário sobre a cidade de Ubatuba -SP, editado em 2005 , escrito por Jorge Otavio Fonseca e  Juan Drouguet.

CONTINUA  COM A PARTE   103    NO DIA  17  DE OUTUBRO ..........


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