segunda-feira, 16 de setembro de 2013

ESPECIAL DO LIVRO " UBATUBA,E SPAÇO , MEMORIA E CULTURA".. PARTE 99

O programa de televisão, tem-se transformado em um produto cultural devido à vertiginosa expansão do mercado da comunicação. Neste contexto de recepção, a cultura pode ser concebida como um vasto tecido de relações existentes: políticas, econômicas, religiosas e artísticas. Desta forma, a temporalidade é um eixo sobre o qual gira a produção para televisão, fortes seqüências de aceleração do tempo se unem às novas tecnologias que propiciam a desapropriação do mundo contemporâneo, assombrando a originalidade a sacralidade da arte e dando lugar à reprodução e à produção em série.



O ser humano habita um espaço desterritorializado, fragmentado e fractalizado, perdendo a noção daquilo que é transcendente. A cultura brasileira nesse sentido sempre foi aberta, receptiva demais em relação ao estrangeiro, ao diferente e às novidades. O movimento modernista de 22, citado no item 2 do capítulo II deste livro, já falava do caráter antropófago do povo brasileiro em uma alusão aos antepassados ancestrais de raiz Tupi. Esse caráter antropófago aplicado ao afã apropriador e transformador se aplica ao meio mais voraz da cultura contemporânea – a televisão, máquina antropofágica por excelência.

A onipresença da televisão e o fácil acesso a esse mundo ficcional provocou uma crise de identidade na cultura brasileira. Do lado da recepção, explica Anna Maria Balogh no artigo Cultura e Intertextualidade – Mídia e Transformações (2002), o fenômeno das transformações provocado pela televisão, revela-se mais complexo, os espectadores veteranos da televisão brasileira adquiriam competência para ver TV, a partir dos “enlatados” das séries americanas e dos melodramas latino – americanos importados. Só depois que a teledramaturgia adquiriu conotações da realidade brasileira, multiplicando as tramas e incorporando o humor, ganhou visualidade e ação.

Na década de 80 – afirma Balogh, os espectadores veteranos começaram a envelhecer e era necessário criar novos públicos cativos. A Rede Globo trouxe então a estratégia de “novos formatos” para sua tela, a idéia era conquistar o público jovem, incorporando o seriado na sua programação. Os jovens da época viram nessas novas armações, referências a outros discursos de moda: o cinema, a história em quadrinhos, jornalismo, música pop, esportes radicais, tudo isto em clima de irreverência e alegria. Nada escapou a esses novos diálogos propostos pela Rede Globo: teledramaturgia, noticiário, cinema, making – ofs, etc.

continua no dia 18/setembro

Nenhum comentário: