sábado, 17 de agosto de 2013

ESPECIAL CAIÇARADA.............A cultura caiçara sobre o olhar do ubatubense Julinho Mendes

Dando continuidade à série de vídeos especiais em homenagem a Cultura Caiçara no mês de agosto, esta semana conversamos com Julinho Mendes. Até a abertura da Caiçarada, publicaremos uma entrevista por semana com conhecedores da cultura tradicional de Ubatuba.

Balaio da Cultura Caiçara

Julinho-Mendes-Featured
Encontramos nosso segundo convidado na casa onde morou desde criança com os pais, no centro de Ubatuba. De pé no chão e usando um chapéu de cipó, Julinho, entusiasmado com o tema da nossa entrevista, logo foi pegar o que chama de Balaio da Cultura Caiçara.











De dentro retirou vários objetos que contam um pouco da história e riqueza das nossas tradições. Surgiu uma penca com bananas de plástico, cada uma representando espécies da fruta encontradas em Ubatuba – bronze, prata, ouro, e por aí vai, o Dragão da Gruta que Chora, o Boi de Conchas, o Índio Coaquira.  A cada objeto que saía do balaio, ouvimos uma história, um causo, uma lenda.
Os peixes que cantam
Os peixes que cantam
Tinha até o peixe que canta. Quando nota nosso olhar surpreso, Julinho explica que um dia, enquanto pescava com o pai na praia da Enseada, num final de tarde, lá pelas seis da tarde, ouviu uma melodia e achou estranho. O pai explicou que aquele som bonito vinha do mar, era do canto do peixe.
E assim, Julinho foi relembrando histórias. Na certidão de nascimento deste Ubatubano nato, consta que ele é de Caraguatatuba. “Mas só no papel mesmo”, diz Julinho. Ele explica que por causa das condições na época, a mãe foi para a cidade vizinha para o parto, mas que com dois dias, ele já estava em Ubatuba, de onde nunca saiu.

Lembranças de Criança

Foi na figueira enorme em frente da casa dos pais que cresceu brincando, de pé no chão. “Aqui só tinha mato, rua de barro”, conta Julinho. Os valores da Cultura Caiçara ele diz que aprendeu com a família.
Foi com o avô por parte de mãe que deu os primeiros acordes de violão.
Professor de matemática no ensino médio e também topógrafo, profissão em que está se especializando, ainda mantém a antiga paixão pela música. Esta, é cultivada através do Grupo Cantamar e nas inúmeras músicas que compõem, sempre inspiradas na Cultura Caiçara.
Aqui você confere algumas das músicas de Julinho Mendes.
Previsão do Tempo
Será que vai chover?
Será que vai fazer sol?
Vou te dar a previsão
Com certeza e precisão
Se o bambu lá no varal
Amanhecer todo orvalhado
Gavião cantou pinhé
Perereca cré cré cré
Noroeste quando chega
É que a terra está seca
Andorinha em revoada
Formiga em correição
Lua Nova trovejada
Sete dias de aguada.

Oferta à Santa Rita
É madrugada
Acorda o galo
Acorda o canto
Acorda o capelão
Que na corda
Acorda o sino
Acorda Maria Rita
Venha me fazer o café
Vou pegar minha canoa
Enfrentar o mar de proa
E se Deus me ajudar
Vou pescar uma caçoa
Vou doar à Santa Rita
Na festa do arraiá
Vou cumprir minha promessa
À capela ofertar
Vou beijar a Santa Rita
E o Pai Nosso vou rezar.

Canoeiro Pescador
Rema canoeiro
Rema, rema, pescador
Vá buscar no mar
O peixe que Deus criou.
O peixe que Deus criou
Pra criar o pescador
Tá no largo, na costeira
No parcel, no areiado.
Canoa rasga de proa
Ruma o clarão do sol
Leva rede e espinhe
No balaio, muita fé.
Tem corvina, tem garoupa
Namorado, roncador
Pirajica, cambucú
Robalo, Pirabijú.
Pescador volta contente
Da fartura que Deus deu
Reza o terço, Ave Maria
Agradece ao criador.
FONTE :

Nenhum comentário: