sexta-feira, 7 de junho de 2013

ESPECIAL LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA " - PARTE 91



A intervenção do historiador que escolhe o documento, extraindo-o do conjunto de dados do passado, preferindo-o a outros, atribuindo-lhe um valor de testemunho que, pelo menos em parte, depende de sua própria posição na sociedade da sua época e da sua organização mental, insere-se numa situação inicial que é ainda menos “neutra” do que sua intervenção. O documento não é inócuo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que a produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuo a viver, talvez esquecido, durante as quais continuo a ser manipulado, ainda que pelo silêncio (...) Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias. No limite não existe um documento – verdade.
                                       (Le Goff, 1994:547)

O tema da fonte histórica se alarga para além dos limites do texto tradicional. Segundo Le Goff, exige a elaboração de uma nova visão, capaz de transferir esse documento – monumento do campo da memória para o campo da ciência, neste caso, das ciências da comunicação.




Constatamos nessa acidentada história do jornalismo em Ubatuba que nenhum tipo de registro é ingênuo ou descomprometido com a realidade situacional de uma cultura. Todo registro jornalístico pressupõe um trabalho de linguagem, isto significou que uma tomada de posição das pessoas que vivem em uma sociedade faz do discurso jornalístico, um mecanismo ideológico próprio que funciona atribuindo sentido aos fatos da atualidade. Assim, o jornalismo ubatubense produz uma forma de história, construindo e legitimando Ubatuba como espaço social.

O jornal é para nós, um exemplo bem específico de fonte histórica – da memória atrelada à política e às instituições que configuram o universo cultural de Ubatuba. Sabe-se, entretanto, que o órgão que impera está sempre defendendo posições, querendo formar opiniões através da venda de informações, justamente é isso que nos permite detectar a posição política e a visão da realidade que tiveram os proprietários ou diretores de jornal, ou melhor, o grupo social que eles representavam (Borges, 1988:58-60).

O papel da imprensa em Ubatuba teve um caráter político forte, haja vista, o nome destes jornais que fazem alusão ao espírito de civilidade e de crítica social ante os acontecimentos que configuravam o cenário nacional em períodos históricos cruciais no Brasil. Neste sentido, acreditamos que o espaço da mídia regional é apenas um eco da mídia nacional e internacional que pauta a notícia do dia, da semana, do mês e do ano todo. Mas, acreditamos que a vocação do jornalismo está comprometida com a imediatez da sociedade e da cultura que está refletindo, por isso nosso apelo vai para os jornais de hoje, no sentido de resgatar o espaço, a memória e a cultura local assim como formar os seus leitores para a crítica, base do verdadeiro jornalismo.

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O jornalismo radiofônico foi historicamente condicionado pelas características do meio usado na veiculação das mensagens – rádio e pelas circunstâncias da recepção. O rádio passou por uma primeira fase da recepção pública – espaços públicos, coletividades e instituições, por uma segunda fase de recepção familiar – ouvia-se rádio em família – e por uma terceira fase de recepção individual 
cada um ouve o que gosta no seu rádio. Certamente, estas questões situam a rádio como um meio de comunicação de massa significativo no âmbito social, sintonizado com as mudanças e valores da cultura contemporânea.

Vale lembrar um pouco da história do rádio para compreender os processos de produção, armazenagem e difusão que este meio alcança na nossa cultura e o desdobramento propiciado no município de Ubatuba. James Clerck Maxwell, professor de física experimental da Universidade de Cambridge – Inglaterra em 1863, demonstrou teoricamente a existência de ondas eletromagnéticas, com o aporte de Henrich Rudolph Hertz, em 1887, sobre a propagação radiofônica e a industrialização dos equipamentos se criou, a primeira Companhia de rádio, fundada em Londres, pelo cientista italiano Guglielmo Marconi, em 1896. Marconi demonstrou o funcionamento de aparelhos de emissão e recepção de sinais quando percebeu a importância comercial da telegrafia. Desta forma, 1919 é o ano que se inicia “a era do rádio”. As estações pioneiras de rádio não difundiam informação. Com a criação da primeira emissora profissional do mundo – a KDKA de Pitsburgh, nos Estados Unidos, as noticias passam a ter espaço próprio no rádio. Tal acontecimento teve lugar no dia 2 de novembro de 1920.
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O jornalismo radiofônico foi historicamente condicionado pelas características do meio usado na veiculação das mensagens – rádio e pelas circunstâncias da recepção. O rádio passou por uma primeira fase da recepção pública – espaços públicos, coletividades e instituições, por uma segunda fase de recepção familiar – ouvia-se rádio em família – e por uma terceira fase de recepção individual

CONTINUA..............Confira  sequência da pagina 303 em diante.. 

Livro  " Ubatuba, espaço, memória e cultura' - editado em 2005, pelo caiçara Jorge Otávio Fonseca e o espanhol , radicado no Brasil e professor da USP  Juan Drouguet.

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