A MALDIÇÃO DE CUNHAMBEBE

Chefe Cunhambebe 

A NÃO OBSERVAÇÃO DOS FATOS HISTÓRICOS, ASSIM COMO A MÁ INTERPRETAÇÃO DOS MESMOS RESULTA SEMPRE EM UM AMONTOADO DE DISTORÇÕES QUE IMPOSSIBILITAM O RECONHECIMENTO DOS FATORES QUE EDIFICARAM AS NAÇÕES. GUIADOS POR TAIS DISTORÇÕES PESQUISADORES SÉRIOS QUASE SEMPRE OBTÉM RESPOSTAS IMPRECISAS SOBRE OS FATORES QUE CONDICIONARAM POVOS INTEIROS AO CAOS E ÀS TENSÕES CONTEMPORANEAS.
PORTANTO LÂNÇA-SE AGORA UMA LUZ SOBRE A POLÊMICA LENDA DE CUNHAMBEBE PARA QUE SE POSSA SONDAR AS ORIGENS DO POVO BRASILEIRO. 













TÃO CONTROVERSA QUANTO A SIGNIFICAÇÃO DA PALAVRA UBATUBA A LENDA DE CUNHAMBEBE PERSISTE E SEMPRE É ALUDIDA COMO “A MALDIÇÃO DE CUNHAMBEBE” QUANDO AS COISAS NÃO VÃO LÁ MUITO BEM. O FATO É QUE TAL LENDA ENCERRA UM DOS MAIORES ACONTECIMENTOS DA HISTÓRIA DO BRASIL.
ANTE A CONSTATAÇÃO DA VERACIDADE DA LENDA MUITAS PESSOAS AO LONGO DOS TEMPOS FIZERAM AS MALAS E PRTIRAM DE UBATUBA, MUITAS OUTRAS ESTÃO AQUI ENTERRADAS EM VERGONHA, DOR E DESONRA ASSIM COMO OS ÚLTIMOS ADMINISTRADORES QUE POR ESTAS TERRAS PEREMBULAM FEITO ZUMBIS CARREGANDO SOBRE OS OMBROS A CULPA DECORRENTE DE SUAS VAIDADES E SOBRE A TESTA O ESTIGMA DOS MALAVENTURADOS.
A LAMA ENCOBRE O NOME DOS LIDERES DO PASSADO E DO PRESENTE E SUCESSIVAMENTE O MALOGRO ARREBATA TODO AQUELE QUE AQUI EMPREENDE DESAVISADAMENTE.
É IMPRESSINDÍVEL QUE SE OBSERVE O VIGOR COM QUE A LENDA PERCISTE QUASE 500 ANOS APÓS A VIDA DE SEU PROTAGONISTA E É TAMBÉM IMPRESSINDÍVEL QUE SE TENTE TRAÇAR O PERFIL DESTE HOMEM QUE HABITA NOSSO IMAGINÁRIO MESMO SEM TERMOS INFORMAÇÕES PRECISAS SOBRE SUA HISTÓRIA E FUNDAMENTALMENTE SOBRE SEU CARATER.
O FATO É QUE SOMOS ASSOMBRADOS SOB SUA INFLUENCIA E ASSIM CONTINUAREMOS ATÉ QUE A EFETIVA ELUCIDAÇÃO VENHA À TONA, ALIÁS, NÃO BASTA QUE A VERDADE VENHA À TONA, É NESCESSÁRIO QUE NOS CURVEMOS INCONDICIONALMENTE AO VERDADEIRO SENTIDO DAS PALAVRAS PRONUNCIADAS POR CUNHAMBEBE PARA QUE ASSIM POSSA EXTINGUIR-SE A INFLUÊNCIA CINZENTA DE SUA “PROFECIA” E NÃO DE SUA LENDA.
A maior peculiaridade de Cunhambebe é sua grandeza, no entanto limitamos essa grandeza ao porte físico, é sabido que tinha grandes mãos e pés, uma estrutura óssea avantajada, maxilar pronunciado e até mesmo os olhos eram exageradamente grandes, mas o que mais impressiona são os relatos sobre o tamanho de sua mandíbula. Homens juraram vê-lo devorando inimigos às abocanhadas e estes relatos alimentavam a temeridade entre aqueles que lhe pudessem cruzar os caminhos.
Toda via sua maior grandeza é pouco ou quase nada enaltecida. Tal fato se deve a vergonha que sentimos intuitivamente quando em fração de segundos vislumbramos a atrocidade cometida por nossos antepassados que aqui chegaram pilhando, massacrando e traindo os verdadeiros donos da terra. Quando nossos antepassados traíram o ÚLTIMO GRANDE LIDER DA TERRA TAMOIA, traíram CUNHAMBEBE. Desde então a sucessão dos governantes até os dias atuais vem maculando nossa honra e nossa humanidade, pois o representante do povo é sempre o reflexo preciso do próprio povo.
O Grande Guerreiro uniu a Nação Tamoia, resistiu às sangrentas batalhas por inúmeras vezes e por inúmeras outras subjugou os invasores devorando-os aos pedaços impregnando nas almas dos sobreviventes ódio e pavor mortíferos. Muitos de seus inimigos eram libertos já em avançado estado de insanidade mental para que pudessem narrar junto aos seus os horrores vividos entre os Tamoios disseminando assim uma espécie de respeito que tinham suas raízes engendradas no mais tenebroso pavor.
A ganancia e a cobiça dos invasores eram insaciáveis e toda ardileza era empregada com o intuito de vencer o Grande Cunhambebe.
A localidade estratégica pleiteada pelos portugueses era a base forte de Cunhambebe, lá ele organizara os Tupinambás e estabeleceu a confederação dos Tamoios, precisamente onde hoje situa-se a cidade de Ubatuba. Ao norte, franceses e holandeses espreitavam buscando uma oportunidade de ganhar espaço nas Terras Tamoias e assim se beneficiarem das riquezas alí contidas, ao sul os portugueses reinavam após uma forçosa união política com os Tupiniquins que só foram mantidos para servirem aos seus abomináveis interesses e sob o símbolo sagrado da Cruz os portugueses mataram e pilharam o novo mundo acusando o povo nativo de paganismo.
Ano após ano os portugueses contabilizaram baixas e derrotas ante o poderio de Cunhambebe até lançarem mão da ardilosa estratégia da traição. Dois padres jesuítas foram enviados à Ubatuba com o intuito de ali firmarem um acordo de paz que veio a chamar-se; “A paz de Iperoig”. Íntegro e Honrado Cunhambebe não supunha que pudesse existir excrescência humana qual portugueses e demais europeus, que após resguardarem seus padres e interesses chacinaram cruel e traiçoeiramente todos povos Tamoios. O rio de sangue e dor cobriu então a Terra Tamoia horrorizando os entes da natureza, o céu cobriu-se então de cinza e como lágrimas amargas as chuvas desceram e descem até os dias atuais tentando lavar as marcas de uma das maiores atrocidades humanas de todos os tempos.
Em face ao cenário desolador e incrédulo ante tamanha desgraça as últimas palavras de Cunhambebe ecoaram distorcidas e incompreendidas até nossos dias e somente agora através destas linhas materializam-se em verdadeira expressão.
Disse Cunhambebe: Nada de bom há de frutificar desta semeadura, até que a terra seja respeitada será ela geradora de dor e sofrimentos.
Suas palavras constituem uma profecia e não uma maldição pois o Sábio antevê o destino traçado pelas ações precedentes.

Por: Danilo Zolli

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