terça-feira, 20 de novembro de 2012

ESPECIAL - LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA " . PARTE 87


Os matizes culturais e o confronto entre as culturas que a mídia é capaz de suscitar, trazem à tona a questão da identidade pessoal, coletiva, nacional e étnica. Neste sentido, desde o início desta obra viemos ressaltando aqueles aspectos mais substanciais da cultura ubatubense, que se delinearam no decorrer da história de seus habitantes e dos valores pelos quais estes lutaram em favor da tradição e dos costumes que hoje estão adquirindo uma nova fisionomia.




No campo das ciências humanas e sociais, autores como Berguer e Luckmann (1976), propõem que a realidade é construída socialmente. Esta idéia resulta interessante para os nossos propósitos de reivindicação da cultura de Ubatuba, porque reafirma que os significados, normas e valores que uma comunidade interioriza se transformam em um princípio de auto – referencialidade para confrontar os dispositivos culturais, o que a torna produtores dessa sociedade e cultura. Baseados na auto – referencialidade é que podemos postular a uma crítica ancorada nos eixos do espaço, da memória e da cultura de Ubatuba. Por outro lado, Pierre Boudieu (1994), associa cultura e poder. A cultura para este autor é um sistema de significações susceptíveis de distinguir e hierarquizar simbolicamente os indivíduos na sociedade, permitindo a supremacia de determinados grupos sobre outros, “a cultura de elite caracteriza-se pelas estratégias de distinção, a cultura da classe média pela boa vontade e a cultura de massa, inerente ao consumo do povo – massa, pela privação” (Ferin, 2002:79).

Esta última constatação nos faz pensar que a cultura é um campo de produção e reprodução simbólica, isto é, expressões políticas, religiosas e educativas recriadas pela mídia, com especial destaque para a televisão, pautada pela imediatez, a tensão e o conflito que deixam o espectador a mercê das estratégias de consumo.

No contexto geral deste livro, Ubatuba – espaço, memória e cultura,  aconselhamos olhar para as crenças e valores compartilhados pelos habitantes desta cidade; para os heróis e líderes da organização comunitária, para os ritos, em particular para aqueles destinados a celebrar os valores da vida organizacional; e , ainda para as redes de trabalho formal e informal, usadas para a aculturação e sociabilização da população balneária que vive do turismo de massa.

A globalização trouxe grandes transformações socio – culturais das quais partem os pressupostos que discutimos neste item, intitulado: Ubatuba na voz dos meios de comunicação social.

A invenção da comunicação social é crucial na formação do espaço público. Assim, o ser humano é eminentemente social. Nos primórdios do processo de humanização, este se agregava em pequenos grupos tribais para comunicar-se e desta forma, garantir sua sobrevivência. O sedentarismo fruto da agricultura, possibilitou o surgimento das cidades e o conseqüente processo de urbanização. As aglomerações urbanas, os excedentes agrícolas e pecuários, a necessidade de armas e de instrumentos para o trabalho e a ação são alguns dos fatores que impulsionaram a troca comercial e a produção manufaturada. A intensificação do comércio e a ligação entre as cidades, promoveram a criação de vias para o transporte, daí a ligação deste último segmento com a comunicação. Os comerciantes circulavam não apenas bens materiais, mas também informação – notícias e idéias a respeito da realidade social, somaram-se artistas, mágicos e contadores de história que perambulavam esse espaço. O advento da modernidade, enquanto processo civilizatório está ligado diretamente com a memória histórica que colocou o processo de comunicação social no eixo de toda e qualquer cultura. Este processo compreende um grande número de receptores e usa dispositivos técnicos que sustentam a comunicação – a mídia[1].


[1] Falamos de comunicação social, de acordo com o desenvolvimento massivo da cultura e a partir da Revolução Industrial, desde o século XIX.



PRÓXIMA ATUALIZAÇÃO  dia  25/11/2012.....A PARTIR DA PAGINA  294

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