Os matizes culturais e o
confronto entre as culturas que a mídia é capaz de suscitar, trazem à tona a
questão da identidade pessoal, coletiva, nacional e étnica. Neste sentido,
desde o início desta obra viemos ressaltando aqueles aspectos mais substanciais
da cultura ubatubense, que se delinearam no decorrer da história de seus
habitantes e dos valores pelos quais estes lutaram em favor da tradição e dos
costumes que hoje estão adquirindo uma nova fisionomia.
No campo das ciências
humanas e sociais, autores como Berguer e Luckmann (1976), propõem que a
realidade é construída socialmente. Esta idéia resulta interessante para os
nossos propósitos de reivindicação da cultura de Ubatuba, porque reafirma que
os significados, normas e valores que uma comunidade interioriza se transformam
em um princípio de auto – referencialidade para confrontar os dispositivos
culturais, o que a torna produtores dessa sociedade e cultura. Baseados na auto
– referencialidade é que podemos postular a uma crítica ancorada nos eixos do
espaço, da memória e da cultura de Ubatuba. Por outro lado, Pierre Boudieu
(1994), associa cultura e poder. A cultura para este autor é um sistema de
significações susceptíveis de distinguir e hierarquizar simbolicamente os
indivíduos na sociedade, permitindo a supremacia de determinados grupos sobre
outros, “a cultura de elite caracteriza-se pelas estratégias de distinção, a
cultura da classe média pela boa vontade e a cultura de massa, inerente ao
consumo do povo – massa, pela privação” (Ferin, 2002:79).
Esta última constatação
nos faz pensar que a cultura é um campo de produção e reprodução simbólica,
isto é, expressões políticas, religiosas e educativas recriadas pela mídia, com
especial destaque para a televisão, pautada pela imediatez, a tensão e o
conflito que deixam o espectador a mercê das estratégias de consumo.
No contexto geral deste
livro, Ubatuba – espaço, memória e cultura,
aconselhamos olhar para as crenças e valores compartilhados pelos
habitantes desta cidade; para os heróis e líderes da organização comunitária,
para os ritos, em particular para aqueles destinados a celebrar os valores da
vida organizacional; e , ainda para as redes de trabalho formal e informal,
usadas para a aculturação e sociabilização da população balneária que vive do
turismo de massa.
A globalização trouxe
grandes transformações socio – culturais das quais partem os pressupostos que
discutimos neste item, intitulado: Ubatuba na voz dos meios de comunicação
social.
A invenção da
comunicação social é crucial na formação do espaço público. Assim, o ser humano
é eminentemente social. Nos primórdios do processo de humanização, este se
agregava em pequenos grupos tribais para comunicar-se e desta forma, garantir
sua sobrevivência. O sedentarismo fruto da agricultura, possibilitou o
surgimento das cidades e o conseqüente processo de urbanização. As aglomerações
urbanas, os excedentes agrícolas e pecuários, a necessidade de armas e de
instrumentos para o trabalho e a ação são alguns dos fatores que impulsionaram
a troca comercial e a produção manufaturada. A intensificação do comércio e a
ligação entre as cidades, promoveram a criação de vias para o transporte, daí a
ligação deste último segmento com a comunicação. Os comerciantes circulavam não
apenas bens materiais, mas também informação – notícias e idéias a respeito da
realidade social, somaram-se artistas, mágicos e contadores de história que
perambulavam esse espaço. O advento da modernidade, enquanto processo
civilizatório está ligado diretamente com a memória histórica que colocou o
processo de comunicação social no eixo de toda e qualquer cultura. Este
processo compreende um grande número de receptores e usa dispositivos técnicos
que sustentam a comunicação – a mídia[1].
[1] Falamos
de comunicação social, de acordo com o desenvolvimento massivo da cultura e a
partir da Revolução Industrial, desde o século XIX.
PRÓXIMA ATUALIZAÇÃO dia 25/11/2012.....A PARTIR DA PAGINA 294
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