A comunicação em
sociedade radica na habilidade humana da linguagem. Mas, foi apenas a passagem
da linguagem oral para a escrita que permitiu à comunicação vencer as
determinantes do tempo e do espaço.
Nesse sentido, a escrita
é o alicerce do processo social que possibilitou o registro e a transmissão
rigorosa das informações de geração em geração, sem incorrer na infidelidade
dos processos de transmissão oral cujo suporte era a memória. O surgimento da
imprensa foi a primeira etapa da democratização da cultura, mas ao mesmo tempo,
desencadeou-se um processo de estandarização e simplificação das mensagens, o que
veio a vulgarizar essa mesma cultura. A noção de espaço público cobra assim
relevância, pois se constrói de opiniões e decisões políticas nas quais se
legitima o exercício do poder como vimos anteriormente. Trata-se do espaço do
debate e do uso público das razões argumentativas. Entretanto, a explosão da
imprensa transferiu para os jornais e revistas, os debates que antes se
desenvolviam em lugares como cafés, clubes e salões, nos quais se falava de
política, economia, literatura e arte.
A imprensa foi a
primeira mediadora na configuração do espaço público moderno, que teve em
Ubatuba um modelo de circulação outrora restrito, mas que na sua origem formou
o espaço público desta cultura na serra do mar.
Hoje podemos falar em
uma multiplicidade de espaços públicos, que institucionalizam os processos de
formação das opiniões. As tecnologias da comunicação – a imprensa, o rádio, a
televisão, o cinema – difundem diferentes discursos em diversos contextos e
ajudam à criação de uma rede diferenciada do espaço público local e inter –
regional, literários, científicos e políticos. Estes espaços públicos plurais e
inacabados como afirma Habermas (1992), e de fronteiras permeáveis, cruzam-se
entre si e remetem para um espaço público global. Estamos perante um modelo pluralista,
a ser levado em consideração (Babo Lança, 2002, apud Sousa, 2004:73).
O jornalismo é uma
poderosa estratégia de comunicação social como o demonstra o percurso histórico
desta mídia regional em Ubatuba, que tentaremos reconstruir, a partir do livro Ubatuba – Documentário de Washigton de
Oliveira (1977) e por uma entrevista realizada com o historiador Luiz Euclides Vigneron interessado neste assunto.
No dia 12 de outubro de
1896, apareceu o primeiro exemplar do jornal Echo Ubatubense , dirigido pelo então intendente Dr. Esteves da
Silva. Este anunciava nas páginas de rosto que esse jornal seria um legítimo
defensor dos interesses de Ubatuba. As colunas deste semanário falam de
geografia, de mitologia, de literatura, de “higiene da alma” e oferecia, um
calendário de atividades e eventos da vida social, além de avisos comerciais, o
que indica a parceria para baratear os custos de impressão, tiragem e
circulação. Parece-nos que a intenção comunicativa deste jornal era educar a
população carente de informação sobre o acontecer temporal, mas esta primeira
forma de mídia impressa teve curta duração, pouco mais de um ano de existência.
Após o desaparecimento
do Echo Ubatubense surgiu um outro jornal, chamado Ubatubense, dirigido por Luiz Domiciano da Conceição Júnior,
tratava-se de um semanário que não conseguiu emplacar no tempo. Logo veio o
jornal O Fogo, dirigido por Paulo
Egídio da Costa Ferreira que exercia dentro do jornal todas as funções:
escritor, impressor e entregador. O
Relâmpago foi um outro semanário, dirigido por Ernesto de Oliveira que ao
perceber o fracasso de sua produção, cria com um outro grupo de amigos, o
jornal O Popular. A seguir, começa a
circular O Papagaio, jornal feito em
papel verde. Esse jornal foi dirigido por Oscar Amando da Cunha e Irineu
Ferreira Gomes.
Observamos que o início
do jornalismo em Ubatuba remonta a fins do século XIX, começo do século XX,
colaborando com a implantação da República. Naquele então, não se falava de
nação e sim de Brasil como país, a idéia de nação era um projeto a ser
construído sob a consigna do progresso. Desta forma, os jornais traziam menos
noticias, assumiam o papel educativo de formadores de opinião, porta – vozes
das mudanças que precisavam acontecer na mentalidade e no comportamento dos habitantes
de Ubatuba, em sintonia com o cenário nacional. A finalidade dos jornais era
política e o conteúdo dos mesmos doutrinário.
O 1º de novembro de
1905, outro jornal aparece no âmbito cultural ubatubense A Cidade de Ubatuba, fundado por Floriano Rodrigues de Morais e
sucedido pelos irmãos Ernesto de Oliveira e Deolindo de Oliveira Santos que
deram continuidade com a publicação por 25 anos, até 1930.
ESPECIAL LIVRO " UBATUBA , ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA ....Próxima atualziação dia 01 de dezembro , a partir da pagina 297.....
Nenhum comentário:
Postar um comentário