domingo, 25 de novembro de 2012

ESPECIAL DO LIVRO - UBATUBA , ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA ... PARTE 87..


A comunicação em sociedade radica na habilidade humana da linguagem. Mas, foi apenas a passagem da linguagem oral para a escrita que permitiu à comunicação vencer as determinantes do tempo e do espaço.

Nesse sentido, a escrita é o alicerce do processo social que possibilitou o registro e a transmissão rigorosa das informações de geração em geração, sem incorrer na infidelidade dos processos de transmissão oral cujo suporte era a memória. O surgimento da imprensa foi a primeira etapa da democratização da cultura, mas ao mesmo tempo, desencadeou-se um processo de estandarização e simplificação das mensagens, o que veio a vulgarizar essa mesma cultura. A noção de espaço público cobra assim relevância, pois se constrói de opiniões e decisões políticas nas quais se legitima o exercício do poder como vimos anteriormente. Trata-se do espaço do debate e do uso público das razões argumentativas. Entretanto, a explosão da imprensa transferiu para os jornais e revistas, os debates que antes se desenvolviam em lugares como cafés, clubes e salões, nos quais se falava de política, economia, literatura e arte.




A imprensa foi a primeira mediadora na configuração do espaço público moderno, que teve em Ubatuba um modelo de circulação outrora restrito, mas que na sua origem formou o espaço público desta cultura na serra do mar.

Hoje podemos falar em uma multiplicidade de espaços públicos, que institucionalizam os processos de formação das opiniões. As tecnologias da comunicação – a imprensa, o rádio, a televisão, o cinema – difundem diferentes discursos em diversos contextos e ajudam à criação de uma rede diferenciada do espaço público local e inter – regional, literários, científicos e políticos. Estes espaços públicos plurais e inacabados como afirma Habermas (1992), e de fronteiras permeáveis, cruzam-se entre si e remetem para um espaço público global. Estamos perante um modelo pluralista, a ser levado em consideração (Babo Lança, 2002, apud Sousa, 2004:73).

O jornalismo é uma poderosa estratégia de comunicação social como o demonstra o percurso histórico desta mídia regional em Ubatuba, que tentaremos reconstruir, a partir do livro Ubatuba – Documentário de Washigton de Oliveira (1977) e por uma entrevista realizada com o historiador Luiz Euclides Vigneron interessado neste assunto.

No dia 12 de outubro de 1896, apareceu o primeiro exemplar do jornal Echo Ubatubense , dirigido pelo então intendente Dr. Esteves da Silva. Este anunciava nas páginas de rosto que esse jornal seria um legítimo defensor dos interesses de Ubatuba. As colunas deste semanário falam de geografia, de mitologia, de literatura, de “higiene da alma” e oferecia, um calendário de atividades e eventos da vida social, além de avisos comerciais, o que indica a parceria para baratear os custos de impressão, tiragem e circulação. Parece-nos que a intenção comunicativa deste jornal era educar a população carente de informação sobre o acontecer temporal, mas esta primeira forma de mídia impressa teve curta duração, pouco mais de um ano de existência.

Após o desaparecimento do Echo Ubatubense surgiu um outro jornal, chamado Ubatubense, dirigido por Luiz Domiciano da Conceição Júnior, tratava-se de um semanário que não conseguiu emplacar no tempo. Logo veio o jornal O Fogo, dirigido por Paulo Egídio da Costa Ferreira que exercia dentro do jornal todas as funções: escritor, impressor e entregador. O Relâmpago foi um outro semanário, dirigido por Ernesto de Oliveira que ao perceber o fracasso de sua produção, cria com um outro grupo de amigos, o jornal O Popular. A seguir, começa a circular O Papagaio, jornal feito em papel verde. Esse jornal foi dirigido por Oscar Amando da Cunha e Irineu Ferreira Gomes.

Observamos que o início do jornalismo em Ubatuba remonta a fins do século XIX, começo do século XX, colaborando com a implantação da República. Naquele então, não se falava de nação e sim de Brasil como país, a idéia de nação era um projeto a ser construído sob a consigna do progresso. Desta forma, os jornais traziam menos noticias, assumiam o papel educativo de formadores de opinião, porta – vozes das mudanças que precisavam acontecer na mentalidade e no comportamento dos habitantes de Ubatuba, em sintonia com o cenário nacional. A finalidade dos jornais era política e o conteúdo dos mesmos doutrinário.

O 1º de novembro de 1905, outro jornal aparece no âmbito cultural ubatubense A Cidade de Ubatuba, fundado por Floriano Rodrigues de Morais e sucedido pelos irmãos Ernesto de Oliveira e Deolindo de Oliveira Santos que deram continuidade com a publicação por 25 anos, até 1930.



ESPECIAL  LIVRO "  UBATUBA , ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA ....Próxima atualziação dia 01 de dezembro , a partir da pagina  297..... 

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