Nos primeiros anos deste milênio
Ubatuba sofreu algumas alterações, de ordem naturais, com as grandes chuvas e
enchentes, ou com aquelas realizadas pelo próprio homem., como as invasões cada
vez maiores em encostas de morros,
casas construídas irregularmente, levando sujeira e poluição aos rios e até as
nascentes que abastecem as caixas de água da Sabesp. Esses problemas têm sido enfrentados pelas últimas administrações públicas,
por prefeitos que tentam resolver de forma prática, mas que encontram grandes
resistências.
- UBATUBA NA VOZ
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
A construção de uma
cultura está diretamente relacionada com o conceito de comunicação, por isso,
nos referiremos neste item, ao modo como Ubatuba foi expressando,
principalmente nos meios: jornal e rádio, o seu desenvolvimento cultural.
Também falaremos da sua inserção na mídia nacional que sempre viu neste espaço
natural, uma forma de apresentar vestígios remanescentes da cultura brasileira.
Na cultura, o ser humano
produz, armazena e difunde por meio da comunicação, seja esta midiática, organizacional
ou interpessoal. Formatam-se os gostos, valores, idéias, os modos de vida, as
tradições, crenças e a multiplicidade de vivências, em função da cultura na
qual se está inserido, esta última é determinada pelas modalidades e meios de
comunicação que a sustentam. Portanto, a cultura é o conjunto dos modos de
fazer e proceder, isto é, dos rituais que definem a ação, em função das
diversas situações, em consonância com as exigências colocadas pelas diferentes
estratégias nas situações sociais concretas (Crespi, 1997:80)[1].
As práticas do
cotidiano, individuais e coletivos são expressões comunicativas da cultura.
Tudo isto se reflete no consumo dos produtos culturais como jornais,
telejornais, filmes, telenovelas, livros, etc. Hoje em dia a mídia aparece à
nossa realidade como uma espécie de “lubrificante da cultura”, afirmação
sustentada por Jorge Pedro Sousa no livro Elementos
de teoria e pesquisa da comunicação e da mídia (2004), que não deve ser
confundida com a cultura em si. No nosso caso, estamos trabalhando com o
conceito de cultura autóctone, fundada no espaço e na memória de Ubatuba. Outra
pontuação pertinente a este respeito, a modo de esclarecimento para nossos
leitores, é pensar que quando falamos de mídia, referimo-nos aos meios de
comunicação social, seguindo a seguinte classificação: a mídia impressa que
inclui jornais, revistas e livros de um modo geral; e, a mídia audiovisual que
inclui o rádio, a televisão e o cinema. Poderíamos mencionar entre as mídias
interativas a Internet, mas não abordaremos este meio, ao não ser, em termos
referenciais de informação.
A idéia é visualizar a
mídia como um co-relato da cultura local que nos interessa evidenciar. Para
tanto nos referiremos neste item à mídia nacional e ao modo como esta apresenta
a cidade criando uma imagem que circula por todo o país e mesmo no âmbito
internacional das redes. A mídia regional será o motivo principal desta parte
do livro, por ser gerada em torno do próprio município, tentaremos de alguma
forma traçar um percurso histórico baseado na memória dos usuários.
A cultura no Brasil é
uma mescla de culturas que interagem sobre outras e cujas fronteiras, no
contexto do fenômeno de globalização se torna crescentemente difusa. No último
item deste capítulo final, nos referiremos a um outro fenômeno que ilustra com
propriedade o que acontece em Ubatuba em termos de cultura: “o
multiculturalismo”.
A mídia exerce uma
importante influência sobre a configuração e a produção cultural, em constante
transformação, essa influência se dá concretamente nos efeitos produzidos na
grande maioria da população. Os efeitos são da ordem do afetivo, cognitivo e
comportamental, fundamentalmente sobre os modos de vida, a organização social,
os gostos, a língua, o relacionamento entre as pessoas, consigo mesmas, com a
família e com o meio ambiente no qual interatuam. Também a influência se
estende à produção simbólica do cotidiano: nos modos de vestir, falar,
fotografar, filmar, a vivência espiritual, o cozinhar e o comer. Há de se
considerar em tudo isto, o caráter mercantilista da produção e do consumo de
grande parte destes produtos culturais, no qual impera a indústria audiovisual
que revela a televisão como a mídia mais poderosa em Ubatuba.
Os matizes culturais e o
confronto entre as culturas que a mídia é capaz de suscitar, trazem à tona a
questão da identidade pessoal, coletiva, nacional e étnica. Neste sentido,
desde o início desta obra viemos ressaltando aqueles aspectos mais substanciais
da cultura ubatubense, que se delinearam no decorrer da história de seus
habitantes e dos valores pelos quais estes lutaram em favor da tradição e dos
costumes que hoje estão adquirindo uma nova fisionomia.
[1] Lucia Santaella ao definir o que é
cultura, usa as formações sociais para delinear o lugar ocupado pela cultura na
sociedade. Afirma que tais formações, apresentam três territórios
interrrelacionados: o território econômico, o político e o cultural. A palavra
cultura teve sua origem no mundo latino e referia-se ao cultivo do solo, mas só
se tornou corrente na Europa da segunda metade do século XVIII. Por trás de
toda prática, criação, difusão ou apropriação cultural, há sempre, explicita ou
implicitamente, alguma concepção de cultura e, é a partir deste pressuposto que
definimos nosso ponto de vista (Santaella, 2002:47).
NOVA ATUALIZAÇÃO DIA : 20/11/2012....A PARTIR DA PAGINA 292
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