domingo, 7 de outubro de 2012

ESPECIAL LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA '.... PAGINA 85





Outro pico de importância para Ubatuba, também fazendo parte desde o início da história da Aldeia Iperoig, é o “Pico do Frade”. De acordo com informações de Hélio Graciano, ubatubense amante das histórias caiçaras, o “Pico do Frade” é um dos mais elevados de Ubatuba, com duas saliências pontiagudas, está entre os bairros do Horto Florestal e o Perequê-Açú. A face do morro que é voltada para o bairro do Perequê-Açú é de formação acústica que proporciona uma grande ressonância nos ecos, repetindo-se por várias vezes e que a cada repetição, o som muda de direção. A razão deste fenômeno é por conta de que a formação é constituída por rochas de granito verde e de uma pedra que tem uma consistência de um ferro, vibrando igual a um sino, fazendo assim com que muitas pessoas que residem longe da localidade consigam ouvir latidos de cães, galos cantando e gritos de outras pessoas.





 Já na outra face, do lado do bairro do Horto Florestal, ao sopé do pico tem um pequeno morro chamado de “Morro da Pipoca”, que no seu topo se forma uma bacia. Próximo desse lugar, quando foi aberta a Rodovia Oswaldo Cruz, no trecho da serra, centenas de escravos trabalharam em sua pavimentação com pedras do rio que eram lavradas e cortadas, um trabalho muito penoso exigindo um esforço físico muito grande que os levava à morte. Seus corpos eram trazidos e sepultados no “Morro da Pipoca” pelos próprios escravos sobreviventes, que protegiam as covas com pedras, afastando assim muitos caçadores que ali apareciam.

A denominação de pico como sendo “Pico do Frade”, tem relação com o mistério de lendas e superstições da época em que o Padre José de Anchieta ficou prisioneiro nas terras de Iperoig. Dizem que os Tupinambá em tempos da Confederação dos Tamoio, costumavam se reunir em volta de um morro  de dois picos na evocação de proteção aos seus deuses para uma grande batalha da confederação. Dizem ainda que o alemão Hans Staden publicou em seu livro, que de passagem pela aldeia Iperoig, encontrou com um frade espanhol que fez daquele pico o seu reduto para se abrigar, escondendo-se de corsários franceses, ingleses e de outros índios mais selvagens, perigosos que o pretendiam matar, denominando-se assim “Pico do Frade”.

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Ubatuba na década de 80 continuava o seu desenvolvimento no que diz respeito ao turismo do local. A cidade entra definitivamente para o mercado de exploração do turismo, pois suas belezas naturais que proporcionavam praias, ainda, quase intocadas eram atrações e chamariz para este crescente mercado. Comerciantes de vários tipos de estabelecimento aumentavam cada ano, novos hotéis, restaurantes e outros afins procuravam seu lugar. A exploração imobiliária cada vez mais em ascensão, trouxe interessados na exploração turística, buscando em Ubatuba, a razão para seus investimentos. A procura por Ubatuba era tão grande por veranistas que despertou rapidamente, mesmo antes dos anos oitenta, o interesse também dos habitantes residentes em ganhar o seu dinheiro com os turistas que aqui vinham nos meses de verão.

Alugar as suas próprias residências passou a ser para o caiçara ubatubense uma forma de ganham dinheiro fácil, mesmo que para isso tivesse que sair da sua comodidade estável por 1 ou 2 meses. Logo, para muitos desses ubatubenses, ou mesmo aqueles que aqui estão há pouco residindo, passaram a ter além de suas próprias moradias, mais uma outra, especificamente para o aluguel temporário aos turistas. Na verdade, a idéia de investimento para muitos é a construção de pequenas moradias como prédios de apartamentos especificamente para aluguéis temporários. Até os dias atuais, estabelecimentos de hospedagens como hotéis têm como concorrentes as residências de aluguel temporário, mesmo tendo diminuído um pouco a febre das casas para alugueis.

Nos anos oitenta também, um acontecimento veio de encontro com a cidade, sendo notícia e debate por muito tempo, a realização de um projeto imobiliário de 600 milhões de dólares e que se denominaria “Porto Flamengo”. O projeto previa a derrubada de parte da floresta e de morros em declives, uma ação que ia contra o Código Florestal e que deveria desencadear profundas alterações no litoral da cidade de Ubatuba. O projeto previa a construção de 300 apartamentos e mais 100 casas nos taludes da Serra do Mar. Para a Embratur, o projeto era visto como uma alternativa de desenvolvimento e atração de turistas nacionais e estrangeiros;falava-se em uma nova Caribe  que geraria oportunidades de emprego para toda região.

Uma movimentação de milhões de dólares que trouxe a cidade de Ubatuba, técnicos de várias secretarias de Estado e representantes da Embratur, Marinha, USP, Ministério Público e os principais interessados na preservação da localidade e do município, os ambientalistas, tornaram o encontro, promovido pelo Movimento de Preservação de Ubatuba, um ato de militância. Tal encontro tinha o objetivo de levar a discussão para toda a comunidade local, demonstrando as vantagens e desvantagens do projeto. Um debate que não acabou rendendo tanta discussão, sendo prejudicado pela ausência dos principais interessados na realização do projeto, os representantes da Selecta Indústria e Comércio, responsável pelo empreendimento.

Nos anos noventa, Ubatuba continua com outras preocupações, dentre elas a convivência harmoniosa do turismo e meio ambiente. iAs praias de Ubatuba, algumas consideradas anos atrás desertas, hoje já não mais são. As mais charmosas praias do lado norte da cidade já sofrem concorrência de freqüentadores que procuram pelos mesmos atrativos naturais.  O turismo continua, depois de umas décadas, a ser a mola propulsora, a engrenagem principal na busca de um progresso estável, mas que em seu desenvolver deve ser responsável, sustentável, ecológico e conservador do meio ambiente, um patrimônio natural da cidade.

As paisagens, a natureza , a beleza de Ubatuba serão, sem dúvida, se conscientemente e respeitosamente explorados, a fonte do desenvolvimento social, econômico, turístico, cultural,educacional , da saúde e lazer.

Nos primeiros anos deste milênio Ubatuba sofreu algumas alterações, de ordem naturais, com as grandes chuvas e enchentes, ou com aquelas realizadas pelo próprio homem., como as invasões cada vez...



CONFIRA  A PARTE    289, DO LIVRO "   UABTUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA...'.....A   SER  PUBLICADA NO DIA 10 DE OUTUBRO

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