quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ESPECIAL DO LIVRO " UBATUBA , ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA "....PARTE 84...


Imagem ilustrativa, não faz parte do Livro UBATUBA,ESPAÇO , MEMORIA E CULTURA... 

A proteção do parque compreende 30% das terras consideradas domínio do Estado, e ao outros 70% são de ação discriminatória por iniciativa de órgãos subordinados à Secretaria de Justiça, ou que estão sob judicie, isto é, ações de desapropriação indireta, por parte de pessoas físicas e jurídicas, alegando propriedade e reivindicando direitos sobre as terras ou indenizações de valores incalculáveis. Ainda, em todo o parque protegido, existem aldeias indígenas, como a exemplo, em Ubatuba, a Aldeia Boa Vista de índios guaranis.





O Parque Estadual da Serra do Mar tem sua administração dividida por Núcleos, com suas bases instaladas nas áreas que são do domínio do Estado. No município de Ubatuba, o núcleo encontra-se localizado na Picinguaba, denominado como “Núcleo Picinguaba”, integrando-se assim a rede de Unidades de Conservação administrada pela Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo através do Instituto Florestal. O Núcleo Picinguaba abrange uma área de 47.000 hectares e a sua localização estratégica faz ligação com os Parques Estadual da Serra do Mar, o Nacional da Serra da Bocaina e também com a Área de Proteção Ambiental – APA do Cairuçu, no Estado do Rio de Janeiro.

Estes parques formam um verdadeiro corredor de fauna e flora bem diversificada, que infelizmente corre risco de acabar. A Picinguaba em Ubatuba, é o único ponto Parque Estadual da Serra do Mar onde a floresta chega à orla marítima, através de seus costões rochosos, se espalhando numa planície litorânea e pegando sete praias da região norte do município.

Em toda a extensão que compreende do Núcleo Picinguaba, inclui-se a Vila da Picinguaba, a aldeia de pescadores localizada na Praia do Camburi e também, um grupo de posseiros que estão no Sertão da Fazenda Picinguaba. A natureza do lugar e a cultura das pessoas que ali vivem, misturam-se neste núcleo, que é preservado e protegido, desenvolvendo ao mesmo tempo um tipo de educação ambiental. Existem muitas trilhas do Núcleo da Picinguaba que são atrativos para a recepção de grupos de estudantes ou simplesmente turistas – visitantes, amantes da natureza. Estas pessoas são orientadas através de monitores, moradores da região que durante o percurso das trilhas explicam de forma educativa a respeito da preservação do local e da atuação da Unidade de Conservação e do Núcleo em si. Este projeto junto aos moradores da localidade garante a eles uma alternativa de trabalho e sobrevivência, juntando a vivência local, daqueles moradores, aperfeiçoando-os com conhecimentos em eco-turismo, através de cursos e treinamentos para a capacitação dos mesmos.

O exemplo de projetos junto à comunidade, visando o eco-turismo é o Projeto de Preservação da Mata Atlântica – PPMA, no Estado de São Paulo, que procura ampliar e melhorar a infra- estrutura e os serviços de apoio ao eco-turismo e à educação ambiental no Núcleo da Picinguaba. Este projeto investe em recursos para montagem de Planos de Gestão Ambiental, para assim implantar e consolidar as Unidades de Conservação, com fiscalização e proteção dos remanescentes da Mata Atlântica, um Patrimônio da Humanidade. Uma integração ao Programa de Cooperação Financeira Brasil – Alemanha, que vem sendo executado através da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo com o Banco KFW.

O Núcleo ainda abrange a Praia da Fazenda, protegendo rios, mangues, vegetação de praia e o ambiente marinho de toda praia até o Sertão da Fazenda, onde se encontra a Casa da Farinha. Este, um patrimônio histórico-cultural já comentado no primeiro capítulo deste livro. Muitas são as trilhas de variados percursos, como a que chega a cidade de Parati – RJ, que tem cerca de 2.550 metros, atravessando trechos de mata úmidos nas encostas com uma biodiversidade única. Outras praias como a Brava da Almada, com árvores centenárias, onde o acesso é só a pé; a da Vila, na Pincinguaba, onde as casas dos moradores caiçaras e de veranistas se embrenham morro acima, misturando-se com a mata, e também a praia do Cambury, onde a vila de caiçaras e pescadores se mantém parada no tempo, sem a possibilidade do desenvolvimento e do progresso por conta da proteção ambiental governamental.

A Ilha Anchieta, também é considerada um Parque que ocupa toda a ilha, protegendo suas riquezas que além de naturais, ainda consiste num rico patrimônio histórico – cultural com as ruínas do antigo presídio ali existente, mais conhecido como o “Presido da Ilha Anchieta”, um dos principais atrativos histórico - culturais de Ubatuba. Atrativo também comentado neste livro, que soma cultura e biodiversidade de um local protegido, preservado por lei, em uma ilha que é considerada a segunda maior do litoral do Estado de São Paulo. Além de uma natureza excepcional, a ilha tem trilhas que adentram a mata Atlântica no seu formado de origem, com uma flora bem variada entre árvores e plantas. A fauna encontra-se bem protegida, com animais bem variados, tornando a ilha um abrigo ideal tanto para estes animais como para as plantas, pois ali o ser humano é fiscalizado não podendo tirar se quer uma flor. Segundo um levantamento de pesquisa científica foi constatado mais de 50 espécies de aves só nesta ilha.

Quando se fala em Serra do Mar, imaginamos logo as montanhas que circundam o município de Ubatuba, dando a impressão de grandes muralhas, assim ditas pelos primeiros colonizadores portugueses que aqui aportaram. Todas estas, também chamadas de serras, são montanhas de variadas alturas que de longe, aos nossos olhos, enganam em tonalidades diferentes de cor azul escuro até chegar no verde das matas. Acompanhando suas linhas, das copas das árvores, percebemos de vez em quando, um pico se despontar e é aí que o mais famoso deles se destaca, sendo percebido por qualquer um, de qualquer parte da cidade de Ubatuba. Estamos falando do Pico do Corcovado, um símbolo majestoso que há anos testemunha de longe as mudanças da cidade e que despertou a curiosidade de muitos homens que por aqui passaram. Guarda histórias e estórias contadas através do tempo por os que passaram de geração a geração e hoje se encontram registrados em livros como este[1].


[1] O Pico do Corcovado passou a ter o seu dia municipal de comemoração. Através de uma sessão de Câmara Municipal no dia 02, um projeto de lei nº 87/03, de autoria do vereador, na época, Eduardo César junto com a Associação de Monitores de Ecoturismo de Ubatuba - AMEU, instituindo o Dia Municipal do Pico do Corcovado, comemorando-se em todo o primeiro domingo do mês de Abril. Na data escolhida, será realizada celebração com campanhas educativas promovidas pelos órgãos públicos e também com entidades solidárias como a AMEU.

CONTINUA   NO  DIA   07   DE OUTUBRO -.... PAGINA 285 DO LIVRO "  UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA"...

Nenhum comentário: