Imagem ilustrativa, não faz parte do Livro UBATUBA,ESPAÇO , MEMORIA E CULTURA...
A proteção do parque compreende 30%
das terras consideradas domínio do Estado, e ao outros 70% são de ação
discriminatória por iniciativa de órgãos subordinados à Secretaria de Justiça,
ou que estão sob judicie, isto é, ações de desapropriação indireta, por parte
de pessoas físicas e jurídicas, alegando propriedade e reivindicando direitos
sobre as terras ou indenizações de valores incalculáveis. Ainda, em todo o
parque protegido, existem aldeias indígenas, como a exemplo, em Ubatuba, a
Aldeia Boa Vista de índios guaranis.
O Parque Estadual da Serra do Mar tem
sua administração dividida por Núcleos, com suas bases instaladas nas áreas que
são do domínio do Estado. No município de Ubatuba, o núcleo encontra-se localizado
na Picinguaba, denominado como “Núcleo Picinguaba”, integrando-se assim a rede
de Unidades de Conservação administrada pela Secretaria do Meio Ambiente do
estado de São Paulo através do Instituto Florestal. O Núcleo Picinguaba abrange
uma área de 47.000 hectares e a sua localização estratégica faz ligação com os
Parques Estadual da Serra do Mar, o Nacional da Serra da Bocaina e também com a
Área de Proteção Ambiental – APA do Cairuçu, no Estado do Rio de Janeiro.
Estes parques formam um verdadeiro corredor
de fauna e flora bem diversificada, que infelizmente corre risco de acabar. A
Picinguaba em Ubatuba, é o único ponto Parque Estadual da Serra do Mar onde a
floresta chega à orla marítima, através de seus costões rochosos, se espalhando
numa planície litorânea e pegando sete praias da região norte do município.
Em toda a extensão que compreende do
Núcleo Picinguaba, inclui-se a Vila da Picinguaba, a aldeia de pescadores
localizada na Praia do Camburi e também, um grupo de posseiros que estão no
Sertão da Fazenda Picinguaba. A natureza do lugar e a cultura das pessoas que
ali vivem, misturam-se neste núcleo, que é preservado e protegido,
desenvolvendo ao mesmo tempo um tipo de educação ambiental. Existem muitas
trilhas do Núcleo da Picinguaba que são atrativos para a recepção de grupos de
estudantes ou simplesmente turistas – visitantes, amantes da natureza. Estas
pessoas são orientadas através de monitores, moradores da região que durante o
percurso das trilhas explicam de forma educativa a respeito da preservação do
local e da atuação da Unidade de Conservação e do Núcleo em si. Este projeto
junto aos moradores da localidade garante a eles uma alternativa de trabalho e
sobrevivência, juntando a vivência local, daqueles moradores, aperfeiçoando-os
com conhecimentos em eco-turismo, através de cursos e treinamentos para a
capacitação dos mesmos.
O exemplo de projetos junto à
comunidade, visando o eco-turismo é o Projeto de Preservação da Mata Atlântica
– PPMA, no Estado de São Paulo, que procura ampliar e melhorar a infra-
estrutura e os serviços de apoio ao eco-turismo e à educação ambiental no
Núcleo da Picinguaba. Este projeto investe em recursos para montagem de Planos
de Gestão Ambiental, para assim implantar e consolidar as Unidades de
Conservação, com fiscalização e proteção dos remanescentes da Mata Atlântica,
um Patrimônio da Humanidade. Uma integração ao Programa de Cooperação
Financeira Brasil – Alemanha, que vem sendo executado através da Secretaria de
Meio Ambiente de São Paulo com o Banco KFW.
O Núcleo ainda abrange a Praia da
Fazenda, protegendo rios, mangues, vegetação de praia e o ambiente marinho de
toda praia até o Sertão da Fazenda, onde se encontra a Casa da Farinha. Este,
um patrimônio histórico-cultural já comentado no primeiro capítulo deste livro.
Muitas são as trilhas de variados percursos, como a que chega a cidade de
Parati – RJ, que tem cerca de 2.550 metros, atravessando trechos de mata úmidos
nas encostas com uma biodiversidade única. Outras praias como a Brava da
Almada, com árvores centenárias, onde o acesso é só a pé; a da Vila, na
Pincinguaba, onde as casas dos moradores caiçaras e de veranistas se embrenham
morro acima, misturando-se com a mata, e também a praia do Cambury, onde a vila
de caiçaras e pescadores se mantém parada no tempo, sem a possibilidade do
desenvolvimento e do progresso por conta da proteção ambiental governamental.
A Ilha Anchieta, também é considerada
um Parque que ocupa toda a ilha, protegendo suas riquezas que além de naturais,
ainda consiste num rico patrimônio histórico – cultural com as ruínas do antigo
presídio ali existente, mais conhecido como o “Presido da Ilha Anchieta”, um
dos principais atrativos histórico - culturais de Ubatuba. Atrativo também
comentado neste livro, que soma cultura e biodiversidade de um local protegido,
preservado por lei, em uma ilha que é considerada a segunda maior do litoral do
Estado de São Paulo. Além de uma natureza excepcional, a ilha tem trilhas que
adentram a mata Atlântica no seu formado de origem, com uma flora bem variada
entre árvores e plantas. A fauna encontra-se bem protegida, com animais bem
variados, tornando a ilha um abrigo ideal tanto para estes animais como para as
plantas, pois ali o ser humano é fiscalizado não podendo tirar se quer uma
flor. Segundo um levantamento de pesquisa científica foi constatado mais de 50
espécies de aves só nesta ilha.
Quando se fala em Serra do Mar,
imaginamos logo as montanhas que circundam o município de Ubatuba, dando a
impressão de grandes muralhas, assim ditas pelos primeiros colonizadores
portugueses que aqui aportaram. Todas estas, também chamadas de serras, são
montanhas de variadas alturas que de longe, aos nossos olhos, enganam em
tonalidades diferentes de cor azul escuro até chegar no verde das matas. Acompanhando
suas linhas, das copas das árvores, percebemos de vez em quando, um pico se
despontar e é aí que o mais famoso deles se destaca, sendo percebido por
qualquer um, de qualquer parte da cidade de Ubatuba. Estamos falando do Pico do
Corcovado, um símbolo majestoso que há anos testemunha de longe as mudanças da
cidade e que despertou a curiosidade de muitos homens que por aqui passaram.
Guarda histórias e estórias contadas através do tempo por os que passaram de
geração a geração e hoje se encontram registrados em livros como este[1].
[1] O Pico do Corcovado passou a ter o seu dia municipal de comemoração. Através de uma sessão
de Câmara Municipal no dia 02, um projeto de lei nº 87/03, de autoria do
vereador, na época, Eduardo César junto com a Associação de Monitores de
Ecoturismo de Ubatuba - AMEU, instituindo o Dia Municipal do Pico do Corcovado,
comemorando-se em todo o primeiro domingo do mês de Abril. Na data escolhida,
será realizada celebração com campanhas educativas promovidas pelos órgãos
públicos e também com entidades solidárias como a AMEU.
CONTINUA NO DIA 07 DE OUTUBRO -.... PAGINA 285 DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA"...
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