A sessão da Câmara Municipal do último dia 18 foi um tanto quanto conturbada por manifestação das mais diferentes formas: cartazes, vaias, aplausos, jingles, etc..
Por incrível que possa parecer, a sessão começou britanicamente no horário (17h) com poucas pessoas no recinto. Um projeto foi retirado da ordem do dia e dois foram adiados, sendo dois aprovados, em única discussão. Quando começou a leitura do projeto nº 90/01, da Mesa da Câmara, que altera a Estrutura Administrativa da Casa criando 13 cargos de assessores externos de vereador, um de motorista e dois de vigia, vários alunos do curso do magistério da EE “Capitão Deolindo de Oliveira Santos”, todos vestidos de preto em sinal de protesto, que haviam chegado momentos antes acompanhados de sua professora de sociologia e filosofia, Augusta Elizabeth Vieira Camargo Lacerda, levantaram cartazes com palavras de ordem contra a sua aprovação.
Reginaldo Teodoro (Jesus), que fez uso da tribuna livre depois da leitura do projeto, colocou que a população estava confiante neste novo grupo mas que eles estão roubando o povo, que está pronto para cobrar-lhes soluções, trabalho. “Este assessor externo é mais um jeito de enrolarem nosso dinheiro”, falou, exaltado, e foi muito aplaudido.
Os três primeiros vereadores chamados a votar, Charles Medeiros (PSDB), Domingos dos Santos (PT) e Eduardo César (sem partido), rejeitaram o projeto e foram entusiasticamente aplaudidos. Quando um dos demais vereadores que o aprovou foi vaiado e os presentes começaram a cantar jingles e a chamá-los de ladrões. O presidente, Gerson de Oliveira (PMDB), pediu silêncio várias vezes.
Mas o povo não agüentou ficar em silêncio. Mais de cento e cinqüenta pessoas acompanhando a votação e vendo que seu posicionamento pacífico não surtiu efeito, começaram a gritar e vaiar cada vez mais alto. Ao terminar a votação, o tumulto se generalizou e ele suspendeu a sessão por dez minutos alegando falta de segurança e, segundo ele, para não manter confronto com a polícia, pedindo que se retirassem.
As pessoas estavam se retirando de forma ordeira, quando as luzes se apagaram, o que foi considerado insulto e provocação.
A prof.ª Amélia declarou que os cartazes eram para mostrar “a vergonha que estão fazendo. Enquanto a saúde e a educação estão na bancarrota, estes vereadores inescrupulosos aprovam cargos. Não vamos nos retirar: somos cidadãos, pagamos altíssimos impostos e temos o direito de estar aqui. Eles são meros empregados nossos e estão roubando nosso município.”
Nisso, o presidente da Câmara encerrou a sessão e os presentes, revoltados, se dirigiram à rádio Costa Azul para continuarem protestando.
Segundo o vereador Ricardo Cortes (PPS), a manifestação não era do povo mas de um grupo organizado de segmentos políticos, em busca de benefícios próprios.
Já Charles considerou que o que ocorreu foi o povo realmente exercendo a cidadania e expressando seu sentimento. “Foi uma manifestação justa, porque o povo pediu para ser ouvido e não foi”, disse.
Domingos considera que realmente foi lamentável este episódio, onde os vereadores só levaram em conta seus interesses mesquinhos. “Tem vereador que pensa que sua função é ser assistente social, arranjar cesta básica, jogo de futebol, internação, quando o seu papel principal é fiscalizar o Executivo e a própria instituição e fazer leis; e isto está sendo deixado de lado”, criticou.
Os vereadores Domingos, Charles e Eduardo César se comprometeram publicamente a abrir mão do segundo assessor para manterem a coerência de suas votações. “Eu peço a todo cidadão ubatubense que seja meu assessor, que traga denúncias, idéias, críticas, projetos porque esse assessor que estão querendo não vai fazer falta na medida em que a gente conta com a população”, declarou Domingos.
Charles disse que acredita que com este posicionamento da população, a nossa Câmara mude. “Temos o livre arbítrio e, acima de tudo, temos que ter a preocupação para com aquelas pessoas que nos colocam no cargo público”, declarou.
O presidente do diretório municipal do Partido Trabalhista Nacional (PTN), Dr. Molina, posicionou-se também contrário, dizendo que, se os vereadores quiserem saber dos problemas existentes nos diversos bairros, bastará tão somente consultar as Associações de bairros. O Dr. Molina ressalvou ainda que os vereadores que foram favoráveis ao “Trem da Alegria” são aqueles que apóiam o prefeito. Já os da oposição foram felizes em votar contra tal lei. Por fim, comentou que agendará para a próxima semana uma reunião com os presidentes de partidos do município para avaliarem quais os caminhos que deverão ser percorridos e que também ocupará a Tribuna Popular da Câmara na sessão de terça-feira próxima, dia 25, cuja reserva já está garantida, a fim de tecer alguns comentários sobre o assunto que está gerando tanta polêmica em nossa cidade.
Ontem, Domingos informou que um grupo de munícipes está percorrendo a cidade com abaixo-assinados para entrar com uma ação popular junto ao Ministério Público, baseada na moralidade pública.
FONTE:
http://www2.uol.com.br/jornalasemana/edicao150/materia0.htm
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