domingo, 12 de agosto de 2012

ESPECIAL LIVRO Ubatuba , espaço, memória e cultura...parte 83...





De acordo com Barhouch, o trecho da estrada sob sua responsabilidade da obra finalizada era até a região do Rio da Praia da Fazenda, terminado o trecho paulista. Até ali viria de encontro com a abertura da estrada, obra do trecho que vinha do Estado do Rio de Janeiro. O percurso da estrada cortando o município de Ubatuba passava por algumas fazendas de café, grandes áreas que foram desapropriadas pela Procuradoria Jurídica Federal. Muitos loteamentos, como o Mato Dentro, o Jardim Carolina e da Estufa (dividida em Estufa I e II), tiveram os imóveis, terrenos com casas próximo ao centro da cidade, cortados pela rodovia. 



Hoje a manutenção da estrada é feita por equipes terceirizadas, contratadas por empreiteiras sob a responsabilidade da DNIT com sede à Rodovia BR-101, a altura do km 49, juntamente do o Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Said Barhouch Filho é o engenheiro responsável desde o ano de 1974, sendo este departamento pertencente à Regional de Taubaté, sob a responsabilidade do engenheiro Nilson Franco Martins, e ao Estado de São Paulo do 8º UNIT[1].

O mar de Ubatuba ainda é o mais importante chamariz do turismo: suas praias, ilhas e cenários deslumbrantes que possibilitam aos admiradores e praticantes do esporte náutico e mesmo àqueles que em escunas de empresas de turismo a possibilidade de conhecer estas maravilhas que cercam o continente ubatubense. O Saco da Ribeira, um dos principais cartões postais de Ubatuba é o maior píer com estas escunas de passeios direcionados à Ilha Anchieta e a outras praias de difícil acesso. Algumas empresas agenciam passeios com horários pré-determinados com toda a segurança estabelecida pela capitania marítima nacional.

Eventos esportivos também ocorrem no mar, como a tradicional competição natatória e a pesca esportiva da praia do Cruzeiro. A prova natatória, além de outros tipos de provas no mar, é especialmente apreciada e conhecida, pois já ocorre há muitos anos, desde a década de 60, chegando a ser considerada a maior do país. Esta prova era denominada “Prova Natatória Internacional Cidade de Ubatuba”, isto nos anos 70. Em 1968, foi realizada a primeira disputa da “Copa Tamoios de Caça Submarina”, patrocinada pelo Tamoio Iate Clube, uma prova oficial da Federação Paulista que determinavam os campeões estaduais da modalidade. Um torneio de Pesca de Lançamento “Cidade de Ubatuba”, era outra prova competitiva nos mares da cidade, disputada pela primeira vez em 1975 e realizada na Praia de Itamambuca, no aniversário da cidade. Outra é a Regata “Marinha do Brasil”, prova vélica organizada também pelo Tamoios Iate Clube, homenageando a Marinha de Guerra, disputada anualmente por ocasião do Dia do Marinheiro, em 13 de Dezembro, com veleiros de Ubatuba e outras cidades do Litoral Norte e até do Vale do Paraíba.

 O surf é um esporte que vem sendo praticado com notoriedade, um dos esportes radicais que permite a total interação com o mar. Deixou de ser, apenas mais um esporte, passando a ser para muitos uma filosofia de vida, quase uma religião onde o contato direto com a natureza chega a ser uma experiência mística.

No mundo, a história do surf conta que os seus primeiros aventureiros, desbravadores das grandes ondas dos mares das ilhas no Pacífico teriam sido os polinésios[2]. No Brasil, a história do surf iniciou-se no ano de 1938, com a fabricação das primeiras pranchas. Novas técnicas surgiram, influenciadas por técnicos na arte de fazer pranchas de outros países como australianos e americanos. A prática do surf explode realmente no Brasil em 1970, fazendo grandes nomes brasileiros se tornar mundialmente conhecido e colocando o Brasil entre os países conhecidos neste esporte.

Já que esta mania se espalhou pelo mundo e pelo Brasil, Ubatuba não poderia deixar de figurar na história do surf, sendo considerada por muitos como a “Capital do surf”, segundo a lei criada em 12/07/1995, Lei Municipal nº 1454. Um projeto de lei, ainda foi criado no dia 26/03/1997, pela Câmara Municipal da cidade, Projeto de Lei nº 7/97, que inclui a prática deste esporte nas aulas de Educação Física das Escolas Públicas Municipais.

Os primeiros a surfar nas águas salgadas de Ubatuba foram os desbravadores Rheiny Jaschke em parceria com o amigo Roberto Ferrari, este considerado o pai do surf na região , no final dos anos 50. Os irmãos Paulo e Ricardo Isso, nos anos 60, foram algumas das crianças da época que vinham com suas famílias, em mais de 6 horas de viagem de São Paulo até Ubatuba, para poder ter o prazer de estar nas praias ubatubenses. Com isso, os irmãos Issa, em 1968, já com 18 anos adoradores da prática de surf em Ubatuba, ajudaram a divulgar este esporte tão atraente para os jovens da época, de vários lugares da região.

Paulo Issa conta que foi em 1970, em uma espécie de brincadeira a realização do primeiro “campeonatinho de surf”, a partir de então que os campeonatos profissionais começaram a surgir, colocando Ubatuba na rota dos grandes campeões. O “Campeonato de Surf de Ubatuba” trouxe muita gente interessada no esporte radical às areias e as águas do município. O primeiro Festival Brasileiro de surf foi realizado em 1987, também pelo Paulo Issa, que havia fundado no ano de 1972 a Associação de surf de Ubatuba – ASU.

Segundo Issa, nos primeiros eventos realizados na Praia Grande, muitos surfistas que vinham à cidade acampavam na própria praia, divididos em turmas. Eram loiros, de cabelos compridos com atitudes e comportamentos, criadores de modas, gírias, causando na população local certo impacto. Uma legião de jovens surfistas, uma geração de fanáticos pelo esporte que transformaram os anos 70 e 80 em Ubatuba.

No ano de 1988, ocorreu um campeonato de nível internacional, o Sundeck Classic, um dos grandes acontecimentos do surf mundial, colocando ainda mais o nome da cidade de Ubatuba na mídia impressa e televisiva. Outros campeonatos de renome vieram, como o Sea Club Brasileiro, em 1989 e 1990, sediados em Ubatuba.

Vale aqui lembrar que entre as muitas praias propícias para a prática do surf em Ubatuba, a que regularmente é palco de campeonatos é a praia de Itamambuca. Famosa pelas suas ondas e seu visual, esta praia foi descoberta em 1968, por aventureiros em busca de novos lugares para suas manobras radicais, e apesar do caminho tortuoso para chegar nas praias, ficam impressionados com o lugar e com as ondas. Félix, Vermelha do Centro e do Norte, , de amadores a profissionais, Tenório, Toninhas entre outras, são praias que Ubatuba oferece aos surfistas amantes deste esporte radical.

O meio ambiente natural, a preservação e conservação parecem ser os alicerces de toda e qualquer prática turística entendida como uma ação no espaço, consciência e respeito da natureza e das possibilidades de interação do ser humano com o meio. Trata-se de um dos assuntos mais discutidos do novo milênio, mas que da década de 70, já era motivo de protestos e manifestações, levando ao homem a pensar no futuro do planeta e de sua própria sobrevivência.

No ano de 1979, Ubatuba passou a fazer parte de um projeto de proteção e preservação do meio ambiente, fauna e flora. Com a criação do Parque Estadual da Serra do Mar, através do Decreto Estadual nº 10.251, de 30 de Agosto de 1977, deu-se início à campanha de proteção do pouco que ainda existia da mata remanescente da Serra do Mar, incorporado a outras reservas Estaduais que já existiam[3]. Um outro decreto, nº 13.313 de 06 de Março de 1979, incorporou definitivamente áreas do Município de Ubatuba ao seu limite anterior, perto com a divisa do Estado do Rio de Janeiro, com o Parque Nacional da Serra da Bocaina.

Considerada a mais extensa unidade de conservação, o Parque Estadual da Serra do Mar, esta tem uma extensão de 315.390 hectares entre montanhas, serras e porções do planalto atlântico com segmentos mais restritos de planícies costeiras. E, ainda, protege a maior parte de nascentes dos rios existentes que deságuam no oceano, responsáveis pelo abastecimento da água que serve à população urbana do litoral. Em toda sua extensão, que vai desde a divisa com Estado do Rio de Janeiro - Ubatuba – SP- até o sul do Estado de São Paulo - Bariri, pegando toda a faixa litorânea, é considerada a maior porção contínua, ainda preservada de Mata Atlântica de todo o Brasil, com quase 30 municípios dentro desta faixa.

A proteção do parque compreende 30% das terras consideradas domínio do Estado, e ao outros 70% são de ação discriminatória por iniciativa de órgãos subordinados à Secretaria de Justiça, ou que estão sob judicie, isto é, ações de desapropriação indireta, por parte de pessoas físicas e jurídicas, alegando propriedade e reivindicando direitos sobre as terras ou indenizações de valores incalculáveis. Ainda, em todo o parque protegido, existem aldeias indígenas, como a exemplo, em Ubatuba, a Aldeia Boa Vista de índios guaranis.

O Parque Estadual da Serra do Mar tem sua administração dividida por Núcleos, com suas bases instaladas nas áreas que são do domínio do Estado. No município de Ubatuba, o núcleo encontra-se localizado na Picinguaba, denominado como “Núcleo Picinguaba”, integrando-se assim a rede de Unidades de Conservação administrada pela Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo através do Instituto Florestal. O Núcleo Picinguaba abrange uma área de 47.000


[1] O texto sobre a BR-101 – Rio – Santo foram de informações colhidas em entrevista realizada em 31/05/2005 com o senhor Barhouch, no DNIT em Ubatuba e de pesquisa realizada no site http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm, em 24-05-2005.

[2] Informações sobre este esporte podem ser encontradas no site:www2.uol.com.br/oradical/esportes/surf/historiasurf.sht

[3] Um parque estadual consiste em uma área geograficamente delimitada, onde seus atributos naturais são excepcionais, tornando-se um objeto de preservação permanente dos ecossistemas e da diversidade genética. Estes espaços preservados e protegidos são destinados a estudos científicos, educativos, recreativos, e de cunho cultural, constituídos de bens do Estado, mas destinados para o uso do próprio povo.

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