De acordo com Barhouch, o trecho da
estrada sob sua responsabilidade da obra finalizada era até a região do Rio da
Praia da Fazenda, terminado o trecho paulista. Até ali viria de encontro com a
abertura da estrada, obra do trecho que vinha do Estado do Rio de Janeiro. O
percurso da estrada cortando o município de Ubatuba passava por algumas
fazendas de café, grandes áreas que foram desapropriadas pela Procuradoria
Jurídica Federal. Muitos loteamentos, como o Mato Dentro, o Jardim Carolina e
da Estufa (dividida em Estufa I e II), tiveram os imóveis, terrenos com casas
próximo ao centro da cidade, cortados pela rodovia.
Hoje a manutenção da estrada é feita
por equipes terceirizadas, contratadas por empreiteiras sob a responsabilidade
da DNIT com sede à Rodovia BR-101, a altura do km 49, juntamente do o
Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Said Barhouch Filho é o engenheiro
responsável desde o ano de 1974, sendo este departamento pertencente à Regional
de Taubaté, sob a responsabilidade do engenheiro Nilson Franco Martins, e ao
Estado de São Paulo do 8º UNIT[1].
O mar de Ubatuba ainda é o mais
importante chamariz do turismo: suas praias, ilhas e cenários deslumbrantes que
possibilitam aos admiradores e praticantes do esporte náutico e mesmo àqueles
que em escunas de empresas de turismo a possibilidade de conhecer estas
maravilhas que cercam o continente ubatubense. O Saco da Ribeira, um dos
principais cartões postais de Ubatuba é o maior píer com estas escunas de
passeios direcionados à Ilha Anchieta e a outras praias de difícil acesso.
Algumas empresas agenciam passeios com horários pré-determinados com toda a segurança
estabelecida pela capitania marítima nacional.
Eventos esportivos também ocorrem no
mar, como a tradicional competição natatória e a pesca esportiva da praia do
Cruzeiro. A prova natatória, além de outros tipos de provas no mar, é
especialmente apreciada e conhecida, pois já ocorre há muitos anos, desde a
década de 60, chegando a ser considerada a maior do país. Esta prova era
denominada “Prova Natatória Internacional Cidade de Ubatuba”, isto nos anos 70.
Em 1968, foi realizada a primeira disputa da “Copa Tamoios de Caça Submarina”,
patrocinada pelo Tamoio Iate Clube, uma prova oficial da Federação Paulista que
determinavam os campeões estaduais da modalidade. Um torneio de Pesca de
Lançamento “Cidade de Ubatuba”, era outra prova competitiva nos mares da
cidade, disputada pela primeira vez em 1975 e realizada na Praia de Itamambuca,
no aniversário da cidade. Outra é a Regata “Marinha do Brasil”, prova vélica
organizada também pelo Tamoios Iate Clube, homenageando a Marinha de Guerra,
disputada anualmente por ocasião do Dia do Marinheiro, em 13 de Dezembro, com
veleiros de Ubatuba e outras cidades do Litoral Norte e até do Vale do Paraíba.
O surf é um esporte que vem sendo praticado
com notoriedade, um dos esportes radicais que permite a total interação com o
mar. Deixou de ser, apenas mais um esporte, passando a ser para muitos uma
filosofia de vida, quase uma religião onde o contato direto com a natureza
chega a ser uma experiência mística.
No mundo, a história do surf conta que os seus primeiros aventureiros,
desbravadores das grandes ondas dos mares das ilhas no Pacífico teriam sido os
polinésios[2].
No Brasil, a história do surf iniciou-se no ano de 1938, com a
fabricação das primeiras pranchas. Novas técnicas surgiram, influenciadas por técnicos na arte de fazer
pranchas de outros países como australianos e americanos. A prática do surf explode realmente no Brasil em 1970, fazendo grandes
nomes brasileiros se tornar mundialmente conhecido e colocando o Brasil entre
os países conhecidos neste esporte.
Já que esta mania se espalhou pelo
mundo e pelo Brasil, Ubatuba não poderia deixar de figurar na história do surf, sendo considerada por muitos como a “Capital do surf”, segundo a lei criada em 12/07/1995, Lei Municipal
nº 1454. Um projeto de lei, ainda foi criado no dia 26/03/1997, pela Câmara
Municipal da cidade, Projeto de Lei nº 7/97, que inclui a prática deste esporte
nas aulas de Educação Física das Escolas Públicas Municipais.
Os primeiros a surfar nas águas
salgadas de Ubatuba foram os desbravadores Rheiny Jaschke em parceria com o
amigo Roberto Ferrari, este considerado o pai do surf na
região , no final dos anos 50. Os irmãos Paulo e Ricardo Isso, nos anos 60,
foram algumas das crianças da época que vinham com suas famílias, em mais de 6
horas de viagem de São Paulo até Ubatuba, para poder ter o prazer de estar nas
praias ubatubenses. Com isso, os irmãos Issa, em 1968, já com 18 anos
adoradores da prática de surf em Ubatuba, ajudaram a divulgar este
esporte tão atraente para os jovens da época, de vários lugares da região.
Paulo Issa conta que foi em 1970, em
uma espécie de brincadeira a realização do primeiro “campeonatinho de surf”, a partir de então que os campeonatos profissionais
começaram a surgir, colocando Ubatuba na rota dos grandes campeões. O
“Campeonato de Surf de Ubatuba” trouxe muita gente
interessada no esporte radical às areias e as águas do município. O primeiro
Festival Brasileiro de surf foi realizado em 1987, também pelo
Paulo Issa, que havia fundado no ano de 1972 a Associação de surf de Ubatuba – ASU.
Segundo Issa, nos primeiros eventos
realizados na Praia Grande, muitos surfistas que vinham à cidade acampavam na
própria praia, divididos em turmas. Eram loiros, de cabelos compridos com
atitudes e comportamentos, criadores de modas, gírias, causando na população
local certo impacto. Uma legião de jovens surfistas, uma geração de fanáticos
pelo esporte que transformaram os anos 70 e 80 em Ubatuba.
No ano de 1988, ocorreu um campeonato
de nível internacional, o Sundeck Classic, um dos grandes acontecimentos do surf mundial, colocando ainda mais o nome da cidade de
Ubatuba na mídia impressa e televisiva. Outros campeonatos de renome vieram,
como o Sea Club Brasileiro, em 1989 e 1990, sediados em Ubatuba.
Vale aqui lembrar que entre as muitas
praias propícias para a prática do surf em Ubatuba, a que regularmente é
palco de campeonatos é a praia de Itamambuca. Famosa pelas suas ondas e seu
visual, esta praia foi descoberta em 1968, por aventureiros em busca de novos
lugares para suas manobras radicais, e apesar do caminho tortuoso para chegar
nas praias, ficam impressionados com o lugar e com as ondas. Félix, Vermelha do
Centro e do Norte, , de amadores a profissionais, Tenório, Toninhas entre
outras, são praias que Ubatuba oferece aos surfistas amantes deste esporte
radical.
O meio ambiente natural, a
preservação e conservação parecem ser os alicerces de toda e qualquer prática
turística entendida como uma ação no espaço, consciência e respeito da natureza
e das possibilidades de interação do ser humano com o meio. Trata-se de um dos
assuntos mais discutidos do novo milênio, mas que da década de 70, já era
motivo de protestos e manifestações, levando ao homem a pensar no futuro do
planeta e de sua própria sobrevivência.
No ano de 1979, Ubatuba passou a
fazer parte de um projeto de proteção e preservação do meio ambiente, fauna e
flora. Com a criação do Parque Estadual da Serra do Mar, através do Decreto
Estadual nº 10.251, de 30 de Agosto de 1977, deu-se início à campanha de
proteção do pouco que ainda existia da mata remanescente da Serra do Mar,
incorporado a outras reservas Estaduais que já existiam[3].
Um outro decreto, nº 13.313 de 06 de Março de 1979, incorporou definitivamente
áreas do Município de Ubatuba ao seu limite anterior, perto com a divisa do
Estado do Rio de Janeiro, com o Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Considerada a mais extensa unidade de
conservação, o Parque Estadual da Serra do Mar, esta tem uma extensão de
315.390 hectares entre montanhas, serras e porções do planalto atlântico com
segmentos mais restritos de planícies costeiras. E, ainda, protege a maior
parte de nascentes dos rios existentes que deságuam no oceano, responsáveis
pelo abastecimento da água que serve à população urbana do litoral. Em toda sua
extensão, que vai desde a divisa com Estado do Rio de Janeiro - Ubatuba – SP-
até o sul do Estado de São Paulo - Bariri, pegando toda a faixa litorânea, é
considerada a maior porção contínua, ainda preservada de Mata Atlântica de todo
o Brasil, com quase 30 municípios dentro desta faixa.
A proteção do parque compreende 30%
das terras consideradas domínio do Estado, e ao outros 70% são de ação
discriminatória por iniciativa de órgãos subordinados à Secretaria de Justiça,
ou que estão sob judicie, isto é, ações de desapropriação indireta, por parte
de pessoas físicas e jurídicas, alegando propriedade e reivindicando direitos
sobre as terras ou indenizações de valores incalculáveis. Ainda, em todo o
parque protegido, existem aldeias indígenas, como a exemplo, em Ubatuba, a
Aldeia Boa Vista de índios guaranis.
[1] O texto sobre a BR-101 – Rio – Santo foram de
informações colhidas em entrevista realizada em 31/05/2005 com o senhor
Barhouch, no DNIT em Ubatuba e de pesquisa realizada no site http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm,
em 24-05-2005.
[2] Informações sobre este esporte podem ser encontradas
no site:www2.uol.com.br/oradical/esportes/surf/historiasurf.sht
[3] Um parque estadual consiste em uma área geograficamente delimitada,
onde seus atributos naturais são excepcionais, tornando-se um objeto de
preservação permanente dos ecossistemas e da diversidade genética. Estes
espaços preservados e protegidos são destinados a estudos científicos,
educativos, recreativos, e de cunho cultural, constituídos de bens do Estado,
mas destinados para o uso do próprio povo.
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