quarta-feira, 1 de agosto de 2012

ESPECIAL do Livro UBATUBA ,E SPAÇO, MEMORIA E CULTURA Parte 81





por bombas de êmbolo permitindo um maior volume de água, sendo menos cansativo na extração da mesma como era nos poços. Canos de chumbo desciam de uma caixa de captação que ficava no Morro da Pedreira, chegando até os chafarizes.

Um novo serviço de abastecimento de água foi inaugurado em 1896, pelo Dr. Esteves da Silva, Deputado Estadual, na época, fazendo as primeiras e poucas ligações domiciliares e inaugurando também um reservatório na cidade. No dia da inauguração, se jorrou água pela primeira vez no famoso chafariz, chamado de Grande. Com forma de uma coluna tetragonal feita de pedra maciça vinda de Portugal com 4 torneiras de bronze grossas, uma de cada lado da coluna, jorrando água ao mesmo tempo. Num desrespeito ao passado e ao patrimônio público por ter considerado o chafariz obsoleto, o prefeito da época, mandou, praticamente, triturá-lo, transformando-o em pedregulhos e jogando seus restos no rio da Barra da Lagoa.




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As próximas seis décadas de história nas terras Tupinambá, herança dos caiçaras, está marcada por um crescente despertar da cidade para o turismo como fonte de atividade econômica, especialmente o comércio que em todas as modalidades, desde a exploração imobiliária como no setor hoteleiro, tem dado maior visibilidade a Ubatuba.

Na década de cinqüenta, mais especificamente, no ano de 1956, é retomada uma ligação com São Paulo, capital do Estado através de uma estrada. Abrem-se possibilidades pelo acesso de vias e estradas que uniam os grandes centros urbanos a Ubatuba, tanto facilitou o fluxo de pessoas, que em 1966, o número de habitantes da cidade de Ubatuba aumentou para 10.400.

A década de 60 foi de anos em que a economia da cidade de Ubatuba buscou estabilidade, em diferentes formas de exploração, como a pesca, o turismo, o granito verde e horticultura, que eram bases do seu desenvolvimento. O turismo era a economia que mais aumentava, com um índice de crescimento superior, considerado a mola propulsora do seu progresso.

A cidade reergueu-se da estagnação em que se encontrava, o comércio industrial, os loteamentos e os hotéis, eram evidências de uma nova etapa. Em 1967 existiam 16 pequenas indústrias na cidade, mais 10 firmas que exploravam a extração do “granito verde” e, outros tipos de pedras[1]. Eram empresas em várias atividades que procuravam crescer levando seus produtos a um padrão de qualidade cada vez maior. As empresas de prestação de serviços ao turista e visitante, como hotéis, restaurantes e outros, cresciam em grande escala.

O comércio se voltava cada vez mais para este estilo da economia, uma nova tendência. Uma idéia do crescimento comercial na cidade, naquele ano de 1967, registrava que, em 5 anos passou de 116 para 230 o número de casas comerciais. Além do crescimento demográfico dos habitantes residentes, mas também a flutuante da alta temporada, a cidade procurava melhorar os serviços públicos, como o de água, esgoto, luz, telefonia e o calçamento de ruas. Isso tudo, sempre pensando no desenvolvimento econômico, na exploração do turismo.

Ainda no ano 1967, um exemplo de visão na exploração do turismo no município, foi o crédito da VASP – Aviação Aérea de São Paulo, que servia a cidade de Ubatuba, com uma linha aérea semanalmente, trazendo de longe aqueles visitantes à Ubatuba.

Vale lembrar, que antes mesmo dos anos 60, um tráfego aéreo trazia visitantes e turistas dispostos a uma aventura de travessia do planalto, sobre a crista da serra do mar. Em um curto tempo de viagem, em uma linha reta de 160 quilômetros, pequenos aviões, modelos como os chamados “Stinson”, para 3 passageiros, cruzavam os céus, desde São Paulo até Ubatuba, em uma viagem de aproximadamente 50 minutos. Eram serviços aéreos regulares feitos pela empresa “VALPAR” – uma companhia paulista de aviação que transportavam passageiros para Ubatuba e cidades do Vale do Paraíba. Outra empresa aérea também fazia o transporte de passageiros de São Paulo à Ubatuba, chamava-se “Star”, uma companhia de táxis - aéreos, que costumava cobrar pelo tempo de vôo.

Naquele tempo, dos anos 50, para a época, Ubatuba dispunha de um ótimo campo de pouso construído pelo Governo do Estado. Ainda não existia o campo de aviação “Gastão Madeira”, mas neste mesmo espaço existia uma pista que proporcionava, quando necessário à aterrissagem de grandes aviões que faziam a rota Rio de Janeiro a São Paulo. Isso porque a cidade de Ubatuba se encontrava bem na linha da rota, caminho entre as duas capitais e que contava com um rádio-telegráfico.

Na década de trinta, o primeiro espaço que servia como campo de aviação é o mesmo local e a mesma posição do atual aeroporto municipal “Gastão Madeira”. Com uma extensão de apenas 400 metros e uma pista de grama, servia para o pouso dos famosos “Paulistinhas”. No final dos anos 40, a posição do campo era no sentido de extensão entre a Avenida Iperoig e o mar, iniciando na Barra da Lagoa , sentido para o Cruzeiro. Uma posição que oferecia perigo e grandes riscos aos pilotos que deviam desviar dos obstáculos naturais como amendoeiras e a Estação Meteorológica que ali existia e acabavam encontrando as águas do mar.

Em 1949 foi o ano em que o Governo do Estado resolveu construir um aeroporto de proporção maior que pudesse atender a emergências de aviões de grande porte. A posição voltou a ser a original e atual, chegando a uma extensão de 600 metros de comprimento, com uma largura de 15 metros. Muitos caminhões de aterros foram necessários para cobrir toda essa extensão, de metros cúbicos de terra, saibro e barro transportados em caçambas de caminhões, em um ritmo que, durou três para estar finalizada a obra, meses de muito movimento na cidade. Todo o aterro foi muito bem compactado e gramado. O serviço teve a supervisão de um oficial da aeronáutica.


[1] O Granito Verde Ubatuba é uma rocha de superfície grosseira, equigranular apresentando uma cor verde escura, em algumas porções da rocha pode-se observar concentração de minerais amarelos tomando formas de mosaicos. Estas rochas costumam ficar totalmente enterrados ou quase todas enterradas, chegando a medir entre 300 a 400 metros cúbicos de volume. A descoberta da primeira pedreira deste valioso granito em terras ubatubense ocorreu nos anos 60, na propriedade Luiz Silva, na praia das Toninhas. Durante o loteamento destas propriedades de Luiz Silva e na abertura da estrada no local, foi encontrado um granito, e ao encaminhar um pedaço deste granito para Instituto Paulista de Tecnologia. A sua valorização foi tanta que em meados de 1972, tornou-se um fator da economia do município, entrando para o comércio internacional, com importação e exportação através do porto de Santos.

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