quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ESPECIAL : Livro UBATUBA , ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA ...Parte 82




Aeroporto Muncipal de Ubatuba Imagem ilustrativa ( não integrante do Livro  Ubatuba, espaço, memória e cultura)..




Em 1949 foi o ano em que o Governo do Estado resolveu construir um aeroporto de proporção maior que pudesse atender a emergências de aviões de grande porte. A posição voltou a ser a original e atual, chegando a uma extensão de 600 metros de comprimento, com uma largura de 15 metros. Muitos caminhões de aterros foram necessários para cobrir toda essa extensão, de metros cúbicos de terra, saibro e barro transportados em caçambas de caminhões, em um ritmo que, durou três para estar finalizada a obra, meses de muito movimento na cidade. Todo o aterro foi muito bem compactado e gramado. O serviço teve a supervisão de um oficial da aeronáutica.
Nos anos 60, mais especificamente em 1968, mais uma vez o aeroporto de Ubatuba, passou por reformas, atendendo às normas da aeronáutica em segurança foi determinada a ampliação de sua extensão e, principalmente, a construção de uma pista com pavimentação asfáltica. 





Uma recente modernização e ampliação do aeroporto Gastão Madeira foi iniciada no ano de 2004. As pistas que tinham 940 metros, passaram a ter 1200 metros, com reforços na pavimentação da pista e do pátio, com sinalização na horizontal e na vertical em toda sua extensão. Com isso, haverá condições ideais para receber um número maior de passageiros e tripulação e haverá um novo terminal para a sua recepção no embarque e desembarque dos mesmos.

A denominação dada ao campo de aviação de “Gastão Madeira” foi uma homenagem prestada a Gastão Galhardo Madeira, que saiu com sua família de Ubatuba aos dois anos de idade, passando a morar em algumas cidades próximas da região como em São Luiz do Paraitinga, Guaratinguetá, Caçapava, para fixar finalmente residência na capital de São Paulo, aos 12 anos de idade.  Estudou, demonstrando precoce interesse pelo vôo das aves, observando-as a fim de entender e aprender suas leis e assim poder usá-las em uma possível experiência. Esta dedicação o levou a realizar pesquisas científicas, mais tarde publicadas no jornal “Província de São Paulo” e no “Correio Paulistano”. Um de seus artigos “O princípio do vôo dos pássaros”, traz inúmeras ilustrações do trabalho de campo e de observação. Gastão Madeira diplomou-se ainda na Faculdade de Direito de São Paulo no ano de 1892, exercendo a profissão nos auditórios da capital.

Finalmente, foi reconhecido, no ano de 1927, como o pioneiro da aviação mundial, levando o seu nome a figurar ao lado de Santos Dumont e de Batolomeu de Gusmão. Mesmo assim, Gastão Madeira foi muitas vezes injustiçado, pois na luta para realizar seu invento, a os desafios eram constantes, por falta de recursos financeiros e principalmente a descrença daquela época. Sua invenção abrangia a solução de três problemas da aeronavegação, que era a do planador, do dirigível e do aeroplano.

O desenvolvimento do turismo em Ubatuba previa a necessidade de melhorar os meios de acesso. As estradas sempre foram as vias mais comuns e mais utilizados pelos visitantes e turistas. Hoje, o fenômeno do turismo explora todos os recursos possíveis para oferecer ao turista, condições de transportes e segurança necessária. Mas, ainda assim, o que traz o maior fluxo de movimento à cidade são as rodovias.

Com a passagem da estrada, a rodovia BR-101 – Rio/Santos, por Ubatuba nos anos 70, esta trouxe de vez, a garantia de afirmação de seu potencial na exploração do turismo, mas junto veio o risco da exploração desorganizada, da invasão desenfreada, da massificação urbana. A exploração desordenada, a especulação imobiliária advinda junto com a BR-101, deixou marcas importantes na configuração da cidade.

A construção da rodovia BR-101, uma obra concluída só no ano de 1975, foi considerada prioritária pelo governo da época e assim deu condições para o desenvolvimento do turismo em toda a região do litoral norte. Em entrevista com Said Barhouch Filho, pudemos obter valiosas informações sobre a construção desta estrada na qual o engenheiro civil, responsável pela a DNIT – Departamento Nacional de Infra Estrutura e Transportes (antiga DNER), participou em Ubatuba.

Hoje, esta rodovia tão importante para o Brasil e, principalmente para o município de Ubatuba, no que se refere ao desenvolvimento do turismo local e regional, denomina-se “Rodovia Governador Mário Covas”, estendendo-se desde o Estado do Piauí até o Rio Grande do Sul, em um prolongamento da estrada Federal que acompanha o litoral brasileiro. Também, costuma ser chamada de Rio – Santos, exatamente porque no final do século XX, as obras foram feitas com o intuito de interligar muitos trechos isolados, concretizando a ligação de 505 quilômetros entre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A Rio – Santos se tornou uma das quatro principais formas de acesso viário até a Baixada Santista, ligando as rodovias como a de Piaçaguera – Guarujá e a Padre Manuel da Nóbrega, trechos da rodovia paulista que percorre as cidades do litoral norte, cuja sigla é “SP-55”.

A rodovia Rio – Santos é um elo econômico, um verdadeiro cartão postal que permite aos turistas percorrer e apreciar durante o trajeto, as paisagens consideradas uma das mais bonitas do mundo. Começando no Estado do Rio de Janeiro, com início em Itacuruçú, passando por Mangaratiba, Angra dos Reis, Parati; e, já no Estado de São Paulo, cortando o município de Ubatuba com as paisagens das lindas praias; passando ainda por Caraguatatuba, São Sebastião, com acesso a Ilha Bela, Bertioga, Guarujá. Um trajeto cheio de sinuosas curvas, caminhos que levam as praias paradisíacas, cenários maravilhosos em lugarejos com rica história caiçara, natureza exuberante a todo instante. Uma viagem que encanta a turistas, visitantes e aventureiros por todos seus 457 km desta rodovia que liga dois grandes pólos econômicos importantes do país[1].

Said Barhouch Filho conta que a rodovia BR-101, trecho que compreende a cidade de Ubatuba, teve o início de suas obras por volta do ano de 1972, ano que ele veio à Ubatuba, mais especificamente no dia 16 de Março, para auxiliar o engenheiro responsável Abid Elias Cadah, ficando no município definitivamente. Há 33 anos em Ubatuba é responsável hoje pela manutenção e cuidados da estrada nos trechos de Ubatuba, ao longo da rodovia BR 101.

A extensão da estrada dentro do perímetro urbano do município de Ubatuba, das divisas entre Caraguatatuba – SP e Parati – RJ, tem um percurso de 83.260 kms. A suas obras foram divididas em duas etapas, sendo a primeira compreendida desde o Rio da Praia da Fazenda até o Rio Grande próximo ao Trevo, saída para Taubaté. A segunda etapa compreendia do Rio Grande – Trevo - até o Trevo da Praia Grande. Vale lembrar que o trecho da rodovia entre Ubatuba e Caraguatatuba já existia, e para concluir a ligação entre as duas grandes capitais portuárias do país, Rio e Santos, foi necessário utilizar trechos da rodovia paulista, hoje SP 055, que percorre as cidades do litoral norte.

A primeira base em que funcionavam as instalações do DNER, o seu escritório montados em madeira, localizava-se onde hoje funciona a atual sede da Prefeitura Municipal, construída pela mesma. Eram muitas as frentes de serviços, equipes em trechos diferentes no trajeto da estrada como no trecho do Rio Grande - Trevo, no Itamambuca onde havia o acampamento da Construtora mantida pelo DNER e no trecho do Rio da Praia da Fazenda. Enquanto uma equipe desbravava matas fechadas, desmatando, outra se dedicava aos destroncamentos e encravamentos de estacas metálicas para construção de pontes. Eram vários os trabalhadores braçais, uma média de mais de 500 homens, todos vindos dos Estados de Minas e da Bahia[2].

As dificuldades eram muitas, pois, o lado norte do município não possuía nenhum caminho por simples que fosse. A estrada da Casanga era um caminho que possibilitava o acesso até o acampamento no Itamambuca, mas de difícil percurso. As muitas máquinas de terraplanagem eram transportadas por “chatas”, tipos de balsas que pelo mar seguiam até as praias da Fazenda e Ubatumirim. Os serviços eram 24 horas, todos os dias e com dois turnos e que durante a noite costumava-se escutar os barulhos das máquinas trabalhando do centro da cidade


[1] Segundo o site http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm , a Rodovia Rio – Santos foi entregue em três etapas, nos anos de 1973, 1974 e finalizando em 1975, e que sem uma inauguração oficial, esta rodovia atendia a três objetivos principais: 1) unir dois importantes pólos econômicos, em opção lógica e muito vantajosa, seguindo a Serra do Mar; 2) podendo servir de meio de fuga no caso de problemas graves na Usina Nuclear para os moradores na região de Angra dos Reis; 3) exibir os encantos da exuberante natureza da região ao turismo, com suas mais de mil praias, ilhas, cachoeiras além de suas matas e montanhas.
[2] Foi nesta época da construção da rodovia BR-101, que aconteceu a maior migração de mineiros e alguns baianos para o município de Ubatuba. Naquele momento da história nacional, o desemprego era grande e estas pessoas, homens ansiosos por trabalho e assim sustentar suas famílias, largaram suas cidades natais, em direção ao litoral paulista. Segundo o senhor Barhouch as pessoas em Ubatuba não se habituaram ao esquema de trabalho da empreitada nas obras da rodovia, forçando a contratação destes mineiros e baianos. Razão que justifica hoje a boa parcela destes imigrantes, fazendo parte dos habitantes de Ubatuba.



PRÓXIMA POSTAGEM DESSE ESPECIAL...DIA   12 de agosto...parte  83....A  partir Pagina  276

Nenhum comentário: