quarta-feira, 4 de julho de 2012

ESPECIAL - LIVRO : UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA'....PARTE 79


Ao longo dos anos , a Santa Casa de Ubatuba sempre passou por reformas e ainda hoje passa por mudanças estruturais, eis a foto de arquivo de uma das faixadas antigas da nossa Santa Casa...
( essa foto não faz parte do Livro Ubatuba ,espaço, memoria e cultura ".



Vivendo o município, no final do século XVIII, nova fase de decadência, a saúde pública de Ubatuba também foi afetada e a  Santa Casa de Ubatuba, ainda hoje funciona em condições   precárias, carecendo de melhorias, principalmente no atendimento da demanda da população. De acordo com algumas informações mais atualizadas, a Santa Casa de Ubatuba conta com um corpo clínico de 50 médicos, entre especialistas e clínicos - gerais, uma média de 240 funcionários, entre estes um grupo de enfermagem[1]. Na alta temporada costuma aumentar o atendimento no seu pronto-socorro em 40%, e, nem mesmo uma UTI - Unidade de Terapia Intensiva- existe, em uma cidade como Ubatuba que chega a ter quatro vezes mais o número de habitantes na temporada.





A Santa Casa de Ubatuba tem como voluntários, 12 pessoas da sociedade ubatubense, formando assim uma provedoria. Estes 12 membros são na maioria comerciantes com experiência administrativa, que generosamente ajudam à comunidade, prestando serviços nessa entidade. Esta provedoria e sua diretoria têm vivido grandes dificuldades financeiras na manutenção da Santa Casa, contando com ajuda de políticos da comunidade e de outros empresários para resolver problemas imediatos. A Secretaria Municipal de Saúde, além da ajuda do governo municipal, conta com apoio do governo do Estado, em verbas direcionadas especificamente para a saúde do município. Esta mesma secretaria de saúde conta com 25 “postos” espalhados por vários bairros de Ubatuba, os PAS e, também desenvolve um programa chamado de Programa da Saúde da Família - PSF, com vários agentes comunitários percorrendo toda a comunidade local.

A precariedade do serviço de saúde oferece um diagnóstico eloqüente desta realidade, ligada diretamente com um outro fator social de relevância: a educação. Atualmente, o ensino em Ubatuba vem atendendo a toda a comunidade, tendo um ensino regular. A educação em Ubatuba conta com varias escolas e creches espalhadas pelos bairros da cidade.  Mas, no passado, era uma dificuldade o acesso ao ensino, só havia pequenas escolas ou salas de aulas de primeiro grau que se espalhavam pela cidade, mantidas pela municipalidade com muita dificuldade.

O primeiro Grupo Escolar de Ubatuba foi criado por Decreto, datado de 1º de julho de 1896, reunindo assim as escolas urbanas em um único grupo escolar. O Professor Francisco de Paula Cortez, vindo da vizinha cidade de São Luiz do Paraitinga deu início a esta tão importante tarefa educacional, favorecendo muitas das gerações ubatubenses. Os professores Benedito Juvenal de Escobar e Aquino, Francisco Lourenço dos Santos, Francisco de Paula Cortez e o professor – diretor, Luiz Mariano Bueno formaram o primeiro corpo docente deste estabelecimento educacional, que curiosamente não eram diplomados, mas tinham o reconhecimento através de concursos na Capital.

A localização do antigo e do atual prédio educacional encontra-se na Rua Jordão Homem da Costa, fazendo frente com o Rio Grande, cuja denominação é “Grupo Escolar Dr. Esteves da Silva” que foi instalado nesse lugar, em 18 de julho de 1896. O primeiro prédio era de propriedade de Dona Joana Rosa dos Santos Nobre, também conhecido como Solar dos Pires Nobre, adquirido e comprado pelo Estado em 1910. Era um prédio de arquitetura simples, mas elegante e com características coloniais, situado em uma chácara que acompanhava as curvas do Rio. Palmeiras, mangueiras frondosas entre outras árvores, completavam o belo cenário mas o passar dos anos resistindo à ação do e a falta de manutenção fizeram do edifício  ruínas.  Sua demolição total se realizou em 1943.

O atual prédio do Grupo Escolar Dr. Esteves da Silva, demorou anos para ser concluído. Enquanto isso, as mesmas salas foram espalhadas em vários pontos da cidade pela Prefeitura no aguardo conclusão do novo prédio na mesma chácara dos Pires Nobre

Até 1987 o Grupo Escolar funcionava como uma escola masculina ,  e então, arrojadamente,  houve uma anexação de três escolas femininas  o que não foi aceito pelas autoridades estaduais do ensino que determinaram  a volta às antigas escolas. No ano seguinte, o mesmo aconteceu com as turmas masculinas, voltando os mesmos às antigas escolas dos bairros distantes, fechando-se assim o Grupo Escolar. Em 1900, o Grupo Escolar foi reaberto com o Professor Luiz Mariano Bueno como diretor, reassumindo suas turmas masculinas. Em 1908, o grupo feminino também voltou de vez a fazer parte das turmas de estudantes daquele estabelecimento escolar e até hoje o Grupo Escolar cumpre sua missão de formar crianças, jovens e adultos no ensino público educacional de Ubatuba.  Há 109 anos o Grupo Escolar “Dr. Esteves da Silva” exerce o papel mais nobre na sociedade, educar para a vida e a civilidade.

Antes mesmo do primeiro Grupo Escolar se tornar realidade para a educação municipal de Ubatuba, um outro estabelecimento de cunho educacional deu também dignidade ao passado da cidade. Alfredo Augusto da Silveira e José Bernardo Gonçalves Duarte fundaram em 4 de julho de 1875 o Ateneu Ubatubense, estabelecimento este voltado à educação literária. Chamado de Gabinete de Leitura Ateneu Ubatubense, um grupo de associados utilizava uma rica biblioteca particular com mais de 5.000 volumes, para desfrutar o prazer da leitura.

Em 1881, no mesmo espaço do Ateneu Ubatubense, localizado no antigo Largo da Matriz - Praça da Igreja da Matriz - foi criada e inaugurada a primeira escola noturna da cidade para os homens. O Ateneu Ubatubense passaria então a ter um outro significado para a população de Ubatuba. Jovens da época tiveram o privilégio de receber ensinamentos valiosos além da língua portuguesa, o latim, o francês e de artes com aulas de música e teatro. O Dr. João Diogo Esteves da Silva, então presidente do Gabinete de Leitura, e também Diretor da escola noturna foi o responsável pela valorização maior que este estabelecimento de cultura teve e a generosa vontade no desenvolvimento desta idéia de formação. Ele dignificou a educação em Ubatuba a favor da instrução popular dos oito mil habitantes residentes da época. Incentivou a deliberação de aulas a favor do sexo feminino, dando o direito à mulher de educar-se e instruir-se naquela escola noturna. Infelizmente, na década de 20, o abandono de casas e sobrados devido ao declínio econômico, o êxodo de  famílias afetaram  sensivelmente a vida do município e o Gabinete de Leitura foi demolido no ano de 1957.

A Biblioteca Pública Municipal de Ubatuba recebeu a denominação, em homenagem ao primeiro centro cultural do município, Gabinete de Leitura, “Ateneu Ubatubense”. Foi a segunda biblioteca do município, inaugurada em 28 de outubro de 1967, criada através do Decreto 52. A primeira bibliotecária foi Geny Bueno Aguiar, e seu primeiro espaço situava-se no Paço Nóbrega, mudando em 1976, para uma precária acomodação na Rua Professor Thomaz Galhardo. Desde 31 de outubro de 1985 até hoje, a Biblioteca localiza-se na Praça Treze de Maio, no centro, sendo mantida e dirigida pela FUNDART - Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba. A biblioteca atual tem no seu acervo um número considerável de livros, por volta de 25.000 exemplares, além de uma pinacoteca. A biblioteca municipal, o Ateneu Ubatubense, continua sendo um local de grande atração pública.

Uma figura importante na vida cultural de Ubatuba é o Dr. João Diogo Esteves da Silva.  O Dr. Esteves da Silva escolheu Ubatuba para fixar residência e dedicar sua vida atuando em diferentes setores da vida pública ubatubense. Nascido em 9 de fevereiro de 1848, no Rio de Janeiro, com grande sacrifício formou-se em medicina em São Paulo no ano de 1879. Mudou-se para Ubatuba por motivos de saúde, quando se uniu em matrimônio com Dona Maria Gonçalves Pereira.

O Dr. Esteves da Silva, de família humilde ,passou por grandes dificuldades para completar seus estudos, e tornou-se sensível às carências dos menos favorecidos principalmente no tocante à Educação. Criou a escola noturna o Ateneu Ubatubense, lecionando gratuitamente. Foi um dos políticos mais respeitados do seu tempo, elegendo-se algumas vezes vereador e também, deputado estadual em 1898.



[1] Informações sobre a Santa Casa podem ser encontradas no site: www2.uol.com.br/jornaldasemana/edicao164/sub7.htm


Próxima atualização dia10 de julho de 2012 , parte   80,  A PARTIR DA PAGINA  261 9Metade) em diante...

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