Comunidade Indígena Boa Vista do Sertão do Prumirim
Fundada em 1963 por grupos indígenas guaranis procedentes de outras regiões do Estado, fica localizada no município de Ubatuba, a 20 quilômetros do centro. Contando em 1998 com uma população de 129 habitantes, que atualmente deve estar por volta de 150, e dispondo de um território com 920 hectares, pode ser acessada, através de uma trilha de 800 metros, com a devida autorização do representante da Funai e/ou do cacique.
Sob o aspecto da situação fundiária, foi constituída em 1983, com uma área inicial de 460 hectares, a qual, em 1986, foi redefinida e demarcada topograficamente com uma superfície de 801 hectares e um perímetro de 13 quilômetros, incluindo as regiões utilizadas pelos guaranis no Morro da Pedra Branca e a parte das nascentes do Rio Puruba (Acaraú). Foi declarada área de ocupação indígena e sua demarcação homologada pelo Decreto n° 94.220, de 14/04/87. Finalmente, em dezembro de 1987, a área foi novamente medida e redemarcada pela Funai, passando a ter a superfície atual de 920 hectares e um perímetro de 15 quilômetros. Estas terras são abrangidas pelo P. E. da Serra do Mar. (Lobstwof. Atlas das Terras Indígenas. 1997. Cf. Site www.unisanto.br - 9/08/04.)
As condições de vida e de moradia da comunidade são extremamente precárias. As famílias vivem amontoadas em casas de pau a pique, cobertas com folhas de palmeira ou com telhas de amianto. A cozinha e alguns poucos banheiros existentes são coletivos, assim como a casa de reza, que fica próxima à cozinha. A aldeia não dispõe de redes de abastecimento de água e esgoto, o que tem ocasionado o desenvolvimento de doenças de veiculação hídrica e outras, decorrentes da falta de saneamento básico. Com o objetivo de reduzir o problema, estão sendo construídas na aldeia 50 unidades habitacionais, com uma área útil de 66,60 m2 , cada uma, dispondo de uma sala, dois quartos, cozinha, banheiro'e varanda. São casas de alvenaria, edificadas com tijolo aparente, piso de cimento queimado e cobertas com telhas de barro ou sapé tratado, de modo a resistir à ação do tempo e de acordo com a tradição construtiva indígena. Estas habitações, chamadas de ocas, estão sendo construídas por meio de um programa específico de parceria entre a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano(CDHU), a Fundação Nacional do Índio(Funai) e a Fundação Nacional da Saúde(Funasa), cabendo à Prefeitura a contratação das obras e a indicação da comunidade a ser atendida, juntamente com a Funai. A Funasa compete a realização das obras de saneamento e à CDHU, o repasse dos recursos à Prefeitura a fundo perdido para contratação das obras.
A aldeia já conta com alguns equipamentos públicos como escola (ensino fundamental), posto de saúde, centro comunitário e telefone público. Recentemente passou a contar também com sistema de geração de energia fotovoltaica, que atende os circuitos comunitários da aldeia. O sistema foi implantado por meio de parceria entre o Programa para o Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios - Prodem e a Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Companhia Energética do Estado de São Paulo - CESP.
Sob o aspecto cultural, a comunidade adotou muitos costumes e práticas dos brancos, inclusive o uso de roupas da moda e de equipamentos modernos como celulares. Contudo ainda conservam várias atividades consideradas importantes para a preservação da cultura indígena, como a língua, a pajelança, o fumo de cachimbo e danças.
A escola da aldeia, de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Ubatuba, atende por volta de 45 alunos e, com o apoio pedagógico dado pela Diretoria de Ensino de Caraguatatuba, tem realizado diversos trabalhos comunitários. Um deles consiste na edição de cartilhas de alfabetização em português e guarani. Nesta mesma linha foi realizada pelos alunos pesquisa para a coleta de receitas medicinais que, após serem testadas em laboratórios, foram divulgadas sob o formato de um livro. A merenda da escola foi reforçada em sua composição e tem melhorado as condições físicas e orgânicas da população infantil da aldeia. (Informações fornecidas pelo Dirigente Regional de Ensino de Caraguatatuba, Professor Laércio Albarici, 2004)
Economicamente, os índios da região tem-se dedicado tradicionalmente à extração do palmito jussara, que se encontra ameaçado de extinção, e ao artesanato para a venda ao longo das rodovias. Atualmente eles têm procurado, juntamente com o apoio da Funai, da Secretaria da Agricultura e de organizações não- governamentais, fixar-se em atividades alternativas, como a maricultura e o cultivo ecológico da pupunha e de plantas ornamentais.
http://honorfigueira.blogspot.com.br/p/ubatuba.html
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