Quando eu tinha uns 4 anos, portanto, em 1971, por aí, inventaram um piquenique na Itamambuca. Ainda não havia a Rio-Santos, ou esta devia estar em construção. Sei q lá fomos nós e, para se acessar a praia, não havia ponte, havia uma "pinguela" sobre o rio. Meu pai era ótimo motorista, mas fez a família toda descer e atravessamos o rio, eu no cangote de um tio. Meu pai, sozinho, atravessou a ponte com o carro. Fui picado, ou melhor, "devorado" por borrachudos e, na volta do passeio, ardia em febre. De nada adiantou álcool com cânfora ou álcool com fumo, garrafas preparadas pelo meu avô q sempre estavam à disposição.
Mais a noitinha, como eu piorava, me levaram à cidade, ao Centro. A situação em Ubatuba era precária, pois não havia médicos ou, se havia, ninguém sabia. Fui parar na farmácia do "seo" Filhinho, q fazia as vezes de médico. Não lembro muito do dito passeio, mas lembro da farmácia e da injeção de anti-histamínico, para cessar a reação alérgica. No outro dia, estava "curado".
A casa do Perequê fora construída na época em q só havia luz elétrica no Centro e, desta forma, já tinha toda a instalação, aguardando melhores dias. Porém, tb não havia água encanada e, assim, havia uma "bomba de mão", inicialmente, do lado de fora, próximo ao poço de água salobra. Depois, dentro do banheiro. Os adultos, bombeavam a "Morumby" o dia inteiro, mantendo a caixa cheia. O aquecimento era à gás, naqueles aquecedores antigos do tipo "Cosmopolita", tb dentro do banheiro. Para a iluminação, lampiões à gás e lamparinas, q vinham dentro de uma caixinha triangular, com uma estrelinha e o pavio, um encaixava no outro e ficavam flutuando nos recipientes para o combustível, acesas durante à noite, qdo se apagavam os lampiões, para os quais existiam uns suportes.
Não me lembro do tempo em q não havia serviço de eletricidade, q era muito irregular, com apagões sucessivos e queda de tensão, principalmente, a partir das 18h, o q frequentemente, obrigava a família a recorrer ao esquema dos lampiões e lamparinas. Tb me lembro dos postes de carnaúba e da inexistência da iluminação pública, q só havia no Centro. Assim, invariavelmente, jantávamos no "Arcanjo", um bar de madeira na frente da praia, quase na areia, próximo ao Jangadeiro Hotel. Há fotos do bar do "Zé Galo", mas não daquele do "seo" Arcanjo. Porém, ele - o bar e seu proprietário, aparecem no filme q o Mazzaropi rodou aí. Sei q a gente ía e voltava no escuro, e era uma festa.
De manhã, bem cedo, íamos com meu avô até a praia, ou até a Barra, qdo se "selecionava" um ou mais peixes, ou o próprio Arcanjo o fazia, com os pescadores, separando os melhores e mais nobres para o almoço e o jantar, "encomendados" de véspera e durante quase toda a temporada, para a família do Dr. Medina, como ele falava. Era tudo precário, rústico, simples e, maravilhosamente, bom. Realmente, uma Ubatuba q ficou no tempo, na lembrança e no coração daqueles q usufruiram dessas temporadas.
Até mais, um abraço!
Zé Antonio.
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