sexta-feira, 18 de maio de 2012

ESPECIAL " UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA " - PARTE 74




Antes de ser completamente asfaltada, a   Estrada Ubatuba-Taubaté, hoje conhecida como Rodovia Oswaldo Cruz, era assim , feita de terra batida, foi por ela q. os turistas conheceram Ubatuba ...( Foto meramente ilustrativa)

A abertura e melhoramento da estrada que veio a se chamar de Oswaldo Cruz, provocou o desenvolvimento de um futuro potencial, que faria a cidade de Ubatuba ressurgir. Era uma tentativa de crescimento e desenvolvimento econômico que trouxe os paulistanos para conhecer o litoral norte e as belezas naturais de Ubatuba. Com isso, no decorrer dos próximos anos, empresários interessados no investimento das atividades hoteleiras, também vieram para a cidade. Era o progresso da época moderna que fazia surgir o fenômeno do turismo no mundo, e especialmente no litoral norte de São Paulo.




A serra foi o principal desafio no caminho desta estrada. As montanhas, que separam a Vila de Ubatuba e o Vale do Paraíba eram conhecidas como verdadeiras muralhas. Segundo historiadores, escravos negros foram os principais responsáveis pela sua construção. A pavimentação foi feita de grandes pedras. As curvas do trecho mais difícil são fechadas e íngremes para quem sobe, obrigando aos viajantes serem os mais prudentes possíveis, isso até os dias de hoje.

A reabertura portuária trouxe avanço e crescimento da cidade durante as primeiras cinco décadas do século XVIII, progresso que perdurou alguns anos. Muitas casas e casarões foram construídos, tudo em nome do progresso. Uma das mais importantes construções foi, a idealização de um Casarão que serviu para a armazenagem de mercadorias em suas dependências, produtos comercializados de toda a região, garantindo com isto a conservação, principalmente do café. Hoje, este Casarão é chamado de Sobradão do Porto, encontra-se instalado em seu prédio a FUNDART - Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba- a sua construção foi obra do armador Manoel Balthazar da Cunha Forte, trata-se de um dos principais atrativos culturais de Ubatuba.

O armador e responsável, Manoel Balthazar da Cunha Fortes era uma personalidade, em uma época de crescente desenvolvimento econômico, social e cívico da cidade. Balthazar da Cunha, um homem pobre e de poucos estudos, construiu um patrimônio suficiente para a construção do seu Casarão, chamado de majestoso solar para o conforto de sua família. Ali vivia com sua esposa Dona Benedita Batista da Cunha Fortes e seus filhos, que depois fizeram parte da sociedade local. Baltazar veio a falecer no dia 26 de fevereiro de 1874, sendo seu nome imortalizado em uma das ruas do centro de Ubatuba. Cabe salientar que alguns historiadores sustentam que o Sobradão do Porto funcionava como Alfândega local, outros afirmam que nesse local Dom Pedro I, encontrava-se secretamente com a Marquesa de Santos. Ao certo, sabemos por fontes primárias, recolhidas por Washington de Oliveira que apenas a parte de cima do edifício era residência de Balthazar da Cunha e sua família, no térreo estava o armazém e a casa comissária – importadora e exportadora de bens comerciais (De Oliveira, 1977:74).

Assim como o Sobradão do Porto, outros inúmeros casarões na pequena Vila de Ubatuba, hoje região central da cidade, foram erguidos pomposamente e mostravam os fartos recursos dos comerciantes locais e seu desenvolvimento econômico. Outrora, Ubatuba viveu momentos de glória, sendo considerada uma das principais cidades de São Paulo, ajudou à economia do Estado, ficando à frente dos municípios com a maior renda de toda a Província. Eram viajantes errantes, que vinham negociar, tropeiros e aventureiros de todas as fronteiras desfilavam pelas ruas ubatubenses. Festas e bailes nos pomposos solares com muito esplendor e ostentação. Isso demonstrava a importância, para aqueles que aqui passavam, da prospera Ubatuba, cidade portuária de grande destaque no cenário nacional.

Existiu até mesmo um belo teatro na cidade com apresentações de peças e óperas de diferentes companhias, nacionais e estrangeiras. O Teatro de Ubatuba ficava localizado exatamente onde hoje se encontra o Fórum de Ubatuba, na antiga Praça Nóbrega, hoje o calçadão, esquina com a Rua Celso Ernesto de Oliveira. Construído, pelo português Joaquim Ferreira Gomes, com espaço para trezentas pessoas, as de maior poder econômico tinham lugar cativo em camarotes para assistir as representações. Instalações de muito bom gosto mostravam uma construção com um acabamento e decoração de primeira, tudo feito de madeira. Mas, durante a segunda decadência do município, este edifício foi esquecido e abandonado. Em 1910, a herdeira do teatro, Dona Luzia Dias Círio, sem recursos decide demoli-lo e então prefeito Ernesto Gomes de Oliveira, o adquiriu como bem municipal.

Nas comemorações do III Centenário de Ubatuba parte do antigo teatro foi demolido: camarotes e frisas, pois se encontravam em péssimo estado de conservação[1]. Chegou ainda, a funcionar em suas dependências o primeiro cinema de Ubatuba, por pouco tempo. Nos anos 50, o governo municipal da época decidiu doá-lo ao Estado para a construção do atual Fórum Municipal, que mudou dali, depois de meio século.

O exemplo deste teatro é ilustrativo. Ubatuba guarda pouco de sua herança em edificações que poderiam traduzir uma imagem arquitetônica do patrimônio histórico de miscigenação artística, uma mistura de estilos na construção. Em uma época importante, a cidade conquistou para sua população um estado de urbanização ímpar que revolucionou a projeção de sua imagem em termos de futuro. Alguns poucos traços históricos de suas construções arquitetônicas foram preservadas e servem como referência para seus habitantes.

A divisão administrativa que veio tornar Ubatuba uma autonomia municipal, deu-se início em 13 de março de 1855, Neste ano, a antiga Vila de Ubatuba foi elevada à categoria de cidade ou município em 6 de abril de 1872, pela Lei nº 46. Em janeiro de y71864, já funcionava o legislativo do município ocupando casas particulares alugadas, funcionando junto com a Cadeia até o ano de 1864, quando a Câmara passou a usar definitivamente sua atual instalação. Esta Casa foi residência do Dr. José Paulo da Rosa e Bonsucesso Galhardo, localizada na Avenida Iperoig esquina com a Rua Conceição.
Neste prédio do Legislativo, conservam-se momentos importantes da história cívica da cidade: sobre suas instituições e sobre o poder temporário de seus governantes, homens responsáveis pelo destino da urbe que ajudaram a construir a lei e impor a ordem do município. E foi a partir do ano de 1865, que tiveram inicio as várias sucessões


[1] O III Centenário de Ubatuba se encontra relatado no livro História de Ubatuba – Terceiro Centenário de Ubatuba – Memorial Descritivo das festas comemorativas realizadas nos dias 28,29 e 30 do mês de outubro de 1937. Edições do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

CONFIRA A PARTE  75 DESTE ESPECIAL, ACESSANDO ESTE BLOG NO DIA   21 DE MAIO / 2012.....PAGINAS  246





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