FOTO MERAMENTE ILUSTRATIVA
Em 1818, Ubatuba passou a receber mais imigrantes,
estrangeiros que vinham fugidos de suas nações em guerra, buscando refúgio em
terras americanas. Eram franceses e ingleses, que assim passaram a dividir
junto com os portugueses, na sua maioria, as atividades da lavoura nas terras
da vila. As grandes áreas adquiridas por estes estrangeiros, cultivavam o já
chamado ouro-verde, o café brasileiro, cujo comércio mais tarde foi transferido
para o planalto. Ubatuba foi um dos primeiros municípios do Estado de São Paulo
a dedicar-se ao cultivo do café sendo também um importante produtor (Oliveira, 1977:64).
Sabemos que o Brasil é formado por várias culturas
de diferentes países, e em Ubatuba, não foi diferente. Entretanto, depois da
dominação e a colonização portuguesa, deu-se inicio ao processo de
“miscigenação”[1]. Um processo de mistura que incluiu: negros e
imigrantes de outros países, que chegaram a Ubatuba, fazendo desta um cenário
multicultural. Tais culturas conservam fortes traços de suas ascendências
hereditárias. Alguns dos sobrenomes mais expressivos desta saga identitária em
Ubatuba são: os Vigneron Jussilendière, os Garroux, os Charleaux, os Melany,
que permaneceram originais em relação a seus antepassados. Outros nomes foram
aportuguesados com o tempo, como os Borget, que se tornou Borgete ou Borges; os
Bruyer = Brié ou Brulher; os Giraud = Giró, entre outros, espalhados entre as
comunidades caiçaras.
Segundo informações fornecidas pelo pesquisador
Euclides Vigneron, com a transformação do café como o principal produto forte
na economia do mercado, a partir de 1822, a antiga Vila de Ubatuba passou a ser
um alvo de procura pelo crescente desenvolvimento cafeeiro, por parte dos
imigrantes. Os primeiros estrangeiros recém chegados foram os de origem
francesa, inglesa, sueca, dominicana entre os anos 1817 e 1830, lavradores-
proprietários que com um considerável capital compravam extensas áreas de
terras e muitos escravos para trabalhar em elas. Alguns franceses que
adquiriram terras em Ubatuba foram Camille Jan e Sigismond Vigneron de La
Jousselandièrre, em um local denominado Jundiaquara e Ponta Grossa, respectivamente.
Estes eram considerados a elite da cidade, haja vista que traziam, o capital e
possuíam um relativo nível cultural importante para o desenvolvimento econômico
e social da nascente cidade de Ubatuba.
Vale ressaltar que a imigração francesa com a aquisição
de grandes áreas de terras a serem cultivadas de café na Vila de Ubatuba,
trouxe consigo a raça negra. Era o crescimento imediato em pouco tempo da
mão-de-obra escrava utilizada nas fazendas cafeeiras, em um movimento intenso
ocorrido em 1830.
Os negros em Ubatuba tiveram grande predominância,
justamente na época do apogeu, quando as fazendas voltaram a prosperar,
precisando um número maior de escravos nas suas lavouras. Hoje se pode
observar, a presença dos descendentes desta raça nas praias de Caçandoca e
Caçandoquinha, os chamados “quilombolas”, gente importante da história do
Brasil.
Washington de Oliveira informa que, mesmo com a
promulgação da Lei Euzébio de Queiros, de 04 de setembro - 1850, que
determinava a extinção o tráfico negreiro, continuou acontecendo à vistas
grossas da lei municipal, o comércio clandestino de escravos. Por ser a costa
litorânea muito extensa e acidentada, a entrada dos negros na Vila de Ubatuba,
dava-se nos desembarques nas enseadas da Fortaleza e Caçandoca, ao sul, e no
Ubatumirim, ao norte. Os mesmo escravos eram conduzidos através das matas até
as fazendas do Vale do Paraíba onde eram comercializados, mas muitos aqui
ficaram trabalhando em fazendas afastadas dos centros comerciais da época.
A imigração italiana em Ubatuba, mostra duas
hipóteses de assentamento. Uma é que por volta de 1874, famílias do norte da
Itália foram trazidas ao Brasil com intenção de serem os primeiros colonos
italianos no país, na província de Santa Catarina. Nesta leva, Enrico Secchi,
em 1887, ainda no Rio de Janeiro teria conseguido autorização oficial e a
recomendação do Cônsul Italiano em São Paulo de retirar da hospedaria, 30 das
famílias, vindas de Mántova, Itália. Em um entendimento com Joaquim Ferreira da
Veiga, proprietários de muitas terras localizadas na Picinguaba, assentaram-se
estas famílias em Ubatuba. Com o intuito de desenvolver lavouras e colonização
no local, lotes foram doados aos italianos desde a parte plana até os sertões
das montanhas. Mas infelizmente, depois de uma inundação da maré cheia em suas
casas teriam desanimado e abandonado o local. Ficaram ainda alguns italianos
cultivando cana de açúcar em outros lugares da região.
A outra hipótese é que, o então dono da Fazenda
Picinguaba, por volta de 1850, após a construção de um engenho de cana de
açúcar e moinho de fubá, teve a idéia de povoar a localidade formando uma
colônia com 45 famílias de italianos. Com o passar do tempo, a maioria acabou
desanimando com a perda de colheitas da cana e foi embora, mas alguns ficaram
onde hoje é o Núcleo da Picinguaba. Desta época restaram as ruínas da Casa da
Farinha, outro atrativo cultural que narra um pouco a passagem desses
imigrantes italianos por esta região.
O re-surgimento das operações portuárias em
Ubatuba, no início do século XVIII, voltou com muito mais força ao cenário
econômico nacional, levando a cidade a ocupar o primeiro lugar no Litoral Norte
na exportação cafeeira da região em 1835/1836 e, em segundo momento, nos anos
1850/1851, 1856/1857, tornando o café o produto forte da época. Até mesmo com
relação às rendas municipais, Ubatuba esteve por duas vezes em primeiro lugar à
frente de São Paulo, em 1846 e 1856. Este revigoramento também se deu na
estrada que ligava Ubatuba ao Vale do Paraíba, caminho que se fazia perpassando
São Luiz do Paraitinga e terminando em Taubaté.
A história da estrada que liga Ubatuba ao Vale do
Paraíba, pelo sul de Minas, relacionou-se diretamente com o movimento do porto
de Ubatuba. A cidade manteve-se no auge de seu desenvolvimento econômico,
apesar de atravessar anos, contando com a precariedade de tal estrada. O fluxo
das tropas que desciam do planalto era intenso, tráfegos de mulas carregadas transportavam artigos manufaturados e café.
Vilas ou cidades do Vale do Paraíba até do Sul de Minas Gerais utilizavam esta
estrada descendo a serra até o porto da vila de Ubatuba e voltando serra acima,
quando se tratava de operações de carga e descarga, para importações e
exportações.
A freqüência que se mantinha do fluxo de transporte
na época do crescente progresso, dependia assim de uma estrada em boas
condições de uso, ligando as regiões acima citadas. Por volta de 1838 vários
apelos foram feitos pela Câmara Municipal levados até o Governo da Província de
São Paulo, pedindo ajuda na recuperação e reparo dessa estrada. Mas, as
quantias colocadas à disposição da cidade não eram suficientes. Chegou-se a
fazer arrecadação através de um tipo de posto fiscal - Alfândega, chamada de
“Casa da Barreira”, que funcionava exatamente onde agora se encontra o
principal trevo de entrada do centro de Ubatuba. Esse lugar era administrado
por um Capitão chamado de “arrecadador”.
CONFIRA DIA 18 DE MAIO A PARTE 74 DESTE ESPECIAL.....
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