CONFIRA AGORA A SEQUÊNCIA DA PARTE 72, do ESPECIAL " UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA "...
.......lavoura nas terras da vila. As grandes áreas
adquiridas por estes estrangeiros, cultivavam o já chamado ouro-verde, o café
brasileiro, cujo comércio mais tarde foi transferido para o planalto. Ubatuba
foi um dos primeiros municípios do Estado de São Paulo a dedicar-se ao cultivo
do café sendo também um importante produtor
(Oliveira, 1977:64).
Sabemos que o Brasil é formado por várias culturas
de diferentes países, e em Ubatuba, não foi diferente. Entretanto, depois da
dominação e a colonização portuguesa, deu-se inicio ao processo de
“miscigenação”[1]. Um processo de mistura que incluiu: negros e
imigrantes de outros países, que chegaram a Ubatuba, fazendo desta um cenário
multicultural. Tais culturas conservam fortes traços de suas ascendências
hereditárias. Alguns dos sobrenomes mais expressivos desta saga identitária em
Ubatuba são: os Vigneron Jussilendière, os Garroux, os Charleaux, os Melany,
que permaneceram originais em relação a seus antepassados. Outros nomes foram
aportuguesados com o tempo, como os Borget, que se tornou Borgete ou Borges; os
Bruyer = Brié ou Brulher; os Giraud = Giró, entre outros, espalhados entre as
comunidades caiçaras.
Segundo informações fornecidas pelo pesquisador
Euclides Vigneron, com a transformação do café como o principal produto forte
na economia do mercado, a partir de 1822, a antiga Vila de Ubatuba passou a ser
um alvo de procura pelo crescente desenvolvimento cafeeiro, por parte dos
imigrantes. Os primeiros estrangeiros recém chegados foram os de origem
francesa, inglesa, sueca, dominicana entre os anos 1817 e 1830, lavradores-
proprietários que com um considerável capital compravam extensas áreas de
terras e muitos escravos para trabalhar em elas. Alguns franceses que
adquiriram terras em Ubatuba foram Camille Jan e Sigismond Vigneron de La
Jousselandièrre, em um local denominado Jundiaquara e Ponta Grossa, respectivamente.
Estes eram considerados a elite da cidade, haja vista que traziam, o capital e
possuíam um relativo nível cultural importante para o desenvolvimento econômico
e social da nascente cidade de Ubatuba.
Vale ressaltar que a imigração francesa com a aquisição
de grandes áreas de terras a serem cultivadas de café na Vila de Ubatuba,
trouxe consigo a raça negra. Era o crescimento imediato em pouco tempo da
mão-de-obra escrava utilizada nas fazendas cafeeiras, em um movimento intenso
ocorrido em 1830.
Os negros em Ubatuba tiveram grande predominância,
justamente na época do apogeu, quando as fazendas voltaram a prosperar,
precisando um número maior de escravos nas suas lavouras. Hoje se pode
observar, a presença dos descendentes desta raça nas praias de Caçandoca e
Caçandoquinha, os chamados “quilombolas”, gente importante da história do
Brasil.
Washington de Oliveira informa que, mesmo com a
promulgação da Lei Euzébio de Queiros, de 04 de setembro - 1850, que
determinava a extinção o tráfico negreiro, continuou acontecendo à vistas
grossas da lei municipal, o comércio clandestino de escravos. Por ser a costa
litorânea muito extensa e acidentada, a entrada dos negros na Vila de Ubatuba,
dava-se nos desembarques nas enseadas da Fortaleza e Caçandoca, ao sul, e no
Ubatumirim, ao norte. Os mesmo escravos eram conduzidos através das matas até
as fazendas do Vale do Paraíba onde eram comercializados, mas muitos aqui
ficaram trabalhando em fazendas afastadas dos centros comerciais da época.
A imigração italiana em Ubatuba, mostra duas
hipóteses de assentamento. Uma é que por volta de 1874, famílias do norte da
Itália foram trazidas ao Brasil com intenção de serem os primeiros colonos
italianos no país, na província de Santa Catarina. Nesta leva, Enrico Secchi,
em 1887, ainda no Rio de Janeiro teria conseguido autorização oficial e a
recomendação do Cônsul Italiano em São Paulo de retirar da hospedaria, 30 das
famílias, vindas de Mántova, Itália. Em um entendimento com Joaquim Ferreira da
Veiga, proprietários de muitas terras localizadas na Picinguaba, assentaram-se
estas famílias em Ubatuba. Com o intuito de desenvolver lavouras e colonização
no local, lotes foram doados aos italianos desde a parte plana até os sertões
das montanhas. Mas infelizmente, depois de uma inundação da maré cheia em suas
casas teriam desanimado e abandonado o local. Ficaram ainda alguns italianos
cultivando cana de açúcar em outros lugares da região.
A outra hipótese é que, o então dono da Fazenda
Picinguaba, por volta de 1850, após a construção de um engenho de cana de
açúcar e moinho de fubá, teve a idéia de povoar a localidade formando uma
colônia com 45 famílias de italianos. Com o passar do tempo, a maioria acabou
desanimando com a perda de colheitas da cana e foi embora, mas alguns ficaram
onde hoje é o Núcleo da Picinguaba. Desta época restaram as ruínas da Casa da
Farinha, outro atrativo cultural que narra um pouco a passagem desses
imigrantes italianos por esta região.
fonte : LIVRO ubatuba , espaço , memoria e cultura.....PROXIMA PUBLICAÇÃO : 02 DE MAIO, PAGINA 241...
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