quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

ESPECIAL " UBATUBA ,E SPAÇO, MERORIA E CULTURA "....Parte 63




O primeiro a juntar-se às fileiras Confederadas foi Pindabuçu – grande palmeira -, conhecido por sua destreza e impetuosidade, amigo de infância de Aimberé que o encontrou no sepultamento de seu filho Camorim, assassinado pelas costas por um português. A morte de Camorim revoltou a toda a aldeia e todos aderiram ao plano de Aimberé que também estava interessado na filha de Pindabuçu, Iguaçu. Peregrinaram de tribo em tribo, começando por Angra dos Reis, reduto de Cunhambebe, o chefe mais importante entre os Tupinambá. Os incipientes confederados sabiam que não ia ser fácil convencê-lo a entrar na luta, mas ele acabou cedendo. Este foi o passo mais importante na nascente Confederação dos Tamoio. A partir daí, Aimberé foi ganhando aliados em todas as tribos, como Coaquira de Iperoig que teve seu território invadido em várias ocasiões com destruição, morte e prisão dos “filhos da terra”.






Na primeira reunião do conselho das tribos confederadas foi proposto por Aimberé o nome de Cunhambebe para chefiar a Confederação. O velho guerreiro aceitou a indicação e fez sua famosa declaração de guerra aos perós. A Confederação dos Tamoios durou aproximadamente 12 anos, período em que se destacou por ser a maior organização indígena de resistência à invasão dos portugueses na história do Brasil. Infernizava-os em suas fazendas e nos navios que chegavam, principalmente no Rio de Janeiro, praça das grandes batalhas confederadas, mais do que no planalto de Piratininga, onde foi fundada a cidade de São Paulo.

* * *

A mentalidade primitiva dos índios Tamoio gozava do fascínio de tais vitórias nas profecias de libertação e vingança de seus feiticeiros. Tal fervor atraiu tribos neutras e indecisas do sertão e em 1562 houve um avanço em segredo contra a vila cristã de Piratininga, celeiro e abrigo dos jesuítas que ali estavam desde 1561, trás a horrível penúria de São Vicente. Este era o lugar de José de Anchieta que testemunhou e descreveu os combates de 8 e 9 de julho. 

O verdadeiro salvador de Piratininga foi Tibiriçá, batizado com o nome de Martim Afonso, ele mobilizou o gentio de 9 a 10 aldeias de Tupiniquim fieis à coroa e assim rejeitou o oferecimento de Araraig e do seu feroz sobrinho Jagoanhara – Cão Bravo que lhe propunha abandonar a causa jesuíta que era a causa de Portugal. Milhares de flechas caíram sobre Piratininga crescendo em furor a batalha e a gritaria dos combatentes. “Os montes ruíam no estrondo e na poeira da batalha. Cão Bravo morreu e logo a seguir Jagoanhara, o que fez com que os Tamoio fugissem. Martim Afonso também sucumbiu após sua vitória com “tanto senso e maturidade” – dirá o Padre Anchieta que foi sepultado com as honras cristãs na Igreja, sendo proclamado bem – feitor e conservador da casa de Piratininga.

Na quaresma de 1563, Anchieta visitou Santos e Itanhaém, exercendo seu papel missionário. A seu regresso a São Vicente encontrou o Padre Manoel da Nóbrega preocupado com a sorte da capitania. Urgia salvar a colônia com um ato de intrepidez e ostentosa religiosidade. Nesta ação, pode-se observar o espírito que movia aos congregados de Ignácio de Loyola. O plano era estabelecer diretamente a paz com os Tamoio de Iperoig, onde a visita dos padres era desejada, indo Anchieta como interprete. Assim, ambos decidiram ir até aquele perigoso lugar de “penhascos e tormentas”, “quartel geral das nações confederadas para o extermínio dos portugueses”.

Os padres foram de São Vicente a Bertioga em canoa, na Páscoa de 1564. Desembarcaram na aldeia de Iperoig, não sem antes ter passado por uma ilha deserta em São Vicente, onde celebraram a missa. A sua chegada em Iperoig foram reconhecidos pelos Tamoio, Anchieta e Nóbrega desceram da embarcação e de face para o céu e o mar rezaram louvando a Deus pelo êxito da travessia. Existiam naquele então, duas aldeias em Iperoig. Dirigindo-se a seus habitantes Anchieta proclama a viva voz:

Alegrai-vos com a nossa vinda e nosso amor. Queremos ficar entre vós, ensinar-vos as coisas de Deus, para que Ele vos de farto alimento, boa saúde, vitória sobre os vossos inimigos (Carta de Anchieta, 8 de junho de 1565, 1.301).

Os Tamoio fascinados com a figura do missionário, olhos azuis e língua sonora, riam. O navio de José de Adorno que acompanhava os padres trazia para os índios, como resgate: machados, espelhos, alfinetes e outras bagatelas que os Tamoio admiravam. Neste clima de reconhecimento e de troca, os jesuítas e os Tamoio ajustavam as primeiras condições de paz. A paz era desejada pelos Tamoio não por medo aos cristãos portugueses, nem por necessidade, pois estes eram aliados dos franceses que os proviam com exuberância de armas de fogo e espadas; vestes e ferramentas  podendo negociar estes utensílios. A paz era almejada só para continuar guerreando e poder comer livremente os seus velhos inimigos, os Tupiniquim que haviam triunfado mais de uma vez aliados aos portugueses.






CONFIRA    A PARTE  64 DESTE ESPECIAL , ACESSANDO  ESTE BLOG NO DIA   20 / FE/2012............Com a publicação da  pagina  2006  a  2008 
DO LIVRO "  ubatuba , espaço, memoria e cultura  ".....Editado em 2005.

Nenhum comentário: