quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UBATUBA 1787................Primeira decadência econômica...




Depois de alguns anos de prosperidade, A primeira decadência, não só de Ubatuba como de todo o Litoral Norte, iniciou-se no ano de 1787/1788. Foi um período de opressão e intransigências por parte do Presidente da então Província de São Paulo, o Capitão-General Bernardo José de Lorena. Foi um governo que ganhou a antipatia não só dos comerciantes e produtores rurais de Ubatuba como também de São Sebastião. Estas vilas eram as que mais prosperavam e progrediam por conta de sua crescente agricultura de suas fazendas e engenhos, enquanto que a Vila de Santos nada produzia e nem sequer comercializava a partir das possibilidades que a atividade portuária oferecia.



Bernardo José de Lorena exigia que as negociações comerciais dos produtos ou mesmo das exportações feitas para Europa fossem negociadas apenas do porto de Santos. Os comerciantes de Ubatuba e São Sebastião não aceitavam a idéia, pois as ofertas da Vila de Santos eram quantias de baixo valor e lá tinham pouquíssimos compradores, enquanto que no Rio de Janeiro e outros portos do litoral brasileiro eram preços mais interessantes. Imposições do Governo da província forçavam a negociação somente com o porto de Santos e levavam cada vez mais aos ubatubenses a revoltar-se e agirem contra, não acatando mais ordens, agindo com independência nas decisões comerciais. Com isso, Ubatuba passou a ser “mal vista”, ganhando a antipatia das autoridades provincianas.

Martin Lopes Lobo Saldanha, foi o governador da província de São Paulo que mais dificultou as relações com as vilas do Litoral Norte. Este aumentou as opressões vividas pelos fazendeiros e comerciantes, tornando o comércio cada vez mais fraco. Nem mesmo os apelos do Tenente Coronel Cândido Xavier de Almeida e Sousa, comandante da Vila de Ubatuba em 1797, que mais tarde tornou-se governo da Província de São Paulo (1822/1823) e, o primeiro Presidente do Governo Provisório (1823/1824), conseguiram mudar a situação crítica que a cidade vivia. Ele foi afastado e substituído por Manoel Lourenço Justiniano da Fonseca, um Quartel-Mestre de pouca integridade e má reputação, que levou a Vila, durante seu comando, a desajustes e prejuízos incontáveis, ajudando na decadência da vila de Ubatuba.

Ubatuba foi ainda, severamente castigada e obrigada, a só fazer o comércio com a Vila de Santos, portanto era impedida de negociar com qualquer outra vila ou porto. Manoel José de Faria Lima, o então Capitão- Mor de Ubatuba, embora ressentido como todos os ubatubenses e contra sua própria vontade, passou a atender as ordens do Governador, encaminhando parte da produção da vila de Ubatuba para a vila de Santos.

Não restou alternativa aos agricultores ubatubenses, senão acatar a triste decisão e sacrificar toda a produção cultivada nas suas plantações, queimando canaviais e parando seus engenhos, em um gesto de protesto contra aquele faccioso governo opressor. As maiores atividades produtivas que levavam a vila a prosperar foram abandonadas, cultivando apenas o necessário para a sobrevivência, sem saber o que os esperava no futuro. Fazendas foram abandonadas e largadas ao “esmo”, sendo seus escravos vendidos e as várias embarcações paradas. Sem o exercício do comércio costumeiro, isto significava o fim da Vila e marca de sua primeira decadência, um dos episódios mais sombrios da história cívica da cidade.

Uma década se passou e Ubatuba viu a chance de se restabelecer novamente na esperança dos novos ventos que trariam o progresso e o Apogeu.




Trecho do Livro UBATUBA , ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA....

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