Mais uma vez o destino conspira a favor do
alemão e o ataque por ele anunciado
acontece . Chegam as 25 canoas em uma manhã e um grande confronto se estabelece
entre as duas tribos inimigas. Os Tupinambá chegaram a ficar apavorados. Então o
artilheiro alemão resolveu ajudá-los no ataque e com arco e flecha em punho
começou a defender suas cabanas ,atirando e gritando ao modo dos selvagens. A intenção
era escapar chegando até os atacantes que o conheciam, mas os Tupiniquim bateram em
retirada e o alemão foi colocado sob guarda novamente.Na volta do ataque
invadiram a aldeia de Mambucaba mas todos seus habitantes conseguiram fugir,embora cabanas tenham sido queimadas e a aldeia completamente destruída.
Nhaêpepô-oaçú ordenou a Ipiruiguaçu, a quem havia dado o alemão de
presente, que o vigiasse, pois partiriam a Mambucaba
para reconstruir a aldeia onde tinham parentes e amigos, também trariam de lá farinha
de raízes para festa em que comemorariam a morte do alemão.
Dias depois o irmão do chefe Nhaêpepô-oaçu veio de Mambucaba com a noticia de que seu irmão e
família que moravam em Mambucaba, estavam muito doentes. Nhaêpepô-oaçu pediu ao irmão que voltasse e
pedisse ao alemão, Hans Staden, que conseguisse
junto a seu Deus a cura para todos eles. O selvagem disse: “Meu irmão acha que
teu Deus está zangado”.- Respondeu o alemão: “Sim. O meu Deus está zangado,
porque seu irmão queria me comer, foi à Mambucaba
e lá este está preparando a minha morte. Vocês afirmam que eu sou português, e
eu não sou!. Vá ao encontro de seu irmão. Ele precisa voltar para a cabana dele
aqui. Depois eu falarei com o meu Deus para que ele fique bom.” - Assim o
selvagem voltou à Mambucaba levando a resposta do alemão.
O retorno do chefe Nhaêpepô-oaçu e de sua família doentes à aldeia,
fez com que Hans Staden fosse chamado à sua cabana. Ele já imaginava que isso
fosse acontecer, pois se lembrou do dia em que comentou sobre a lua estar
zangada e que ela olhava para a cabana do chefe, e de ter sido um presságio de
Deus. Daí passou pela cabeça do alemão que poderia contar com Deus, e isso lhe
garantiria a vida. Logo, o alemão, disse confirmando ao Nhaêpepô-oaçú que era verdade, que todos haviam
ficado doentes porque eles queriam comê-lo e que a desgraça deles vinha deste
motivo. O chefe deu ordens insistentes para que nada fizessem ao alemão e para
que todos ficassem bem de saúde. Staden pediu a Deus e entregou a vida daqueles
selvagens enfermos em suas mãos.
Aproximando-se de cada enfermo, Hans Staden fez
imposição de mãos sobre suas cabeças como o exigia o ritual das curas. Mas,
morreram um a um; primeiro, uma criança depois a mãe do chefe, e dias velha,
um irmão do chefe e outra criança. O pai da família com medo da iminência da
morte pediu, novamente ao alemão para que seu Deus parasse com a ira e o
deixasse a ele e a sua mulher viver. O alemão o acalmou dizendo que não haveria
perigo, mas que quando sarasse nenhum mal deveria lhe acontecer. Na hora, o chefe ordenou a todos que não o
denegrissem e nem o ameaçassem. Dias depois, Nhaêpepô-oaçu e sua mulher, recuperaram-se.
Na aldeia encontravam-se mais dois
chefes de aldeias vizinhas . Eles compartilhavam uma série de experiências, um
deles havia sonhado com o alemão que teria anunciado sua morte. Tanto um como
outro chefe estavam preocupados e sofrendo com os pesadelos, e diziam ao alemão
que não lhe fariam mal e não o comeriam. Até as mulheres idosas que o haviam
feito sofrer proferindo golpes, arrancando-lhe os cabelos, os pêlos e ameaçando-o
em comê-lo passaram a chamá-lo de Chê-raira, quer dizer: “meu filho”, pedindo a
este que não os deixasse morrer.
Cada vez mais indecisos em relação a
nacionalidade do prisioneiro os selvagens decidiram poupá-lo por mais um tempo.
Caruatá–uára, o francês que tinha aconselhado os selvagens a comê-lo, voltou à
aldeia de Ubatuba. Achava que Hans Staden já havia sido morto pelos selvagens.
Encontrou-o dentro da cabana e na língua dos selvagens perguntou se ainda
estava vivo. Staden respondeu: “Sim, e agradeço a Deus por ter-me protegido
durante tanto tempo”. Como já tinha a liberdade de se locomover sem as amarras,
procurou um lugar longe dos selvagens e assim poder conversar com o francês.
Explicou todo o ocorrido na segunda viagem ao Brasil, que esteve entre os
portugueses, pois tinha naufragado com os espanhóis nas proximidades de São
Vicente. Pediu ao francês que contasse aos índios que ele era seu amigo e
parente, e também que o levasse aos navios franceses que aportariam em breve
ali perto em busca de especiarias.
O francês parecia arrependido de não tê-lo ajudado,
portanto resolveu ajudá-lo desta vez, dizendo aos selvagens que se havia
confundido e que Hans Staden era um alemão, amigo dos franceses. Mesmo assim,
os Tupinambá só o deixariam partir, se o pai ou irmãos do alemão viessem com
navios e trouxessem presentes como facas, tesouras, machados e outras
mercadorias. O francês prometeu ao alemão que voltaria num outro navio com as
mercadorias para atender ao pedido dos selvagens.
Algum tempo depois, os selvagens já com boa saúde,
resolveram ir a uma aldeia chamada Tiocoaripe para comer um prisioneiro que pertencia à tribo
dos Maracajá, amigos dos Tupiniquim, levando Hans Staden junto. Fariam uma festa,
regada de cauim e logo depois, matariam o infeliz. Hans Staden conseguiu chegar
até o prisioneiro na noite anterior ao dia da festa, conversou com ele por um
tempo explicando que também era um prisioneiro dos Tupinambá e que não estava ali para come-lo. Tentou passar
uma mensagem de paz ao espírito do cativo, afirmando que Deus o receberia em um
lugar onde todos viviam sem diferenças, provocando resignação ante a iminência
da morte.
Nesta mesma noite um forte vento soprou e os
selvagens pensaram que o alemão havia pedido ao seu Deus para que não matassem
e comessem esse prisioneiro com o qual havia estabelecido amizade e que era tão
amigo dele como dos Tupiniquim. Hans Staden rogou a Deus pedindo que continuasse
a protegê-lo daqueles selvagens, pois, entre eles voltavam a sussurrar a seu
respeito. Ao amanhecer, o alemão foi até o escravo e disse que aquele forte
vento da noite era Deus e que o levaria a presença Dele. No outro dia, depois
de muita festa e cauim, enfim, os Tupinambá mataram e devoraram o prisioneiro da tribo Maracajá.
CONFIRA A SEQUENCIA DESTE ESPECIAL , DIA 05 DE JANEIRO DE 2012.....
COM A PUBLICAÇÃO DAS PAGINAS : 182 EM DIANTE
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