quinta-feira, 17 de novembro de 2011

UBATUBA 2005.............E A OCA CAIU....

erça-feira , 30 de Agosto de 2005 

Descobertas de uma viajante...


E a oca caiu...


fONTE:www.cinemaportugues.net
Cena do filme Hans Staden, 1999.
A Aldeia Renascer do Wuitu-Guaçu (Grande Montanha), em Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo, está com dificuldades para reconstruir as ocas que caíram em julho deste ano. As casas são marcos na história da aldeia, porque foram construídas pelos moradores da comunidade antes que eles decidissem morar na região. As construções fizeram parte do cenário do filme Hans Staden, do diretor Luís Alberto Pereira, realizado em 1999.





CRÉDITO: Crianças da aldeia aprendendo a fotografar.
Inclinada a um sopro.

Logo que as filmagens terminaram, o cacique Antônio Awá mudou-se com a família e outros parentes para o local e fundaram a aldeia. Por falta de condições financeiras para realizar a manutenção da estrutura das quatro ocas, elas foram caindo, uma de cada vez. Até que a maior delas desmoronasse, literalmente, da noite para o dia. As ocas já não serviam mais de moradi, mas ainda eram usadas em rituais da aldeia e para hospedar visitantes.

Agora os moradores estão empenhados em reconstruir as ocas para projetos futuros, mas precisam de colaboradores para cobrir alguns gastos. Muito do que sobrou das antigas construções será reutilizado nas novas ocas, mas, entre outras coisas, faltam instrumentos de trabalho e materiais de construção e para conservação. Produtos que não faziam parte das ocas, mas que se tornaram necessários com as limitações ambientais, sociais e geográficas.


CRÉDITO: Giselle Piragis
Trabalho cuidadoso: moradores separam o material que pode ser reaproveitado.

Atendendo uma necessidade do desenvolvimento, limites ambientais foram determinados, territórios demarcados e moedas de trocas estabelecidas entre tantas outras coisas que há algum tempo não faziam parte do cotidiano dos povos indígenas. A dificuldade de se firmarem na sociedade nacional e serem respeitados como parte integrante dela, é possível que esteja relacionada à forma assistencialista com que são tratados. Ao mesmo tempo em que foram estabelecidas regras de convivência na sociedade, não foram tomadas medidas realmente eficazes para integrar os povos indígenas a ela. E com isto, não são apenas a reconstruções das ocas que ficam prejudicadas, mas a manutenção e preservação de toda cultura indígena, tão relevante e merecedora de respeito quanto qualquer outra cultura que constitui o Brasil.

Muitas pessoas, instituições e organizações, públicas e privadas, nacionais e internacionais, prometem ajudar os povos indígenas, mas, quando realmente tentam, não buscam contribuir com a solução de problemas, apenas atendem ao superficial. No caso da Aldeira Renascer do Wiutu-Guaçu, muitas pessoas e órgãos se propuseram a ajudar. Alguns, em troca de favores. Mas as ocas caíram, e nada foi feito em seis anos. E o que não é nenhuma novidade no Brasil, aos moradores da aldeia restam seus olhares de quem sofre em silêncio, com a impotência de se fazerem respeitar, mesmo sabendo que são tão fortes, tão ricos e tão presentes na construção da cultura brasileira.


CRÉDITO: Giselle Piragis
De repente, um vazio da paisagem...

Para mais informações e sugestões sobre as ocas escreva paragipiragis@gmail.com


Escrito por Giselle Ap. Piragis 


http://demalaecuia.zip.net/arch2005-08-01_2005-08-31.html

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